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Mendanha trocou 80 mil aparecidenses para bater perna atrás de derrotado com 118 votos

Inexperiente, prefeito deixa de ir ao Mutirão Iris Rezende para viajar a municípios distantes para reuniões com “lideranças” sem consistência política e eleitoral

Nilson Gomes

O prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha (sem partido), passou o fim de semana buscando gente para engrossar a sua eventual candidatura a governador. Andou bastante. De Ceres, voltou trombeteando a conquista do apoio de Alexandre Almeida França, tido como presidente do MDB local. Simultaneamente, no sábado e no domingo, o governador Ronaldo Caiado fez o oposto de Mendanha: passou os dois dias em Aparecida e atendeu a urgências de 80 mil pessoas no Mutirão Iris Rezende.

Mendanha rodou 500 quilômetros ida e volta ao Rio da Almas para seduzir Almeida França, que, apesar de presidente, não é emedebista como Daniel Vilela ou como foram Mendanha e seu pai, Léo Mendanha, ou os recém-falecidos Iris Rezende, que dá nome ao mutirão negligenciado pelo prefeito, e Maguito Vilela, pai do sujeito mais traído de Goiás. França tem todo o direito de mudar de partido, assim como Mendanha acaba de pular naquele poço de piranhas descrito por Bernardo Élis (aos livros, moçada). Em 2016, França foi candidato a vereador pela Rede. Obteve míseros 118 votos e ficou distante da Câmara de Ceres (ao site do TSE, turma!).

Onde Mendanha foi amarrar suas ilusões: enquanto Caiado ajudava 80 mil aparecidenses, Mendanha se regalava com um sujeito de 118 votos. Surgiu em seu evento também o empresário Zé Buriti, dono de uma revenda de motos. Nos textos sobre a adesão de Buriti, diz-se que está no MDB desde 1966. Um problema desse pessoal é ser conhecido de outras épocas, não necessariamente de 55 anos atrás. Buriti já esteve com diversos partidos, inclusive o PSDB e satélites.

Eita, Mendanha, que virou beira de meio-fio, só junta tranqueira.

Observe-se a série de imagens da viagem de Gustavo e do Mutirão Iris Rezende. A diferença é maior que entre a Serra Dourada e o Morro do Mendanha. Nem os pacientes se submetendo a exame oftalmológico durante o mutirão ficam de cara tão feia quanto a moçada que rodeia Mendanha durante os discursos no interior do Estado. Não é possível que sua companhia, antigamente tão agradável, tenha se tornado pior que dedo no olho. O que faz a cara ruim é a ausência de perspectivas.

Veteranos de campanhas, vitoriosas ou não, decoraram esse enredo: o único derrotado será Gustavo Mendanha, pois presta, ao contrário da malta que o acompanha e das mochilas de chumbo que estão pendurando em suas costas. Mendanha é inexperiente com cabra ruim, nasceu e se criou entre pessoas boas, militou num grupo de sujeitos sérios, não está preparado para conviver com trastes juntados a grito, como os vistos ao seu lado por toda banda. Estuda-se a expressão de cada rosto nas rodas, colide-se com a biografia e tudo que há a dizer ao amigo Gustavo é: fuja enquanto é tempo.

Eis algo de que Gustavo Mendanha ainda dispõe: tempo. É jovem, está no início de mais um mandato. O mesmo não se pode falar da população de Aparecida. Essa gente não tem mais tempo para nada, odeia enrolação e vive com pressa. Acostumou-se ao ritmo de Maguito, que Mendanha manteve nos quatro primeiros anos graças aos milhares de projetos apresentados em ministérios pelo maior administrador que a cidade teve em 100 anos de história. Aparecida não merece comemorar seu centenário, no início de 2022, em meio a incertezas: reelegeu seu gestor quase à unanimidade e seu gesto é trocar 80 mil aparecidenses pela adesão de Alexandre Almeida França, repelido pelos ceresinos e agora foi catapultado para a política estadual pela falta de lideranças a apoiar Mendanha.

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