Aparecida

Editorial: A falta que Maguito faz

Um ano depois da sua morte, vê-se que Maguito Vilela faz falta à política em Goiás. Sua carreira como vereador, deputado estadual, deputado federal, vice-governador, governador, senador e prefeito de Aparecida por dois mandatos o transformou em um líder visionário e amadurecido, que venceu a eleição para prefeito de Goiânia em 2020 com base exatamente nessas características – infelizmente não assumindo o cargo por ter sido acometido pela tragédia da Covid-19.

Para Aparecida, em especial, Maguito deixou um legado de obras e realizações que consolidaram as suas gestões como as mais produtivas da história do município. Há marcas físicas da sua administração por toda a cidade. No entanto, onde ele mais criou uma identidade foi na autoestima do povo aparecidense, que parou de se enxergar como um centro urbano carregado de problemas e desafios e de repente se viu em um lugar a caminho da modernização.

Maguito ensinou que não havia obstáculos que Aparecida não pudesse superar. Só a implantação dos polos industriais, sob o seu comando, seria suficiente para inscrever o seu nome na galeria dos maiores gestores municipais do Estado, ao colocar o município como potência econômica em pé de igualdade com Anápolis quanto ao tamanho do seu PIB – Produto Interno Bruto. Mendanha, em quase cinco anos de mandato, não criou nenhum nem atraiu empresas de grande porte.

São muitas as lições que Maguito passou para o sucessor que escolheu, o sr. Gustavo Mendanha, que, no entanto, não as aproveitou. A começar pelo espírito de humildade, revestido da necessária paciência para ouvir a todos e levar em consideração cada demanda, cada pedido, cada reivindicação – coisa que falta a Mendanha, que não recebe as categorias profissionais da prefeitura para negociar seus anseios nem ausculta os moradores dos bairros para oferecer soluções para as suas aflições do dia a dia, que são muitas, originadas quase sempre na falta de infraestrutura para garantir conforto na vida cotidiana.

A tirania do atual prefeito, que contraditoriamente se apresenta como candidato a liderança estadual prometendo ouvir todos os goianos, o que não faz no seu quintal, pode ser vista também na cooptação rasteira da classe política aparecidense, proibida de abrir a boca sob pena de perder as benesses que aufere mensalmente na folha de pagamento da Cidade Administrativa. Graças a isso, não existe oposição em Aparecida, fazendo com que a administração reitere desmandos sem uma voz crítica para apontar os erros e desacertos – com exceção do Diário de Aparecida, cumprindo a sua missão jornalística de bem informar a população e abrir canais para a manifestação livre e democrática que é negada pela prefeitura.

Há um quadro de Maguito na parede principal do gabinete de Mendanha, mas é só uma peça de decoração, quando deveria ser a presença viva e imortal do exemplo de um homem que soube honrar os mandatos que recebeu para governar Aparecida. Não à toa, Mendanha só posa de costas para a imagem do seu antecessor, nas fotos que publica dentro do marketing intenso que faz nas redes sociais. De costas. Ele não aprendeu nada com Maguito. Ou o pouco que aprendeu, esqueceu. Está provado, hoje, que o atual prefeito aparecidense não estava à altura do seu mestre.

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