Pesquisa desenvolve novo insumo biológico para produção de grãos
Estudo é fruto de uma parceria entre UFG, IF Goiano e Embrapa Arroz e Feijão
O Programa de Pós-graduação em Agronomia da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (EA/UFG) oferece três áreas de concentração para mestrado e doutorado: Produção Vegetal e Genética; Melhoramento de Plantas, e Solo e Água. É nesta última linha de pesquisa que a doutoranda Ana Paula Santos Oliveira realiza uma pesquisa, ao lado da Embrapa Arroz e Feijão e do Instituto Federal Goiano (IF Goiano), para criar um inoculante multifuncional a ser utilizado na produção de grãos, como o feijão-comum. A Embrapa Arroz e Feijão tem desenvolvido pesquisas com microrganismos promotores de crescimento que operam certos mecanismos, como a fixação biológica de nitrogênio, a solubilização de fosfato e a produção de fitormônios. A ideia da nova pesquisa é a de unificar esses mecanismos em um só produto. No Brasil, ainda não existem registros de inoculantes multifuncionais. Os inoculantes registrados e comercializados são individuais, ou seja, possuem função específica.
Inoculante é um insumo biológico que contém uma grande quantidade de bactérias benéficas às plantas. O inoculante multifuncional contém uma mistura de diferentes bactérias que apresentam mais de um mecanismo de promoção de crescimento. O uso desse tipo de insumo traz benefícios econômicos, ambientais e de produtividade agrícola. Segundo Ana Paula, em relação aos insumos convencionais, os inoculantes melhoram o desempenho da cultura, diminuem o custo de produção e são uma fonte renovável de nutrientes para as plantas, o que torna a cadeia produtiva economicamente viável e sustentável.
Ana Paula explica que a escolha pelo feijão-comum se justifica porque é uma espécie de grande importância na economia brasileira, já que o Brasil é um dos maiores produtores e consumidores de feijão no mundo. Para aumentar a produtividade e suprir a alta demanda, os agricultores utilizam fertilizantes químicos de forma indiscriminada, o que eleva os custos de produção e causa impactos ambientais negativos. “Escolhemos essa cultura para propor essa alternativa que visa reduzir e/ou substituir os fertilizantes químicos utilizando um insumo biológico com diversos mecanismos de promoção de crescimento”, complementa.
Como o projeto ainda está em fase inicial, os dados de viabilidade econômica ainda não foram realizados. Mas a pesquisadora relatou os resultados de uma pesquisa anterior que utiliza a coinoculação de fixadores de nitrogênio e produtores de fitormônios: redução de até 30% do custo de produção. “Com a atual pesquisa, a expectativa é de que o inoculante multifuncional reduza em até 50% o uso de fertilizante fosfatado, o que somado aos resultados observados anteriormente, deverá abaixar ainda mais os custos de produção”, anuncia.
Os pedidos de registro desse inoculante ainda serão realizados em fases mais avançadas da pesquisa que contam com a participação do setor privado para desenvolver a formulação. Antes de o inoculante se tornar um produto comercial e chegar aos produtores, a pesquisa ainda irá estabelecer fatores de dosagem, formas de aplicação, práticas de manejo, adaptação das estirpes em solos de Cerrado, entre outros.
Parceria
A equipe que desenvolve o estudo é composta pelo pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Enderson Petrônio de Brito Ferreira, que é orientador da tese de doutorado da pesquisadora Ana Paula Santos Oliveira, e pelas alunas de doutorado, Cássia Cristina Rezende, e mestrado, Caroline Domingos Bittencourt. A UFG tem contribuído com a pesquisa e representa um importante elo entre estudantes e pesquisadores. “A universidade nos fornece a base acadêmica para melhor desempenho das atividades e nos oferece a oportunidade de bolsa de estudo para manutenção das despesas”, relata Ana Paula.
A Embrapa Arroz e Feijão é a idealizadora do projeto: conseguiu os recursos para o desenvolvimento da pesquisa, isolou os microrganismos e estabeleceu parcerias com as áreas de produção comerciais onde os ensaios são conduzidos. O IF Goiano – Campus Ceres é um parceiro do projeto que disponibilizou uma área irrigada para implantação e condução dos experimentos no norte goiano.