Vexame: Mendanha não consegue definir um partido para sustentar sua candidatura
Ao desfiliar-se do MDB, prefeito alegava ter convite de 12 siglas, mas agora patina para encontrar uma legenda que ofereça garantias para o seu projeto político
Da Redação
Pouco mais de três meses depois de desfiliar-se do MDB, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha ainda não conseguiu definir um novo partido – de olho na possibilidade de se candidatar a governador nas eleições de outubro próximo.
Mendanha vangloriava-se do assédio de 12 legendas. Dizia ter os convites em mãos de siglas como o PL, PSDB, Podemos, PSB, Republicanos e PP e mais alguns. Dentre eles, escolheria o que melhor se adequasse ao seu projeto político. Não foi o que houve e hoje Mendanha vive uma situação vexatória.
Logo após cruzar a porta de saída do MDB, o prefeito aparecidense viu que as coisas não seriam assim tão fáceis. Na verdade, apenas o PSB, através do deputado federal Elias Vaz, presidente estadual, confirmou um convite a Mendanha. E logo depois recuou: o PSB está a caminho de uma federação com o PT e o Psol, para fortalecer a campanha de Lula – da qual Mendanha já deixou claro que quer distância.
Mendanha descobriu que está à mercê de fatores que não controla. Qualquer que seja o partido em que venha a ingressar, ele correrá riscos até a data das convenções, no início de agosto. Em nenhuma dessas siglas, será ele quem ditará os rumos.
Isso com exceção de duas legendas nanicas – PTC e DC. Ambas abriram as portas para Mendanha, incondicionalmente. Nem PTC nem DC possuem tempo na propaganda gratuita no rádio e televisão nem muito menos acesso ao fundo eleitoral, já que não contam com representantes na Câmara Federal, o que é decisivo para a conquista desses benefícios.
Além disso, deixar um partido de primeira grandeza como o MDB para acabar em um partido de aluguel, como PTC e DC, como também são conhecidos os nanicos, deixaria Mendanha desmoralizado.
Em qualquer legenda, Mendanha expõe-se a um futuro nebuloso. Não à toa, a coluna Giro, em O Popular, consignou que o prefeito aparecidense enfrenta um desafio crucial: encontrar um partido e um grupo político para sustentar a sua candidatura ao Palácio das Esmeraldas.
O PL seria uma solução natural. A dona do partido em Goiás é a deputada federal Magda Mofatto, que vive se exibindo nas redes sociais com armas de fogo e é bolsonarista convicta. Mas, paradoxalmente, com a filiação do presidente Jair Bolsonaro, o PL se inviabilizou para Mendanha.
É que os bolsonaristas goianos nutrem profunda rejeição por ele. Expoentes radicais como o deputado federal Major Vitor Hugo e o ativista Gustavo Gayer (4º lugar na eleição do ano passado para prefeito de Goiânia) argumentam que Mendanha não é confiável, que faz jogo duplo entre a esquerda e a direita, que tem a cabeça oca em matéria de ideias e que não tem compromisso com a defesa de Bolsonaro.
Para o PSDB, Mendanha jura que não vai. E não esconde os motivos: disse com clareza que não quer ser contaminado pela imagem negativa do partido em Goiás, depois dos escândalos de corrupção dos governos tucanos – que o governador Ronaldo Caiado, aliás, não se cansa de lembrar.
O PP, que chegou a ser uma alternativa considerada por Mendanha, reaproximou-se de Caiado, indicou um representante do partido para o secretariado (Joel Sant’Anna Braga, irmão do ex-ministro e presidente estadual Alexandre Baldy, foi para a Secretaria de Indústria & Comércio). Mendanha, portanto, foi obrigado a descartar a sigla.
Com o leque de opções reduzindo-se a cada dia, o prefeito de Aparecida sonha hoje com o Podemos e o Republicanos. Há problemas sérios, contudo. O Podemos estuda uma federação com o União Brasil (resultado da fusão entre o DEM e o PSL), o que deixaria o partido na base do apoio de Caiado, onde, aliás, já está hoje, através do seu presidente estadual, o deputado federal José Nelto.
E o Republicanos tem dúvidas sobre se estaria fazendo um bom ou mau negócio ao acolher Mendanha. É que o rapaz, em uma demonstração de falta de habilidade, deu declarações dizendo que poderia disputar a prefeitura de Goiânia em 2024, caso se candidatasse a governador de Goiás e não fosse bem-sucedido. Isso significa que ele pode ser visto, desde já, como um potencial adversário para a reeleição do prefeito Rogério Cruz.