Aparecida sem limites: prefeitura liberou festa automotiva para até 3 mil pessoas
Evento neste fim de semana durou mais de oito horas e, por trás, pode ter tido grupos políticos atuando para a autorização dada pela Secretaria de Meio-Ambiente
Ana Paula Arantes
Uma festa promovida pela empresa de som automotivo AbelVolks, em Aparecida, do sábado, 21, para o domingo, 22, no chamado Green Park Music, na Fazenda Santo Antônio, Km 7, Estrada Velha para Bela Vista, Setor Rural Vale das Pombas, em Aparecida, contou com autorização da prefeitura de Aparecida, mesmo sabendo que, com o município na zona laranja no mapa de calor da Secretaria Estadual de Saúde, devido ao avanço da Ômicron, eventos com mais de mil pessoas não deveriam ser permitidos.
Postagens de fotos, vídeos e comentários nas redes sociais mostram claramente que as 3.000 pessoas liberadas como lotação máxima, pela Secretaria municipal de Meio-Ambiente, efetivamente compareceram. Nas imagens postadas pela empresa promotora, vê-se claramente que ninguém usava máscaras de proteção facial.
As postagens despertaram comentários negativos. Um internauta comentou: “Segurança como, com um monte de gente ali sem máscara? Se um só tivesse Covid, passou para umas 2 mil pessoas”. Outro comentou, “Só deu Covid nesse lugar”.
Na manhã de domingo, a Polícia Militar foi acionada para fechar a festa, por motivo de descumprimento das normas de biossegurança, sendo uma delas a proibição de aglomeração. A assessoria da PM-GO, comando de Aparecida, confirmou uma operação no local, porém um balanço ainda não havia sido fechado para divulgação.
O secretário de Meio-Ambiente de Aparecida, Claudio Everson, disse, após a festa, ao Diário de Aparecida que precisa de certificar, nesta segunda, 24, se a autorização para a festa obedeceu a todas as exigências de segurança sanitária. Ele não sabia detalhes sobre o documento que ele mesmo assinou, no qual consta que a “expectativa de público” seria de 3 mil pessoas.
Mas o alvará de liberação do evento, a que o Diário de Aparecida, diz que os promotores da festa estariam obrigados a cumprir todas “as portarias vigentes neste município para o combate a Covid-19”, genericamente.
Nos bastidores, houve comentários de que grupos políticos de importância dentro da prefeitura estariam por trás da autorização para a festa e teria pressionado também para suspender a operação da PM-GO na saída do evento, sem sucesso.
Eventos massivos, neste momento, são irresponsáveis e danosos para à saúde da população
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou neste sábado, 22, que Aparecida de Goiânia está entre 23 cidades com indicação para suspender todas as atividades não essenciais e reduzir a capacidade de locais de grande circulação de pessoas como medida de contenção contra a Covid-19. Com a piora dos números de contagiados no município chegaram a 300 casos em 24 horas, até às 17 horas do último dia 17.
Com todos os postos de atendimento médico da prefeitura superlotados, as autoridades municipais ainda não tomaram qualquer medida para conter a disseminação da variante Ômicron em Aparecida – ao contrário de Goiânia, onde a prefeitura da capital já adotou uma série de providências para conter o novo avanço do vírus.
Há 18 dias, Aparecida entrou no noticiário nacional ao registrar a 1ª morte por Ômicron no Brasil. O óbito foi notificado ao Ministério da Saúde. A vítima foi um idoso de 68 anos portador de doença pulmonar obstrutiva crônica e hipertensão arterial. Em 6 de janeiro, data do óbito, havia 55 casos da doença registrados na cidade, com prevalência da variante em 93,5% dos casos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta no mesmo dia que a variante Ômicron pode ser menos grave, mas não deve ser classificada como “leve”.
A Secretaria Municipal de Comunicação de Aparecida de Goiânia (SEMMA), acionada pelo Diário de Aparecida, até o fechamento desta edição, manteve a sua tradicional omissão e não respondeu a solicitação de esclarecimentos a autorização da prefeitura para um evento com 3 mil pessoas, em momento de plena retomada da pandemia. (A.P.A.)