Aparecida de Goiânia tem 18 áreas de risco e 25 pontos de alagamento
De acordo com o levantamento, 470 pessoas vivem nessas regiões na cidade
População vive com medo e critica omissão da prefeitura. Fotos: Eduardo Marques/Diário de Aparecida.
Eduardo Marques
Dados divulgados pela Superintendência de Proteção e Defesa Civil de Aparecida de Goiânia revelam que há 18 áreas de risco e 25 pontos de alagamento no município. De acordo com o levantamento, 470 pessoas vivem em regiões de risco na cidade, em 142 moradias espalhadas em diferentes áreas dos bairros monitorados. População que mora nesses locais vive à beiradas erosões e estão sujeitas ao perigo com as chuvas. Aparecidenses criticam omissão da prefeitura.
A Defesa Civil de Aparecida ressalta que os pontos de alagamento têm relação com água acumulada no leito das ruas e no perímetro urbano por fortes precipitações pluviométricas, em cidades com sistemas de drenagem deficientes. Já, de risco são zonas consideradas impróprias ao assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturais ou decorrentes da ação humana. Ou ainda região onde existe a possibilidade de ocorrência de eventos adversos.
Uma dessas áreas está localizada entre o Setor Tocantins e o Parque São Jorge, na rua X-64 à beira do Córrego Santa Rita. Moradores temem ficar sem suas casas a cada período chuvoso. A área é uma ocupação sobre um bueiro celular triplo e está em Área de Proteção Ambiental (APP). O local tem risco de alagamentos e desmoronamento dos imóveis. A cratera erodida ainda é utilizada para descarte de resíduos sólidos e esgoto, que torna a área insalubre. A reportagem do Diário de Aparecida esteve no local e constatou que a cratera não parava de aumentar.
Enchentes
Na ocasião, os moradores do bairro relataram perda de eletrodomésticos por causa da água que invadiu as casas à beira do córrego. Alguns deles temiam que os alagamentos causassem choques elétricos dentro de suas próprias residências. Com a volta do período chuvoso, o perigo da força destrutiva das enchentes volta a aterrorizar os residentes.
Crianças que moram no local brincam à beira da erosão e estão sujeitas ao perigo da área. Moradores da região temem que elas possam sofrer acidentes por conta da erosão. Eles dizem também que temem perder as suas casas nas próximas chuvas. Outro alerta que moradores fazem é em relação a falta de consciência por parte da população, quando descarta resíduos na erosão. A cada dia que passa o problema só aumenta. O barracão do aposentado Cassimiro Silva Bastos, de 68 anos, está entre essas construções críticas que está próxima de desabar. Seu rosto cravado com olheiras demonstra preocupação cotidiana. Ele relata que a enorme cratera ameaça ruir as casas das famílias que passam dificuldades em morar em um lugar isolado pelo poder público.
“Aqui falta tudo: água, luz, telefone e quando chove nem carro consegue vir até aqui”, diz. Preocupado com as famílias que lá vivem, ele teme que a cratera ‘engula’ os barracões. “Essa cratera todo ano aumenta mais. Inclusive, quando chove ela vai abrindo ainda mais. Meu barracão só está aproximando dela”, relata.
Quando chove, a situação piora. “A água desce levando tudo que tem na frente. Esse entulho que está aqui na porta, o pessoal joga lá em cima e a água vem e carrega tudo aqui para baixo e cai dentro do córrego. A rua toda vira uma enxurrada e ninguém consegue passar”, conta.
Para o aposentado, o problema não estaria tão crítico se tivesse sido resolvido a tempo. “Isso aqui não era para estar assim se o governo tivesse tapado esse buraco quando ele estava pequeno. Nada foi feito e agora a gente está aqui, com medo e correndo risco de vida”, afirma.
Outro ponto crítico na cidade está localizado na rua Érico Veríssimo, na Cidade-Satélite São Luiz, próximo ao Córrego Buriti, que é considerado de risco alto. Por lá, vivem oito adultos e três adolescentes em quatro moradias. No local, há erosão provocada pela danificação do ponto de lançamento das águas pluviais. Essa erosão já atingiu a via pública e avança de modo gradativo em direção às residências.
Já na avenida W1, no Setor Santa Luzia, vivem 38 adultos e sete adolescentes em 13 moradias. Há risco de deslizamento, devido ao um processo erosivo, que pode atingir residências próximas ao bueiro celular duplo sob o Córrego do Açude. O processo erosivo avança com rapidez em direção às residências. Em 2014, técnicos realizaram um aterro próximo ao bueiro, porém o problema persiste. Em 2015, foi preciso interditar algumas residências.