Aparecida

Com gestão de Mendanha e a pandemia, economia aparecidense involuiu este ano

Dentre todos os prefeitos do município nos últimos 30 anos, o atual é o que menos atraiu investimentos para a cidade

Eduardo Marques

A economia de Aparecida de Goiânia sofreu diversos prejuízos ao longo de 2021, em função da pandemia de Covid-19 e má gestão pública municipal. Dentre todos os prefeitos que governaram o município nos últimos 30 anos, o atual, Gustavo Mendanha (sem partido), é o que menos atraiu investimentos empresariais para o município. Empresários reclamaram da falta de incentivo para abertura de novos empreendimentos e incentivos financeiros ao segmento neste ano.

Ele gosta de se apresentar como um bom administrador, porém, se estabelecida uma comparação entre as empresas que vieram para Aparecida na sua gestão e as que acorreram no passado, “o fiel da balança vai desfavorecer o atual prefeito”, ainda mais quando se lembra que, na campanha passada, a geração de empregos foi uma das principais promessas de Mendanha.

É bom lembrar que o atual prefeito completou cinco anos de mandato e que, portanto, teve tempo demais para correr atrás de investimentos para Aparecida, mesmo porque, descontando-se o efeito negativo da pandemia, ainda sobram pelo menos 40 meses de funcionamento normal da política e da economia, em que a velocidade de captação de investimentos empresariais caiu a zero em Aparecida.

Pesquisas confirmam que a gestão do atual prefeito, que completou 5 anos, derrubou os principais indicadores de desenvolvimento do município. Questionado sobre a queda de Aparecida nos seus principais indicadores de desenvolvimento, que vem sendo noticiada pela imprensa, o prefeito Gustavo Mendanha tentou fugir da responsabilidade alegando que a culpa é da pandemia do novo coronavírus.

De fato, o advento da Covid-19 neste ano impactou a economia em todo o mundo, mas quem estava bem preparado e estruturado sofreu menos. Esse não foi o caso de Aparecida. Desde que Maguito Vilela entregou a prefeitura ao seu sucessor, em janeiro de 2017, a situação da economia local passou a piorar progressivamente.

É o que comprovou o IFGF ou Índice Firjan de Gestão Fiscal, um respeitado e acreditado instrumento de avaliação sobre como os prefeitos brasileiros administram as finanças dos seus municípios. O estudo é produzido anualmente pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, abrangendo as mais de 5 mil prefeituras do país. Nacionalmente, Aparecida ocupava a 15ª posição no balanço da FIRJAN, em 2016, último ano de Maguito. Porém, depois que Mendanha assumiu, em 2017, foi caindo até despencar para o 249º lugar em 2020, ano a que se referem os últimos números informados pela própria prefeitura.

Resultado: queda histórica na geração de empregos. Aparecida de Goiânia registrou saldo negativo de -534 vagas de trabalho com carteira assinada no mês de setembro de 2021, de acordo com os dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A cidade de Aparecida de Goiânia está na contramão do Estado. Em setembro, Goiás teve saldo positivo de 6994 vagas de emprego. A capital Goiânia liderou a geração de empregos no mês de setembro com 3.014 vagas, seguida por Anápolis (697), Rio Verde (408), Goiatuba (290), Santa Helena de Goiás (250), Luziânia (236), Senador Canedo (221), Catalão (213), Caldas Novas (194) e Águas Lindas de Goiás (189).

Como se vê, cidades com pouca ou nenhuma indústria superam Aparecida neste ano, a exemplo de Águas Lindas, Goiatuba, Santa Helena ou Catalão, que têm populações bem menores, os resultados são positivos e atendem a comunidade com mais geração de emprego e renda.

Pandemia

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Aparecida de Goiânia (Aciag), Leopoldo Moreira, relembra que a pandemia fez Aparecida de Goiânia passar por uma crise: “Nós enfrentamos dois problemas principais. O primeiro foi quando houve o fechamento geral, que paralisou até as indústrias. O outro foi o incentivo que o governo federal deu para a construção civil, com uma queda nos juros para os empréstimos ao setor e uma oferta muito grande de crédito para o financiamento de imóveis e prestações subsidiadas, além de prazo de seis meses de carência ou moratório para o pagamento das parcelas. Com isso, a construção deu uma alavancada e aí começou a faltar muita coisa no mercado”, explicou ao Diário de Aparecida.

Além de não ter freado o avanço da pandemia na cidade, o modelo de escalonamento do comércio adotado pela prefeitura em 2021 não contemplou a economia aparecidense, pois enquanto havia medidas de flexibilização em outras cidades do Estado, inclusive na circunvizinha Capital, em Aparecida, o comércio e as atividades não essenciais ficaram presos.

Autor da proposta de suspensão do escalonamento das atividades econômicas e membro do Comitê de Prevenção e Enfrentamento à Covid-19 de Aparecida de Goiânia, o presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial da Região Leste de Aparecida de Goiânia (Acirlag) e vice-presidente da Federação das Associações Empreendedoras, Comerciais, Industriais, de Serviços, de Tecnologia, de Turismo e do Terceiro Setor do Estado de Goiás (Faciest-GO), Maione Padeiro, enfatizou que o modelo adotado pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia em fechar o comércio e as macrozonas serem divididas apenas por uma rua prejudica os comerciantes. Segundo ele, os empresários estão seguindo os protocolos sanitários de combate à Covid-19. Paralelamente à defesa, o presidente da Acirlag salientou que ainda não é o momento para relaxar quanto aos cuidados da pandemia.

Empresários temeram que variantes da Covid-19 causassem mais prejuízos ao setor

Após a confirmação de novas variantes da Covid-19 em Aparecida, empresários temeram que elas causassem mais prejuízos para a economia aparecidense, com possíveis medidas de restrições no comércio. Ao DA Maione Padeiro, lamentou a chegada da Ômicron na cidade.

Maione cobrou da prefeitura medidas para conter a expansão do vírus na cidade. “Estamos provocando aí que já tem mais de mês que o comitê de enfrentamento não se une para gente saber quais são as medidas que a Secretaria de Saúde está programando ou realizando. Queremos também estar acompanhando como que está caso de uma emergência, qual que é o índice. Se tiver índice que pode refletir aí no comércio. Então, a gente está chamando atenção e vamos também apresentar ao comitê para começar uma campanha de vacinação. Somos a favor do passaporte de imunização”.

Padeiro destacou a necessidade de manter as medidas de prevenção ao novo coronavírus no município. “Melhor ter zelo agora do que amanhã que penalizar os comerciantes e empresários como já aconteceu. Então nós estamos de mãos dadas. Muitos pensam que a pandemia já acabou, é uma inverdade. Ela existe, tanto é que tem uma variante nova. Então a nossa preocupação está no sentido de combater o vírus. E não ter amanhã que sacrificar o setor econômico e produtivo do nosso município. Os comerciantes e empresários não aguentam mais prejuízos”, reforça. (E.M.)

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