Saúde pública de Aparecida neste ano entrou em estado crítico e ficou foi para a UTI
Pandemia de Covid-19 em alta, surto de Influenza A H3N2, além de escândalos de corrupção, marcaram gestão de Mendanha em 2021
Eduardo Marques
O ano de 2021 foi marcado pelo início da vacinação contra a Covid-19 em Aparecida de Goiânia, mas, também, infelizmente, o pico de mortes em decorrência da doença, além dos escândalos de corrupção no Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP). Com surtos de Influenza A H3N2 e dengue, a gestão do prefeito Gustavo Mendanha (sem partido) também foi criticada por conta da superlotação nas unidades de urgência e emergência e a desvalorização dos profissionais efetivos da rede pública municipal de Saúde.
Em janeiro, o processo de imunização contra a Covid-19 iniciou no município. Apesar disso, a pandemia não parava de subir. Para se ter uma ideia, em março, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia adotou o modelo de zoneamento do comércio e os índices de morte e casos de Covid-19 só aumentaram. Apesar de o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 classificar o município no cenário verde (baixo risco), Aparecida permanecia por algum tempo em situação crítica no mapa de risco da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO).
Na medida em que a Prefeitura de Aparecida autorizava a flexibilização de atividades econômicas não essenciais, casos e mortes por Covid-19, além da ocupação de leitos de UTIs, cresciam. Até hoje, Mendanha insiste em afirmar que o sistema de abertura escalonada do comércio, indústria e serviços teria ajudado a estabilizar o avanço da doença, porém o que se vê desde dezembro é o aumento das mortes diárias na cidade.
Imagens mostradas em edições passadas do Diário de Aparecida nos cemitérios locais exibiram uma sequência de valas abertas para receber caixões – em dezembro, eram cerca de duas mortes por dia, índice que se manteve em janeiro; em fevereiro subiu para aproximadamente cinco mortes por dia, e em março superou oito mortes diárias. Apesar de ter baixado, em abril a média de mortes esteve em 7,4. Em julho, essa média ficou em 3,45.
Um dos fatos polêmicos em relação às falhas do isolamento social foi a autorização para o funcionamento dos motéis. E ainda as feiras livres, como a do Setor Garavelo, também autorizadas pela prefeitura, acabaram virando cenário de aglomerações, uma situação de risco, já que o índice de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) na cidade continuava aumentando.
Marketing da vacina
Embora a Prefeitura de Aparecida de Goiânia gastasse o dinheiro dos contribuintes em campanhas publicitárias para ressaltar que o município estaria supostamente à frente de outros do Estado de Goiás no processo de vacinação da população contra a Covid-19, Aparecida era uma das grandes cidades goianas onde a imunização estava mais atrasada, com baixa cobertura em relação à aplicação da 2ª dose. O prefeito Gustavo Mendanha (MDB) desperdiçava recursos municipais para fazer o chamado “marketing da vacina”, em detrimento das ações que verdadeiramente poderiam oferecer alguma contribuição contra o avanço da doença, em especial com anúncios educativos e não políticos.
Além disso, moradores de Aparecida denunciavam constantemente ao Diário de Aparecida que não estava conseguindo agendar a vacina contra a Covid-19 pelo sistema on-line (aplicativo e site) da prefeitura. Uma leitora do DA, que preferiu não se identificar, afirmou que não havia vaga para o recebimento do imunizante durante a semana nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s).
O morador do Jardim Tiradentes Wendell Fernandes ressaltou que quem não possuía veículo encontra dificuldade para se vacinar na cidade. “Difícil conseguir vaga no agendamento nesse aplicativo da saúde de Aparecida para UBS mais próxima. O Mendanha pensa que todos os aparecidenses têm um automóvel”, escreveu ele em uma rede social do jornal.
Vale ressaltar que, para combater a pandemia, é um erro a concepção de competição entre os poderes públicos, buscando-se vender a imagem de que este ou aquele estaria à frente das ações de prevenção ou de combate direto a essa verdadeira praga dos tempos modernos. No caso da Prefeitura de Aparecida, mais uma vez, apenas se confirma que tudo é feito com vistas a faturar dividendos pessoais para o prefeito e não em benefício do conjunto da sociedade.
HMAP está mergulhado na lama e virou antro de corrupção na gestão de Mendanha
O ano de 2021 foi marcado por escândalos de corrupção no Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP). Em novembro, a Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) desencadeou a Operação Falso Positivo. A ação, iniciada há um ano, apura direcionamento da contratação de um laboratório pela Prefeitura de Aparecida, através da organização social, contratada para fazer a gestão do HMAP.
As investigações apontam um esquema de fraudes que começa na própria contratação da OS e se desdobra em superfaturamento na prestação de serviço, emissão de documentos fiscais de exames laboratoriais sem a efetiva prestação do serviço, mediante notas que foram pagas indevidamente pela prefeitura, além da participação de servidores públicos do município.
Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Aparecida de Goiânia. Respectivamente, na Secretaria Municipal de Saúde, no HMAP e na residência do secretário municipal da Fazenda, André Luiz da Rosa – cuja esposa, Edlaine Rosa, é a suspeita número um como controladora do esquema.
Atrasos salariais
Além disso, no início de maio, o DA publicou que os colaboradores da unidade hospitalar ficaram três meses com salários atrasados. De acordo com eles, o problema afetou cerca de 30 profissionais da unidade, que é gerida pela Organização Social (OS) Instituto Brasileiro de Gestão Hospitalar (IBGH). Os profissionais disseram que procuraram a empresa responsável por pagar os salários, a qual informou não ter recebido o repasse da OS responsável para fazer o pagamento.
Uma das médicas que sofreram com o atraso do salário por três meses disse que eles eram contratados da empresa médica Mediall, que, por sua vez, possuía um contrato com o IBGH para gerir uma parte do HMAP. Essa empresa teve o contrato com a OS encerrado no mês de maio, sendo substituída por outra. No entanto, deixou para trás os salários atrasados.
Também em novembro, funcionários terceirizados da limpeza e manutenção também entraram em greve por atrasos salariais. A Organização Social (OS) que administra o HMAP, informou à época, por meio de nota, que repassou para a empresa prestadora de serviços da área de limpeza e conservação, DM Clean, no valor de R$ 300.000,00 referentes à fatura do mês de outubro e isso foi proporcional como foi proporcional o repasse dos recursos públicos recebidos. A DM Clean rebateu alegando que o IBGH devia R$ 2,2 milhões pelos serviços prestados. (E.M.)