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Sandro Mabel critica falta de política de incentivo à industrialização de matérias-primas em Goiás

“Falta uma visão do governo estadual, que é a visão que Mato Grosso do Sul está tendo, e vem crescendo abrindo novas indústrias, mais investimentos. As fronteiras agrícolas de lá estão expandindo, Mato Grosso do Sul está passando Goiás em quase tudo, porque lá eles não deixam exportar como se exporta aqui em Goiás, onde a matéria-prima vai toda in natura para China e nós ficamos sem produtos para industrializar. Se não tem produto, não tem indústria.”

A declaração foi feita pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, ao participar, segunda-feira (07/02), do programa Jackson Abrão Entrevista, do jornal O Popular, no qual falou sobre demandas do setor industrial, perspectivas para a economia e sobre política partidária.

Durante a entrevista, veiculada na página do Facebook do jornal, o líder classista criticou a falta de uma política de incentivo à industrialização em Goiás de matérias-primas como grãos e minérios e, na contramão, o estímulo à exportação in natura, sem agregação de valor aos produtos goianos, sem geração de impostos, emprego e riquezas no Estado.

“No ano passado, Goiás importou 100 mil toneladas de óleo bruto da Argentina, sendo que a soja está aqui em Goiás e nós importando óleo bruto de soja da Argentina para fabricar óleo e distribuir aqui, enquanto nossa soja vai in natura para China, sem agregar nenhum centavo de valor, nem de impostos, nem de salários. Isso tem que ser mudado. É preciso ter vontade política para isso”, disse.

Moda

Um dos pilares estratégicos definidos pela atual gestão da Fieg, o maior desenvolvimento da indústria da moda goiana, já referência no País, foi apontado por Sandro Mabel como aposta capaz de promover avanço da economia goiana. Indagado por Jackson Abrão sobre como viabilizar o propósito de tornar Goiânia “a capital da moda”, ele citou ações como a criação pela Fieg da Câmara Setorial da Moda (Casmoda) e os investimentos do Senai no campo da educação profissional, a exemplo do recém-inaugurado bloco do vestuário da Faculdade Senai Ítalo Bologna, em Goiânia – unidade referência na formação de profissionais para o setor.

“Nós inauguramos recentemente um laboratório com máquinas moderníssimas, inclusive com impressoras 3D. São máquinas de programação, além de uma estrutura mais moderna, costuras mais modernas, […] isso exige treinamento. Então, o Senai tem investido muito forte. A oficina que colocamos em funcionamento na Faculdade Senai Ítalo Bologna custou R$ 4 milhões, investidos para formar o pessoal de designer e costura, com equipamentos de última geração. É um incentivo que estamos fazendo também em várias cidades, por meio de parcerias, para tornar Goiás o Estado da Moda”, reforçou.

Financiamento industrial

O presidente da Fieg comentou sobre recente mobilização da federação e outras entidades co-irmãs no sentido de mudar as regras na concessão de empréstimos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), visando proporcionar ao setor industrial, de comércio e serviços o mesmo tratamento concedido ao agronegócio, com taxas de juros mais acessíveis.

“O senador Vanderlan Cardoso pegou muito forte sobre esse assunto. Essa modificação lá no Conselho Monetário Nacional tem que acontecer, pois não é lei, é modificação que o conselho tem que fazer. É uma injustiça essa discriminação do industrial para o rural. O rural tem outras fontes de juros, tem o custeio da pecuária, da agricultura. E no FCO é a única fonte industrial que nós temos, e esse juro sai mais caro do que você pegar um empréstimo normal no banco”, disse, sobre a falta de tratamento igualitário do FCO a todos os segmentos produtivos.

Política

Indagado sobre pretensões políticas em ano de eleições, Sandro Mabel descartou qualquer candidatura e enfatizou que “não quero passar perto de política”. “Eu fiquei 28 anos, praticamente, dentro de algum cargo político e acho que já foi excelente”, disse ele, em referência à atuação como parlamentar. “Ajudei a trazer muitas coisas para Goiás. Agora, quero ajudar a Federação das Indústrias do Estado de Goiás. Estamos fazendo no Sesi e Senai uma educação espetacular. O que estamos fazendo para essas escolas em todo o Estado é a condição de formar alunos diferenciados que vão trabalhar nas indústrias. Quero fazer mais 20 escolas espalhadas no Estado para que nós possamos fazer muita profissionalização, ajudar a mineração, a parte da industrialização de uma maneira geral, todos os setores produtivos. Não quero passar perto de política”, afirmou.

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