Idoso de Aparecida de Goiânia, vacinado com três doses, foi a primeira vítima da Ômicron do Brasil
Paciente era um idoso, de 68 anos, portador de doença pulmonar obstrutiva crônica e hipertensão arterial
Eduardo Marques
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida de Goiânia confirmou ontem, 6, a primeira morte de Covid-19 provocada pela variante Ômicron. O registro é o primeiro do Brasil, segundo a pasta. Trata-se de um idoso, de 68 anos, portador de doença pulmonar obstrutiva crônica e hipertensão arterial. Ele estava internado em unidade hospitalar. O paciente era contactante de um caso que a pasta já havia confirmado como infecção pela variante. O homem estava vacinado com três doses.
A confirmação do primeiro óbito ocorre exatamente dez dias após a declaração de transmissão comunitária da variante na cidade. A detecção ocorreu por meio do Programa Municipal de Sequenciamento Genômico que tem feito a análise de amostras positivas de RT-PCR coletadas no município para mapear a informação genética e identificar as variantes do SARS-CoV-2 (novo coronavírus) em circulação. Até o momento, 2.386 sequenciamentos já foram realizados na cidade, que já confirmou 55 casos de Ômicron. A prevalência da variante alcançou a casa dos 93,5%.
O secretário de Saúde, Alessandro Magalhães, explica que a vacinação é muito importante porque reduz as chances de complicações e óbitos, mas que deve estar acompanhada do uso da máscara, da correta higiene das mãos e do distanciamento social sempre que possível. “Nós perdemos um paciente vacinado, mas que tinha problemas crônicos de saúde, que são importantes fatores de risco da covid-19. Infelizmente, ele não resistiu. Uma vida perdida em meio a milhares salvas pela imunização”, afirmou.
O titular da pasta ressalta que o avanço da variante Ômicron já foi percebido em todas as partes do mundo e que aqui na cidade não será diferente: “Na semana epidemiológica 48, de 2021, a prevalência da variante Delta era 100%. Já na semana 52, última do ano, alcançamos 93,5%. Esse dado confirma a rapidez da disseminação da Ômicron, identificada pela primeira vez na África do Sul. Mas, ainda é muito recente para que possamos analisar dados como letalidade e taxas de agravamento”, afirmou.
Segundo o Painel Covid-19 do município da última quarta-feira, 5, até o momento, Aparecida possuía 175 casos ativos, que estavam hospitalizados ou monitorados pela Telemedicina, oxímetros e exames. De 93.119 casos confirmados, 91.179 estão recuperados e 1.765 vieram a óbito por Covid-19, com nenhum óbito confirmado nas últimas 24 horas. A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para tratamento do novo coronavírus na rede pública de saúde está em 28% e as enfermarias têm ocupação de 16%.
Na edição de ontem, 6, o Diário de Aparecida publicou uma reportagem na qual apontava que houve um aumento de 98,98% de mortes por Covid-19 em 2021 se comparado ao ano anterior em Aparecida. As medidas adotadas pela prefeitura do município contribuíram para a explosão de óbitos nesse período, que engloba desde o modelo de isolamento social, spray nasal e até mesmo atitude equivocada de liderar um consórcio de gestores municipais para compra de vacinas.
Devido às flexibilizações decretadas pelo poder público municipal, a população gradativamente se distanciou dos protocolos sanitários. Parte dessas mortes poderia ter sido evitada, seja através de cuidados sanitários pessoais ou através da prevenção coletiva, que não foi feita, em determinados momentos, com a necessária cautela e eficiência.
Alerta da OMS
A variante Ômicron do coronavírus, que é mais infecciosa, parece provocar formas menos graves da doença do que a Delta, mas não deve ser classificada como “leve”, disse ontem, 6, o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS). Durante uma entrevista coletiva, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, também repetiu seu apelo por uma maior equidade global na distribuição e acesso às vacinas contra o coronavírus.
Ele alertou que, com base na taxa atual de distribuição de vacinas, 109 países não cumprirão a meta da OMS de que 70% da população mundial seja totalmente vacinada até julho. Esse objetivo é visto como uma ajuda fundamental para encerrar a fase aguda da pandemia. Falando na mesma coletiva em Genebra, o conselheiro da OMS, Bruce Aylward, disse que 36 nações nem mesmo alcançaram 10% de cobertura de vacinação. Entre os pacientes graves em todo o mundo, 80% não foram vacinados, acrescentou.
A OMS afirmou também que o número de novos casos de Covid-19 atingiu um pico na última semana, com um aumento de 71% em relação à anterior. Segundo a organização, já vinha sendo observado um aumento gradual nas infecções desde outubro, mas que o registrado na semana de 27 de dezembro a 2 de janeiro foi sem precedentes. Apesar do aumento nos casos, o número de novas mortes diminuiu 10%, segundo o boletim da OMS.