Aparecida

Desmentidos sobre apoios mostram amadorismo e desgastam Mendanha

Prefeito publica mentiras em suas redes sociais para criar a ilusão de que a sua pré-campanha está se fortalecendo com a adesão de lideranças que, em seguida, negam compromisso com ele

Da Redação

Uma sucessão de desmentidos tem se seguido aos anúncios do prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha de que estaria recebendo apoios à sua pré-candidatura ao governo do Estado pelo interior afora e por parte de lideranças de alguma expressão política.

Quando Mendanha coloca nos seus perfis nas redes sociais uma informação sobre o seu projeto político, é preciso colocar um pé atrás. Geralmente, são notícias falsas, ou fake news, como o barulho que ele fez sobre o suposto apoio do ex-governador Agenor Rezende, do MDB, ao seu nome, depois de um encontro em Mineiros, onde Agenor mora. O ex-governador desmentiu o post de Mendanha e reafirmou seu compromisso com a reeleição do governador Ronaldo Caiado, com o presidente estadual do MDB Daniel Vilela figurando na chapa como vice.

Não foi só. Mendanha propagandeou ter sido acolhido pelos diretórios municipais do MDB de Quirinópolis e de Ceres, sugerindo uma dissidência dentro do partido. Ele postou fotos participando de reuniões com emedebistas dessas duas cidades, que teriam aderido à sua candidatura. Não era verdade.

O presidente do diretório do MDB de Quirinópolis, Zezé do Povo, foi a um encontro do partido em Anápolis e fez um discurso garantindo que o compromisso da seção quirinopolina da legenda é com Caiado-Daniel. Da mesma forma, o diretório estadual emedebista divulgou uma nota, esclarecendo que, em Ceres, sequer há comissão provisória em funcionamento. O MDB, na cidade, está acéfalo.

Segundo Mendanha, em posts no Instagram e no Facebook, o presidente municipal do MDB de Ceres, Alexandre França, e outros membros da legenda no município, teriam optado pelo apoio à sua candidatura a governador. Só que Alexandre França não preside a legenda ceresina.

As notícias falsas publicadas por Mendanha e sua assessoria e os desmentidos que são feitos logo após acabam criando desgastes para o prefeito e mostram a fragilidade da sua pré-campanha, tocada em termos amadorísticos, muito longe das exigências de um projeto da envergadura da disputa pelo governo do Estado.

Antes, em outro episódio controverso, Mendanha passou à coluna Giro, de O Popular, uma fake news – e a coluna embarcou, oferecendo aos leitores uma autêntica barrigada (jargão jornalístico que também denomina notícias sem fundamento): prefeitos do MDB estariam contra o apoio da sigla à reeleição do governador Ronaldo Caiado e não aceitaria o acordo entre o partido e o DEM.

Dois ou três dias depois, a verdade apareceu, deixando Mendanha com as calças nas mãos: dos 28 prefeitos emedebistas, 27 assinaram um manifesto declarando-se comprometidos com o presidente Daniel Vilela e com a busca de mais um mandato para Caiado. Somente Mendanha não assinou o documento.

De mentira em mentira, constrói-se a imagem de uma pré-candidatura baseada em factoides e lorotas, como se pode ver em outra frase de Mendanha a O Popular, garantindo que só deixa Aparecida para viajar aos municípios, para tentar articular politicamente, “nos finais de semana e à noite”.

Não é verdade. Só na semana passada, ele abandonou o expediente como prefeito municipal e foi para o Nordeste goiano na quinta e na sexta, cumprindo uma agenda de reuniões em garagens de residências e recebendo títulos de cidadania honorária arranjados pelos seus próprios emissários em cidades de pequeno porte como São João D’Aliança e Divinópolis. Aparecida ficou largada naqueles dois dias.

Com tudo isso, a credibilidade de Mendanha e da sua pré-candidatura foi para o espaço. Ao inventar apoios que não existem, o prefeito se apequena e mostra que o seu projeto é puramente de natureza pessoal, sem estojo político.

Louco por “lives e likes”, prefeito é capaz de tudo nas redes sociais

Em uma crítica duríssima ao fato de que a administração de Aparecida foi abandonada pelo prefeito Gustavo Mendanha, que passa o tempo viajando e postando no Instagram e no Facebook, o presidente estadual do MDB Daniel Vilela disse que ele, Mendanha, “faz uma gestão de lives e likes”.

Uma gestão de fachada, enfim. Por um post no Instagram ou no Facebook, Mendanha é capaz de tudo e não tem limites. Tirar uma foto com ele é arriscadíssimo, como comprovou o ex-governador Agenor Rezende, do MDB, que recebeu uma visita do prefeito em sua casa em Mineiros e aceitou posar ao seu lado.

Resultado: pouco depois, Mendanha postou a foto no Instagram, escrevendo que teria recebido o apoio de Agenor Rezende para a sua pré-candidatura a governador. No dia seguinte, veio o desmentido. Agenor encontrou-se com o governador Ronaldo Caiado e com o presidente estadual do MDB Daniel Vilela para anunciar seu compromisso com os dois e com a chapa Caiado-Daniel para o governo do Estado.

Ingênuo e inexperiente, além de mal assessorado, Mendanha não percebe que o excesso de publicações nas redes sociais, muitas vezes envolvendo notícias falsas a seu próprio respeito, acaba trazendo mais desgastes e cria um clima de falta de credibilidade em torno do seu nome.

Assim, quando ele posta fotos de eventos no interior, mostrando reuniões de que participa em garagens de residências, com alguns gatos pingados, além de visitas sem público a Câmaras Municipais onde recebe títulos de cidadania, prática da velha política que perdeu o significado no mundo de hoje, o que se patenteia é que a sua pré-candidatura não tem apoio de lideranças de peso do mundo político. Candidatura a governador é coisa séria e não brincadeira de criança.

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