Com 5 anos de mandato, Mendanha não fez uma única obra em Aparecida
Em quase 2 mil dias de gestão, atual prefeito não conseguiu uma marca ou identidade para caracterizar a sua administração
Da Redação
Gustavo Mendanha começou a governar Aparecida em 1º de janeiro de 2017. Hoje, cinco anos depois, já cumprindo o seu 2º mandato, não tem uma obra de impacto para apresentar como saldo positivo da sua gestão para o município.
As obras que Mendanha apresenta como vitrine da sua administração não foram feitas por ele e sim pelo seu antecessor, Maguito Vilela, um dos prefeitos mais realizadores da história de Aparecida.
Não foi à toa que Daniel Vilela, filho e herdeiro político de Maguito, além de candidato a vice na chapa da reeleição do governador Ronaldo Caiado, tem dito que o seu papel é mostrar para os aparecidenses que tudo o que foi feito de importante na cidade, de 15 anos para cá, não tem a participação de Mendanha.
“Na campanha que se aproxima, vamos mostrar que as obras impactantes para o desenvolvimento de Aparecida são de responsabilidade de Maguito e não dele, Mendanha”, disse Daniel Vilela em uma entrevista ao Diário de Aparecida. Também não foi por acaso que Gustavo Mendanha esvaziou rapidamente as conversas sobre batizar o Hospital Municipal, o HMAP, com o nome de Maguito, como homenagem póstuma depois que ele foi levado pela Covid-19.
Mendanha quis evitar que o HMAP ficasse identificado com o seu construtor: Maguito, com recursos federais que ele levantou graças ao seu prestígio junto ao governo federal, edificou o hospital, que entrou em funcionamento já na gestão do seu sucessor – e não ainda na sua – apenas porque os equipamentos comprados no exterior em sua maioria foram enviados de navio e demoraram a chegar.
Mesmo assim, o prefeito sempre deixou no ar que a obra era sua. “Gustavo aposta no HMAP e na saúde para se cacifar para 2022” foi o título de uma entrevista que ele deu ao Jornal Opção, em março do ano passado, quando dava os primeiros passos que o levariam a romper com Daniel Vilela, deixar o MDB e assumir a pré-candidatura ao governo do Estado.
Mas o HMAP não é obra de Mendanha. Ele prometeu nas suas duas campanhas construir um Hospital do Câncer em Aparecida, mas não moveu uma palha. Se tivesse encarado a obra, essa, sim, seria dele. Mendanha também não implantou também nenhuma das 6 avenidas que prometeu, dentro da estratégia urbana dos eixos estruturantes iniciada por Maguito. Ooooops… construiu um viaduto (na Avenida São Paulo, batizado de Viaduto João Antônio Borges), mas sintomaticamente com recursos que foram destinados para Aparecida através de emendas orçamentárias de Daniel Vilela, quando era deputado federal.
Para piorar, Mendanha prometeu construir uma galeria de arte no local, mas não o fez. Seria uma pequena obra, porém inovadora, mas nada aconteceu. Foi só mais uma promessa não cumprida de Mendanha. Mendanha, em cinco anos de gestão, não asfaltou inteiramente um único bairro. E ele, nas campanhas para o 1º e o 2º mandatos, se comprometeu a asfaltar todos. De novo, uma promessa não cumprida.
Sim, ele inaugurou o prédio onde funciona a prefeitura, chamado pomposamente de Cidade Administrativa, em 2019, no 2º ano do seu mandato. Mas a assinatura de Maguito está na obra. Foi ele quem levantou os recursos, através de um financiamento que obteve em 2016, último ano do seu mandato, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no valor de R$ 19,3 milhões. Maguito também deixou prontos todos os projetos e até a licitação para a execução da obra.
O próprio Mendanha, ao inaugurar a Cidade Administrativa, atribuiu os louros ao seu antecessor: “O ex-prefeito Maguito deu início ao processo de construção do novo prédio da prefeitura e no início da minha gestão comecei a obra que estamos entregando à população”, reconheceu.
Políticos não sabem apontar nada de relevante feito pelo atual prefeito
O Diário de Aparecida perguntou a vários políticos de Aparecida, entre os quais vereadores e atuais secretários da prefeitura, se alguém era capaz de apontar alguma obra importante para o município nos últimos 5 anos, período em que Gustavo Mendanha vem respondendo pela gestão da cidade.
Fenômeno: todos correram da raia, pedindo, em alguns casos quase implorando, para que os seus nomes fossem excluídos da reportagem.
A explicação para esse comportamento não é difícil, já que em Aparecida a classe política foi integralmente cooptada por Mendanha, através da farta distribuição de cargos comissionados para toda e qualquer liderança, de porte médio para cima. Mas em conversas informais, ninguém soube citar uma obra de destaque do atual prefeito. Houve quem citasse o Hospital Municipal, construído por Maguito Vilela. E muitos apontaram o Viaduto João Antônio Borges, na Avenida São Paulo, que custou R$ 13 milhões de reais, graças a recursos federais encaminhados pelo então deputado federal Daniel Vilela.
Houve uma alta autoridade da prefeitura que apontou os 6 eixos estruturantes (ou avenidas), esquecendo-se de que estão em construção (na verdade, um foi iniciado e dois planejados, enquanto os três restantes continuam no papel).
Na área da Educação, Mendanha conseguiu uma façanha: até agora, não construiu nenhum CMEI. Os poucos que ele acrescentou à rede de Educação Infantil deixada por Maguito resultaram de convênios com entidades religiosas ou assistenciais, que estão, a propósito, sob o crivo do Ministério Público Estadual devido aos seus elevados valores.
Em resumo, depois de pouco mais de 5 anos ou 61 meses ou 1.865 dias como prefeito de Aparecida, a verdade é que Mendanha não tem uma obra relevante para apresentar e por isso sua gestão segue sem uma marca ou identidade. O que tem complicado a sua pré-candidatura a governador, já que o seu currículo administrativo, como se vê, é vazio.