Aparecida

Grandes partidos refugam Mendanha, que só conta com os nanicos PTC e DC

Prefeito deixou o MDB gabando-se de ser assediado por 12 legendas, mas só encontrou portas fechadas e hoje só tem chances com siglas de aluguel como PTC e DC

Da Redação

Quatro meses depois de ter deixado o MDB e anunciado que logo no início de 2022 se filiaria a um novo partido político para disputar as eleições de outubro, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha continua sem qualquer definição nesse sentido e parece longe de ter chegado a uma conclusão sobre qual legenda ingressar.

Mendanha, que se gabava de ter convites de 12 siglas, acabou encontrando apenas os nanicos PTC e DC dispostos a recebê-lo incondicionalmente. E vem batendo cabeça atrás de dirigentes partidários nacionais, tentando até mesmo um encontro com o presidente Jair Bolsonaro para fazer barulho em torno da sua opção pelo PL – o que acabou não acontecendo.

O prefeito aparecidense vive dias de incerteza. A questão básica é que ele não sente firmeza para se filiar a qualquer partido, receoso de que, renunciando ao mandato de prefeito em 2 de abril próximo, exigência legal para a sua candidatura ao governo do Estado, se depare depois, na época das convenções que definirão o jogo final (de 20 de julho a 5 de outubro) com um ambiente hostil capaz de frustrar os seus projetos.

Nesse caso, teria jogado a prefeitura de Aparecida para o ar em troca de nada. São dois anos e nove meses de mandato que estariam perdidos à frente do 3º maior orçamento público do Estado e do 2º maior colégio eleitoral de Goiás.

Caso venha a optar por um dos partidos nanicos que estão à sua disposição, Mendanha poderá até se candidatar, mas não contará com nenhuma estrutura e muito menos participação no horário gratuito de propaganda eleitoral no rádio e televisão ou acesso ao fundo partidário e suas verbas para a financiar campanha.

Hoje, ninguém, nem o próprio Mendanha, sabe a qual partido se filiará. O prefeito segue no escuro, assediando presidentes de diretórios nacionais como Valdemar Costa Neto, do PL; Ciro Nogueira, do PP; e Renata Abreu, do PP. Nenhum deu a ele qualquer garantia de que, filiando-se até 2 de abril, será de fato o candidato a governador de Goiás das suas respectivas agremiações, avalizado pelas convenções de julho/agosto. A situação do prefeito é dramática e pode levar à uma humilhante desistência, afastando-se com o rabo entre as pernas da disputa pelo Palácio das Esmeraldas. Vejamos um resumo;

PL – Parecia o partido certo e seguro para Mendanha se candidatar a governador, mas só… parecia. Levado pela deputada federal Magda Mofatto, que comanda a legenda a Goiás, ele se encontrou com o presidente nacional Valdemar Costa Neto, que não quis resolver nada e sugeriu mais conversas. Por quê? Ora, a resposta é que o PL recebeu a filiação do presidente Jair Bolsonaro com o compromisso de entregar a ele a definição das candidaturas majoritárias em cada Estado. Aí complicou: Bolsonaro é intimamente ligado ao deputado federal Major Vitor Hugo, que alimenta a esperança de disputar o governo de Goiás representando a base bolsonarista. Vitor Hugo detesta Mendanha, a quem acusa de oportunista interessado em apenas usar o prestígio que resta ao presidente, para traí-lo no futuro.

PP – O presidente nacional do Progressista Ciro Nogueira foi curto e grosso na conversa com Mendanha: o diretório goiano, cujo presidente é o ex-ministro Alexandre Baldy, é quem resolve sobre as candidaturas majoritárias no Estado. Baldy tem pré-acordo com o governador Ronaldo Caiado para apoiar a sua reeleição. O fiador da aliança é o seu irmão, Joel Sant’anna Braga, nomeado por Caiado para a Secretaria da Indústria & Comércio.

Podemos – Renata Abreu, presidente nacional do partido, entregou a presidência em Goiás para um indicado de Mendanha, o seu vice Vilmar Mariano. Mas isso não representa garantia alguma para o prefeito aparecidense: o Podemos discute em Brasília uma federação com o União Brasil. As duas legendas são muito próximas. Se houver essa aliança, o Podemos cai na base de apoio do governador Ronaldo Caiado, presidente do União Brasil em Goiás.

Republicanos – Dizem que é o sonho de consumo de Mendanha, pela boa estrutura que tem no Estado e nacionalmente. O problema é que o projeto prioritário do partido é a reeleição do prefeito de Goiânia Rogério Cruz, em 2024, que o colega aparecidense pode atrapalhar: ele mesmo já disse que, disputando e perdendo a governadoria, teria como alternativa disputar a prefeitura da capital no mesmo pleito em que Cruz vai buscar mais um mandato. Por que o Republicanos apoiaria Mendanha, agora, criando uma cobra perigosa para o futuro?

Secretariado se divide: cresce o número dos que apoiam a desistência do prefeito

O prefeito Gustavo Mendanha tem poucos e raros interlocutores fora de Aparecida. Todas as suas decisões administrativas e políticas são tomadas no contexto da sua própria equipe de auxiliares, principalmente os titulares das pastas da Fazenda André Rosa e da Articulação Política Tatá Teixeira.

Foram eles que incentivaram o lançamento de Mendanha como candidato a governador e participaram de perto da sua movimentação, até agora. Mas, a interlocutores privilegiados, os dois passaram a manifestar dúvidas sobre a continuidade do projeto político do prefeito, diante das dificuldades para viabilizar uma estrutura capaz de sustentar uma candidatura majoritária nas eleições de outubro próximo.

Corre em Aparecida que André Rosa e Tatá Teixeira não durariam nem um mês nas suas secretarias caso o vice Vilmar Mariano, de quem são desafetos, assuma a prefeitura. Rosa, na semana passada, desqualificou Vilmarzim publicamente, ao dizer em uma reunião com representantes da Guarda Municipal que ele não tinha autoridade para interferir nas negociações com o grupo (que reivindica direitos trabalhistas).

Com Tatá Teixeira, é muito pior. Tatá não apoiou a sua indicação de Vilmarzim para a chama de Mendanha – Tatá queria o seu próprio nome – e conspira em tempo integral para esvaziar a influência do vice. Foi ele quem articulou a antecipação da eleição do futuro presidente da Câmara, vencida por André Fortaleza, que assim permanecerá no cargo até o final do mandato de Vilmarzim, caso assuma, e servirá de freio para as suas ações.

Mas tudo isso, como se disse, se Mendanha renunciar ao mandato. É por isso que a nova conversa agora, nos bastidores da Cidade Administrativa, aponta para a hipótese de desistência, sob o argumento de que o prefeito já conseguiu projeção suficiente para se inserir no debate político estadual e não deveria abrir mão dos dois anos e meio de mandato que ainda restariam. André Rosa, mais realista, é o formulador da ideia. Tatá Teixeira, conhecido por não contrariar Mendanha, aderiu, embora sem ainda ter comunicado ao chefe.

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