Alta na demanda causa escassez de máquinas agrícolas no País
Produtores precisam antecipar pedidos pela falta de matéria-prima nas fábricas; demora para receber maquinários pode chegar a meses
Dois anos depois do aparecimento da covid-19, a indústria brasileira segue sofrendo impactos com o desabastecimento de insumos e matéria-prima. De acordo com a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre Mercado de Insumos e Matérias-Primas, divulgada em outubro do ano passado, mostra que as dificuldades de abastecimento atingem tanto as empresas que utilizam insumos nacionais quanto aquelas que usam os importados.
O levantamento trouxe que 72% das empresas encontraram dificuldade ou muita dificuldade para acessá-los. E o agronegócio não ficou de fora. Apesar da alta demanda em máquinas e equipamentos, as empresas relatam dificuldades para não deixar o cliente na mão.
Mesmo com a pandemia, o produtor não parou de trabalhar e, nos últimos dois anos, houve recorde de grãos na safra brasileira – 289,6 milhões de toneladas somente na safra 2021/2022 – e crescimento de 30% de comercialização de equipamentos, de acordo com uma empresa de máquinas agrícolas e sistemas de irrigação. Porém, com essa dificuldade para encontrar peças e componentes importados para concluir a montagem, o produtor precisa se programar.
Segundo Marcilei Faria, gerente corporativo de máquinas agrícolas, a demanda alta refere-se aos investimentos que os produtores estão fazendo, na migração daqueles que estavam na pecuária para a agricultura, além da renovação do maquinário. “Aqui em Goiás, predomina o pequeno e médio produtor. Com o aumento da safrinha, temos a melhoria na rentabilidade dos produtores. Aconselho o produtor a se planejar. Aquele que precisar de máquina terá que se programar por falta de disponibilidade”, explicou.
Meses de espera
De acordo com o agricultor Mateus de Jesus Hernandes, de Catalão (GO), desde setembro, ele aguarda ansioso pela entrega de uma máquina pela fábrica. “Estamos na colheita e ansiosos para receber o maquinário. Estou me programando, já pedi duas plantadeiras em janeiro para ser entregue em setembro”.
Ele, que produz soja, milho, girassol e sorgo, está de olho em outra colheitadeira para a próxima safra e vai antecipar o pedido. “Estamos tentando antecipar a compra de maquinário e realizei a programação de um equipamento agrícola Case IH 7250 vislumbrando o cenário de preparação para obter mais qualidade e produtividade no campo”, disse.
Cenário positivo
Marcilei Faria explica que o produtor teve um incremento na renda, com sobra de caixa e investe em maquinário. “Temos clientes migrando de um setor para o outro, renovando a frota e aumentando a quantidade de máquinas para realizar a operação de maneira mais rápida e visando aumentar a rentabilidade. Mesmo com o aumento dos custos, o produtor vai conseguir por conta da produtividade. Temos uma safrinha pela frente, o cenário é positivo. Esse ano será muito bom para a comercialização de máquinas agrícolas”, avalia o gerente da empresa.
As revendas precisam fazer uma programação com a fábrica, para conseguir ter disponibilidade para comercialização. “A partir de fevereiro temos máquinas para entregar. Acreditamos em um ano de mercado similar ao do ano passado. Há uma pequena redução na margem de lucro, mas o negócio ainda vai ser rentável. A colheita de soja começou e o resultado está sendo fantástico com uma ótima safra. O mercado continua com uma demanda alta, porém, o produtor vai manter rentabilidade, e continuar a fazer investimentos”, concluiu Faria.
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