Brasil

Disparada da inflação em 2021 deixa ceia de Natal mais cara e faz brasileiros buscarem alternativas

Além dos preços mais altos, alguns produtos até faltaram nos últimos dias que antecederam as festividades natalinas

Eduardo Marques

Não teria como ser diferente: a disparada da inflação este ano se refletiu nos preços dos itens da cesta de Natal. Porém, além dos preços mais altos, alguns produtos até faltaram nos últimos dias que antecederam as festividades natalinas. Isso porque os varejistas tiveram mais dificuldade para comprar alguns artigos mais consumidos nas festas de fim de ano por conta da escassez e da falta de insumos no mercado mundial. Os artigos importados também enfrentaram dificuldades logísticas e custos mais altos para importação, ainda reflexo da pandemia de Covid-19.

Entre os produtos importados, apesar dos valores médios em dólar não terem subido muito, na conversão para o real os preços aumentaram por conta da alta na cotação da moeda, afetando produtos como bacalhau, vinhos e castanhas, além de panetone, vinhos europeus e geleias. Mas muitos produtos nacionais também tiveram o impacto da alta de custos na pandemia.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial, fechou 2021 em 10,42%. Essa é a maior taxa para um ano desde 2015 (10,71%). Em 2020, o IPCA-15 havia ficado em 4,23%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo alimentação e bebidas fechou 2021 com alta de preços de 8,68%.

O Procon-Goiás visitou neste mês nove estabelecimentos na Capital e encontrou variação de até 386% nos produtos da ceia de Natal. Ao todo, foram coletados os preços de 103 itens tradicionais como castanhas, frutas, panetones, peru, chester, tender, lombo, pernil, bacalhau, azeites e bebidas em geral.

No caso das frutas, é natural uma variação significativa, pois existem dias de promoção de hortifrúti que contribuem para a oscilação de preços. A maior foi identificada no quilo da nectarina nacional, cujo menor preço encontrado foi de R$ 4,09 e o maior R$ 19,90 – diferença de 386,55%. É preciso ter atenção também com as frutas importadas, já que a maior procura nesta época do ano consequentemente provoca uma elevação dos preços. Por isso, a pesquisa se faz tão necessária. Antes de comprar as bebidas, tenha cautela. Os preços podem atingir uma diferença de 268%, como é o caso do espumante Salton Brut, de 750 ml (R$32,50 a R$ 119,90).

As carnes a serem consumidas na ceia natalina também merecem atenção. De acordo com o levantamento, o quilo do Tender Bolinha Mini, da Sadia, é o mais salgado, com variação de 150, 80% (R$ 29,98 a R$ 75,19). Em segundo lugar, vem o lombo suíno temperado congelado da Aurora, com oscilação de 150,75% (R$ 19,90 a R$ 49,90).

Quanto aos preços dos tradicionais panetones, a variação pode chegar a 66,85% no Panetone Bauducco 500 gramas (com recheio de frutas) e 25,8% no Panetone Visconti 400 gramas (recheio de chocolate).

Na comparação entre os preços praticados em dezembro deste ano com o mesmo período do ano passado, individualmente, o destaque ficou por conta do preço do Peru Seara Tradicional (kg). O produto registrou aumento médio anual de 29,60%. Por categoria, os panetones e carnes registraram aumento médio anual de 17,69% e 6,81%, respectivamente. Já nos preços das frutas houve redução média anual de 6,25%.

A dona de casa Severina Alves de Jesus, de 55 anos, afirmou ao Diário de Aparecida que comumente a família se reúne todos os anos na casa dela, no Setor Tocantins, em Aparecida de Goiânia, para celebrar o Natal e antigamente a ceia contava com muita fartura de alimentos, porém, este ano, devido a disparada dos preços, eles tiveram de reduzir o poder de compras. “Antes da pandemia, porque ano passado não fizemos nada, aqui em casa a gente assava leitoa, chester, cerca de três frangos, além de frutas e os presentes, mas agora em 2021 vamos fazer a ceia mirrada, com menos comida. O Papai Noel este ano não vai chegar por aqui”, lamentou.

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