Clubes goianos não conseguem êxito com programas de sócios-torcedores
No futebol brasileiro, Atlético/MG destoa com quase 130 mil sócios, já a diretoria do Atlético/GO diz não ter intenção de criar programa, e Goiás e Vila Nova tentam impulsionar os seus, mas sem sucesso
Júnior Schumacher
Uma das principais fontes de receita de um clube de futebol, os planos de sócios-torcedores ainda engatinham em comparação a números vindos por exemplo do continente europeu. No Brasil, o time com mais adeptos a essa modalidade são os torcedores do Atlético/MG. Talvez impulsionados pela boa campanha do time no ano de 2021. O Galo Mineiro soma a quantia de 126.254 Se a média nacional não é das melhores, os números locais são praticamente inexistentes.
Atlético Goianiense
A torcida do Atlético Goianiense viveu uma temporada especial em 2021. Além de ver o clube conquistar os objetivos dentro de campo, os rubro-negros fizeram a festa na arquibancada do Estádio Antônio Accioly e registraram três dos quatro maiores públicos do futebol goiano no ano. Sendo que a maior presença de torcida no Estado foi registrada no encerramento do Campeonato Brasileiro, quando o Dragão venceu o Flamengo por 2 a 0 e 10.746 pagantes acompanharam a partida.
Mas nem a digamos fidelidade do torcedor atleticano fez o presidente Adson Batista se empolgar com a ideia de criação de um plano de sócio torcedor. “O sócio-torcedor custa cerca de R$ 20 mil por mês. Eu vejo o Goiás, o Vila Nova, todos com muita dificuldade, clubes do Brasil com dificuldade de angariar sócio-torcedor que vale financeiramente a pena. Só custo não adianta”, disse Adson Batista.
Vila Nova
No Vila Nova, apesar de já contar com um programa; o Sócio Tigrão, a realidade não é muito diferente, contudo, o vice-presidente Leandro Bittar, acredita em métodos para aumentar o número de sócios. Atualmente o Vila Nova conta com cerca de mil e setecentos sócios, número maior do que quando a atual diretoria assumiu e com crescimento significativo recentemente. Sobretudo pela queda no número de sócios quando os jogos aconteciam com portões fechados, devido a pandemia. De acordo com Leandro Bittar, a volta do público ao estádio contribuiu diretamente para novas adesões.
“A gente viveu uma situação um pouco diferente com essa pandemia. Antes, quando assumimos, tínhamos cerca de mil e quinhentos sócios adimplentes. Porém com a pandemia muitos acabaram cancelando o sócio e chegamos a ter em torno de setecentos e cinquenta sócios adimplentes que mantiveram seus pagamentos nesse período que foram extremamente importante para o clube. Uma receita que nos ajudou muito a passar por esse período, não só o sócio, mas as outras ações que tivemos. Posteriormente com o retorno do público, vimos esse número crescer e chegarmos a cerca de mil e setecentos sócios. Então, temos a expectativa que esse número cresça para os próximos anos. Pretendemos impulsionar para que possamos bater três mil sócios no fim da próxima temporada”, avaliou Leandro Bittar. Apesar de trabalhar com a meta de três mil sócios no fim da próxima temporada, Leandro Bittar não esconde que o ideal é bem mais que isso.
Goiás
O Goiás foi o primeiro time goiano a implementar a modalidade no Estado. Em 2007, o clube lançou o Nação Esmeraldina, que ao longo do tempo perdeu força até desaparecer. Depois disso, lançaram em 2019 o Sou Verdão, que de fato atingiu mais de 10 mil sócios, mas a pandemia veio e novamente o programa foi extinto.
Recentemente a diretoria do time esmeraldino remodelou e lançou o “Sou Goiás”. Com valores altíssimos em comparação aos anteriores, a adesão foi pífia. O presidente do Goiás, Paulo Rogério Pinheiro justifica dizendo o que quer com um plano de sócio-torcedor para a instituição Goiás Esporte Clube.
“Quando lancei o programa “Sou Goiás”, fui criticado pelos valores, mas os preços dos ingressos antes da pandemia era, em média, apenas R$ 3,20 devido ao sócio-torcedor ser muito barato. Se você fizer um sócio muito barato, vai dar muita gente, mas não vai dar dinheiro. O que eu fiz agora, foi colocar o sócio-torcedor em um valor real, mas a torcida pegou apenas o valor do VIP que é de R$ 200,00, mas vocês vão ver em 2022 o bar VIP, que vai ser a coisa mais linda do mundo, com várias televisões, chopeira de marca, mas apenas para o torcedor VIP, que terá entrada exclusiva, cadeira exclusiva e uma série de outros benefícios. Coisa de primeiro mundo”, revelou Paulo Rogério, que foi claro que seguirá com descontos nos outros planos, sem dar ingresso de graça.
“Temos que parar com essa cultura de dar ingresso de graça pra todo mundo, como fiz com o Nação Esmeraldina em 2007. Eu criei e deu errado, dou a mão à palmatória. Outros planos vão ser criados, como o da Força que eu criei e foi um sucesso, então vamos criar outros planos pontuais, com certeza”, pontuou o dirigente.