“Marconi deve prestar contas à Justiça e à Polícia Federal por todos os seus atos”, afirmou Caiado
Governador diz que seu dever é dar explicações da gestão à população goiana, principalmente em relação à “herança maldita” que recebeu em 2019, e descarta proposta de debate com o ex-governador tucano
Helton Lenine
O governador Ronaldo Caiado (União Brasil), ao ser informado da intenção do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) de pedir um debate com ele sobre a gestão do governo de Goiás, foi peremptório: “Eu tenho que prestar contas à minha população do Estado de Goiás. Ele tem que prestar contas para a Justiça e para a Polícia Federal”, disse, em alusão aos vários processos que pesam sobre o ex-governador.
Segundo Caiado, só depois de resolver todo o seu passivo jurídico é que o tucano teria condições de voltar ao debate político em Goiás. O governador lembrou que herdou o Estado da gestão tucana numa situação de completo caos fiscal e financeiro. “Eu tinha, em dívidas imediatas, mais de R$ 7 bilhões para pagar. Quem diz isso não sou eu, é o relatório do Tribunal de Contas. E havia no caixa do Estado apenas R$ 11 milhões”, explicou Ronaldo Caiado.
Segundo o chefe do executivo goiano, a má gestão de Marconi Perillo durante os 16 anos que comandou Goiás resultou no colapso das contas públicas goianas, o que o obrigou a renegociar as dívidas deixadas pelo antecessor. Em dezembro último, o governo de Caiado conseguiu a homologação da entrada de Goiás no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do Governo Federal, que permitiu o reordenamento do pagamento dos serviços à dívida, que já consumia cerca de 12,5% da Receita Corrente Líquida do Estado.
O governador lembrou, também, episódios que ele caracteriza como verdadeira “dilapidação” do patrimônio público dos goianos, como foi o caso da venda da Celg-D por apenas R$ 1,1 bilhão, valor que representou apenas 17% do valor de mercado da maior empresa goiana em 2010, quando a estatal esteve prestes a ter sua situação sanada pelo governo Alcides Rodrigues, o que não ocorreu por conta da interferência do então governador eleito, Marconi Perillo.
“Veja bem. Eles venderam a maior empresa goiana por R$ 1,1 bilhão e deixaram um passivo para o Estado de R$ 7,5 bilhões. Eu vendi agora uma pequena parcela da Celg, a Celg-T, uma empresa 30 vezes menor do que a Celg-D, por R$ 2,113 bilhões e estou depositando 100% desse valor no fundo de previdência dos servidores”, relembrou.
Dívidas da gestão passada foram parceladas por Caiado
O governo de Goiás, por meio das Secretarias de Estado da Saúde (SES-GO) e da Economia, celebrou, em 2019, Termo de Ajuste de Gestão (TAG) com o Tribunal de Contas do Estado (TCE) para pagar dívida de R$ 138.684.080,06 deixada pela gestão passada, entre os anos de 2016 e 2018. “Quando você tem responsabilidade fiscal, você dá garantia ao cidadão de que está aplicando corretamente o dinheiro. Estamos botando a casa em ordem”, afirma o governador Ronaldo Caiado.
O valor é referente às contrapartidas estaduais obrigatórias para execução de ações e serviços de saúde nos 246 municípios goianos. Segundo o acordo, o montante será dividido em 12 parcelas mensais, a serem pagas durante todo o ano de 2022. Mensalmente, a Secretaria da Economia deverá liberar o valor de R$ 11.557.006,67 para que a SES-GO disponibilize os repasses, por meio do Fundo Estadual de Saúde, aos respectivos Fundos Municipais de Saúde.
Os secretários de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino; e da Economia, Cristiane Schmidt; o presidente do TCE, conselheiro Edson Ferrari; e o conselheiro Kennedy de Sousa Trindade assinam o TAG. O acordo também tem anuência dos presidentes da Associação Goiana de Municípios (AGM), Carlão da Fox, e da Federação Goiana de Municípios (FGM), Haroldo Naves.