Sem partido e apoios de peso, Mendanha também não conseguiu formular propostas
Prefeito está há quase um ano em pré-campanha, mas até hoje não conseguiu apresentar um projeto alternativo de poder e mostrar quais são as suas ideias
Da Redação
Em quase um ano de pré-campanha, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha só conseguiu o apoio de um dentre os 246 prefeitos goianos: Major Edelcírio, do PDT, que administra São Luiz dos Montes Belos.
Mas essa adesão – que nem está plenamente confirmada ainda – a Mendanha acabou chamando atenção para uma das falhas mais gritantes do projeto político do prefeito de Aparecida: a ausência de ideias e propostas para o futuro de Goiás.
Anotem aí, leitores: Major Edelcírio resolveu apoiar Mendanha, segundo as suas palavras textuais, porque “analisei os projetos de governo do Gustavo Mendanha e achei excelentes, na Saúde, Social e Segurança Pública. Esse é o melhor projeto para Goiás. Quero hipotecar meio apoio à sua pré-candidatura”, disse ele, na única declaração que deu sobre a sua decisão.
Mas é aí que a porca torce o rabo, para usar uma expressão popular. Quais são os “projetos de governo” que o prefeito classificou como “excelentes” e ainda detalhou como “na Saúde, Social e Segurança Pública”?
Não é fácil responder a essa pergunta. Mendanha, em quase um ano de pré-campanha, nunca detalhou uma única proposta sequer para Goiás. Nesse período, fez dezenas de lives na internet, publicou centenas de posts nas redes sociais, deu entrevistas quase que diariamente à Imprensa e pronunciou discursos tanto em Aparecida como em mais de uma centena de municípios, que visitou para reuniões políticas nos últimos meses – o que acabou gerando desgastes para ele, vale lembrar, por viajar em horário de expediente, abandonando as suas obrigações de prefeito.
Ninguém é capaz de apontar e, menos ainda, detalhar os tais “projetos de governo” que, segundo o prefeito de São Luiz de Montes Belos, o convenceram a apoiar Mendanha. Como, se o próprio pré-candidato jamais se deu ao trabalho de enunciar qualquer uma das suas ideias, se é que as tem, para melhorar a vida da população goiana.
A cabeça de Mendanha é um papo de anjo quanto a conteúdo, ou seja, carente de qualquer inovação ou criatividade no que diz respeito a ideias. Ele só sabe repetir clichês, tipo “pensar Goiás”, “devolver a alegria ao povo”, “meu sonho é ver o povo feliz”, “vamos criar incentivos para atrair mais empresas” e outras generalidades que só fazem revelar uma enorme pobreza de espírito.
Ele não é alguém capaz de fundamentar suas falas com conceitos, números ou avaliações da realidade do Estado e dos seus habitantes. E mal sabe fazer isso em relação ao município que administra. É assim, por exemplo, que não conseguiu responder às críticas que recebeu diante dos levantamentos de instituições nacionais que apontaram o declínio de Aparecida na sua gestão – o município caiu em investimentos, competitividade econômica, inovação tecnológica, oferta de empregos e abrangência e qualidade da Educação. Um verdadeiro desastre.
Que Mendanha não consegue explicar. Como postulante ao governo do Estado pela oposição, ele teria a obrigação de apresentar um projeto alternativo de poder, no mínimo incluindo uma reflexão nova sobre os problemas e desafios que se colocam para Goiás. No entanto, não o fez, pelo menos até agora.
Formado em Educação Física, Mendanha não tem estofo intelectual, sendo também homem de pouca ou nenhuma leitura. Quando abre a boca, fica evidente o deserto de conceitos e concepções que é a sua mente, desnudando um político alpinista que usou as amizades e o apoio recebido no passado para escalar posições para as quais não tem o menor preparo, por absoluta falta de luzes no cérebro (ele costuma informar, corajosamente, que só leu um livro até hoje, “O Fazedor de Cercas”, de Floro Andrade, na simplória linha de autoajuda).
O Diário de Aparecida vai continuar à espera das propostas de Mendanha. Ou então que o prefeito Major Edelcírio dê a informação: quais os “projetos de governo” que o levaram a se “entusiasmar” com a candidatura do colega de Aparecida?
Em comparação com Goiânia, a gestão de Aparecida está totalmente paralisada
Enquanto o prefeito de Goiânia Rogério Cruz, com um ano de mandato, já cumpriu várias das promessas de campanha que fez junto com titular da chapa, Maguito Vilela, que faleceu devido ao novo coronavírus, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, no mesmo prazo, ainda não deu um passo para efetivar qualquer um dos compromissos que fez com a população para conquistar o 2º mandato.
Para piorar as coisas para Mendanha: ele concluiu o 1º mandato com um passivo elevado de compromissos em aberto, ou seja, promessas que fez na campanha de 2016 e também não tirou do papel – como o asfaltamento de todos os bairros, hoje longe da realidade, deixando Aparecida com um número muito grande de ruas na poeira e na lama.
Gustavo Mendanha, para conseguir a recondução a mais 4 anos, foi embalado por uma elevada aprovação e índices confortáveis nas pesquisas, o que o levaram, na prática, a adquirir a confiança necessária para dar pouca atenção a Aparecida passar o último ano viajando para outros municípios, atrás de apoio para o seu projeto político. Muitas vezes, em horário de expediente.
Ele tem sido muito criticado por “abandonar” Aparecida e se dedicar ao turismo político. Nas duas últimas semanas, por exemplo, foi em dias úteis para Quirinópolis, para participar de uma Folia de Reis, e para um encontro promovido por um candidato derrotado a prefeito, Emerson da Auto Vip, em Goianésia.
Em Aparecida, tudo parou. As chuvas e o avanço da Ômicron trouxeram o caos para a população. O próprio Mendanha, com arrogância, disse que vai continuar viajando, mesmo reconhecendo que a sua presença seria necessária na administração do município que ele largou ao léu.