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Mendanha larga Aparecida e passa dois dias viajando para fazer política nos municípios

Em vez de cumprir suas obrigações como prefeito, ele foi para o Nordeste goiano em pré-campanha, participando de reuniões políticas até em garagens de residências

Da Redação

Quinze dias depois de mentir ao jornal O Popular que só viaja para articular politicamente a outros municípios “nos fins de semana e à noite”, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha (sem partido) abandonou novamente o expediente na Cidade Administrativa na quinta, 9, e na sexta,10, da semana passada, e deslocou-se para o nordeste goiano para participar de encontros partidários.

A movimentação de Mendanha na quinta,9, quando percorreu Teresina de Goiás (1.600 eleitores), Cavalcante (6.300 eleitores), São João D’Aliança (6.000 eleitores) e Monte Alegre de Goiás (5.300 eleitores), foi mostrada em detalhes na última edição do Diário de Aparecida. Nos seus perfis nas redes sociais, ele mesmo postou fotos de reuniões em garagens e de uma sessão da Câmara Municipal de Monte Alegre, em que recebeu um título de cidadania honorária.

Nada disso tem a ver com os interesses da população de Aparecida, em que pese Mendanha tentar justificar o seu passeio político pelo Nordeste goiano como o cumprimento de uma “agenda de trabalho”. Na sexta, 10, ele continuou o périplo e circulou por Divinópolis (4.400 eleitores), São Domingos (6 mil eleitores), Iaciara (6.900 eleitores) e Posse (18.300 eleitores), novamente para falar a pequenos grupos de pessoas em residências particulares, visitar um padre e se reunir com vereadores (em São Domingos), que deram a ele uma “moção de aplausos”. O Estado de Goiás tem 4,6 milhões de eleitores, o que mostra a estreiteza da ação política de Mendanha no Nordeste goiano, em detrimento das suas obrigações como prefeito de Aparecida.

A estratégia de Mendanha é a mesma dos políticos de antigamente, que arranjavam títulos de cidadania (Mendanha inovou, também arrumando vereadores para conceder a ele uma “moção de aplauso” pelo suposto trabalho de qualidade que estaria fazendo em Aparecida) para mostrar prestígio e tentar vender a imagem de que seriam lideranças reconhecidas estadualmente. A manobra, artificial e sem significado, serve para o prefeito produzir votos e vídeos para postar principalmente no Instagram, verdadeira obsessão – que o levou a ser criticado pelo seu ex-“irmão” Daniel Vilela como um gestor que só se preocupa com “lives e likes”.

Acompanharam Mendanha os únicos políticos que apoiam a sua candidatura ao governo: a deputada federal Magda Mofatto (PL) e os deputados Humberto Teófilo (PSL) e Cláudio Meirelles (PTC). Além desses três parlamentares, o prefeito de Aparecida conta também com o respaldo do deputado estadual Paulo Cezar Martins (MDB), que não participou da viagem ao Nordeste.

A “pré-campanha” de Mendanha, na realidade, mostra a fragilidade do seu projeto de político, que não conta com o envolvimento de lideranças de expressão ou partidos políticos de peso. Depois de sair do MDB, ele só viabilizou o apoio de duas siglas de aluguel, o PTC e a DC. Mendanha não tem certeza nem mesmo da agregação do PL à débil base de apoio da sua candidatura: Magda Mofatto, que dirige a legenda em Goiás, passou a dizer que o PL está avaliando também o nome do deputado federal Major Vitor Hugo para representar a sigla na eleição do ano que vem para governador. Vitor Hugo é o preferido do presidente Jair Bolsonaro para a missão.

Na mentira que contou a O Popular sobre as suas viagens apenas “nos finais de semana e à noite”, o que está longe de ser verdade, Mendanha revelou que já foi a cem municípios para participar de reuniões políticas. Grande parte, em horário de expediente e em garagens de casas. E tudo isso sem contar que, quando está no seu gabinete, perde um tempo precioso para a administração quando recebe lideranças de outras cidades, para conversar fiado.

Secom recusa-se a informar quem paga as viagens do prefeito para fazer política

Como e por conta de quem Mendanha se desloca aos municípios para participar de eventos partidários? Normalmente, ele leva secretários e vereadores. Tanto o prefeito como seus acompanhantes viajam em veículos da prefeitura? Quem dirige esses carros oficiais, se for o caso? E todos recebem diárias ou ajuda de custo para pagar despesas de combustível, alimentação e até mesmo hospedagem?

Essas são perguntas cujas respostas são fundamentais para esclarecer se a estrutura da prefeitura de Aparecida está sendo ou não usada para promover a pré-campanha do prefeito Gustavo Mendanha, que é declaradamente candidato a governador nas eleições do ano que vem.

Mas o secretário municipal de Comunicação Oseas continua se negando a responder aos questionamentos sobre os custos dos deslocamentos de Mendanha para fazer política. A viagem da quinta, 9, e da sexta, 10, foi apenas mais uma dentro da agenda recorrente de visitas a lideranças de outros municípios, em horário de expediente. Mendanha usa, em algumas cidades, o pretexto de receber título de cidadão honorário local ou uma “moção de aplauso” – prática da velha política que costuma ser artificialmente arranjada por aliados, para mostrar prestígio e reconhecimento inexistentes, e não tem nenhum significado, muito menos para a população de Aparecida.

Mendanha posta registros das viagens nas suas redes sociais, mas evita mostrar cenas em que aparece o veículo em que é transportado. Frequentemente, ressalta que está deixando Aparecida nos fins de semana e à noite e não no horário expediente, como disse a O Popular na edição de 26 de outubro último. É uma mentira, como, mais uma vez, pôde ser comprovado com a sua viagem a 8 municípios do Nordeste goiano quinta, 9, e sexta, 10, passadas, em pleno horário de trabalho, com agenda de eventos politiqueiros.

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