Teste rápido de hanseníase desenvolvido pela UFG já está no mercado
A tecnologia licenciada pela Universidade já pode ser adquirida no mercado. O próximo passo é a sua disponibilização pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no primeiro semestre deste ano.
Baseado na técnica de imunocromatografia de fluxo lateral, o teste desenvolvido pela Universidade Federal de Goiás (UFG) se soma aos esforços da comunidade científica de se conseguir um diagnóstico mais preciso e precoce para os pacientes com suspeita de hanseníase, uma doença considerada negligenciada. O teste, rápido e acessível, permite a leitura dos resultados entre cinco a 10 minutos. A tecnologia licenciada pela Universidade já pode ser adquirida no mercado. O próximo passo é a sua disponibilização pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no primeiro semestre deste ano.
Coordenado pela professora e pesquisadora Samira Bührer e desenvolvido no Laboratório de Desenvolvimento e Produção de Testes Rápidos (LDPTR) da UFG, o teste para hanseníase é baseado na reação antígeno/anticorpo. Com um pequeno volume de amostra de sangue ou soro, ele captura os anticorpos produzidos no organismo contra o antígeno (corpo estranho) e o identifica por colorimetria, formando uma linha vermelha. “O teste contribui para a confirmação de casos suspeitos. Mas quando é negativo, ele não exclui a possibilidade da doença, uma vez que a resposta imunológica de cada organismo é diferente e o resultado do teste depende da quantidade de anticorpos que o indivíduo produz ”, explica a professora.
Os benefícios superam as limitações e, por ser de interesse do Ministério da Saúde (MS), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez o registro do teste licenciado com celeridade. A comercialização do teste Bioclin Fast ML Flow já é uma realidade. A transferência da tecnologia, com o licenciamento sem exclusividade, foi realizada para a empresa que preencheu os requisitos vinculados ao projeto de desenvolvimento de teste de diagnóstico rápido para o SUS, que é uma demanda da Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças em Eliminação (CGDE) do MS, financiado pelo Fundo Nacional da Saúde (FNS).
Já no primeiro dia útil de 2022, o MS e a Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde incorporaram ao Sistema Único de Saúde (SUS) o teste rápido de hanseníase desenvolvido pela UFG. As áreas técnicas terão o prazo de quatro meses para efetivar a oferta no sistema público de saúde. “Já estamos preparando material de treinamento dos profissionais de saúde para utilização do teste”, informou Samira Bührer.
Benefícios
Doença milenar causada pela bactéria Mycobacterium leprae e transmitida pelas gotículas de saliva eliminadas na fala, tosse ou espirro, a hanseníase tem tratamento. O diagnóstico precoce, com início do tratamento, interrompe a transmissão e previne as sequelas. O teste rápido, desenvolvido pela UFG, é acessível e o resultado é mais rápido e mais sensível do que o exame auxiliar de diagnóstico baciloscopia. “Você não perde o paciente e confirma a suspeita do diagnóstico já na primeira consulta. A inclusão do teste no SUS irá auxiliar na identificação precoce, propiciar o tratamento e evitar as incapacidades e sequelas físicas que são consequências do atraso no diagnóstico, além de evitar a transmissão da hanseníase”, afirma a pesquisadora.
A professora Samira Bührer desenvolveu o primeiro teste para hanseníase para sua pesquisa de doutorado em 2000 e, em 2003, publicou sobre o teste utilizando a imunocromatografia. Na UFG, a professora Mariane Martins de Araújo Stefani investigou e analisou mais de 50 novas proteínas, selecionando as mais promissoras para uso em testes sorológicos para hanseníase. O LDPTR da UFG vem testando outras técnicas e duas destas novas proteínas para o aprimoramento do teste. “Estamos disponibilizando ao mercado e ao SUS um teste bem avaliado, estudado, e que sabemos exatamente para quê serve. E continuamos nossos estudos, trabalhando no projeto em busca de aprimorar ainda mais o teste para implementar novas tecnologias e outros antígenos capazes de fornecer melhores respostas sobre a hanseníase”, afirmou Samira Bührer.