Imagem de Maguito no gabinete de Mendanha incomoda a família
Prefeito rompeu com o filho e herdeiro político Daniel Vilela e passou a se apresentar como o grande benfeitor de Aparecida, no lugar do seu antecessor
Da Redação
Quem visita o gabinete do prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, no prédio pomposamente denominado de Cidade Administrativa, na Avenida Gervásio Pinheiro, no setor Residencial Solar Central Park, depara-se com a parede principal decorada com um quadro – na verdade, um poster fotográfico trabalhado com estilização de cores – com os rostos de Mendanha e do seu antecessor Maguito Vilela.
Mendanha costuma usar a parede, e a imagem, como fundo para as dezenas de vídeos que grava em ritmo incessante para publicar nas suas redes sociais, principalmente no Instagram, além de fotos com visitantes. O prefeito tem verdadeira obsessão por esse tipo de marketing, a ponto de ter sido criticado pelo presidente estadual do MDB Daniel Vilela por fazer “uma administração de lives e likes”.
Desde que Maguito faleceu, vítima da Covid-19, Mendanha iniciou um movimento de afastamento da família Vilela. Até então, ele jurava fidelidade tanto ao ex-prefeito quanto ao seu filho, a quem carinhosamente costumava chamar de “irmãozinho”. Com a saída de cena de Maguito, no entanto, isso mudou.
A forte ligação, simbolizada pelo quadro pendurado no seu gabinete, em que se vê também dois símbolos de mãos apontando um para o outro, sugerindo entendimento, acabou sendo rompida a ponto de se transformar, hoje, em uma antagonização. Mendanha saiu do MDB e agora faz campanha contra a reeleição de Caiado, que já confirmou Daniel Vilela como seu companheiro de chapa, na vaga de vice – o que significa que o prefeito aparecidense trabalha contra o seu antigo aliado e “irmãozinho”.
A união simbolizada pelo quadro pendurado no gabinete principal da Cidade Administrativa, portanto, não existe mais. Quem é lá recebido pelo prefeito não deixa de lançar um olhar perscrutador para a parede, tentando entender como uma imagem que perdeu o significado continua exposta na sala de trabalho de Mendanha, mesmo porque ele também tem se esforçado em suas falas e entrevistas para caracterizar a si próprio como o grande benfeitor de Aparecida e não o seu antecessor Maguito.
Ou seja, enquanto diligentemente desconstrói a quem antes apresentava como “padrinho” e “mentor”, Mendanha segue com uma “homenagem” pictórica que apenas relembra, desagradavelmente, a sua traição à família Vilela – no seu esforço para sair da sombra de Daniel Vilela, conforme chegou a dizer com todas as palavras a vereadora aparecidense Valéria Pettersen, hoje licenciada para ocupar um cargo na equipe do prefeito de Goiânia Rogério Cruz.
Cruz, a propósito, passou pelo mesmo problema. Seu gabinete no Paço Municipal também contava com um retrato de Maguito em uma das paredes, logo atrás da sua mesa de reuniões. Mas a viúva Flávia Teles ficou sabendo e deu declarações públicas, depois da crise que levou ao rompimento entre o prefeito e o MDB, exigindo que ele retirasse a foto. Cruz, sem discutir, atendeu e substituiu a imagem.
E Mendanha, vai fazer o mesmo? Não há notícias sobre uma possível decisão a respeito. Ao contrário do que ocorreu em Goiânia, ninguém da família Vilela se manifestou… ainda. Mas sabe-se que há incômodo.
O prefeito mantém o quadro como fundo para os vídeos e as fotos promocionais que posta na internet, muito embora não exista mais nenhuma identidade entre ele e a memória de Maguito e menos ainda com o filho e herdeiro político Daniel Vilela.