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Igualdade profissional entre homens e mulheres só daqui há 80 anos?

Estudos comprovam que ainda hoje as mulheres sofrem com a desigualdade no mercado de trabalho em relação aos homens.

Fabiola Overrath diretora de Operações e Pessoas do Educbank

Fabiola Overrath 

diretora de Operações e Pessoas do Educbank

Inúmeros estudos comprovam que ainda hoje as mulheres sofrem com a desigualdade no mercado de trabalho em relação aos homens. A presença delas no mundo corporativo ainda é menor do que a dos homens. O Educbank – primeira plataforma financeira dedicada às escolas brasileiras – não apenas acredita em equidade de gênero, como nasceu a partir dela: Fabiola Overrath é uma das cofundadoras.

Fabiola, que ocupa atualmente o cargo de diretora de Operações e Pessoas do Educbank, acredita que ainda há uma longa jornada a ser travada. “Por mais que nos últimos anos tenha crescido a quantidade de mulheres à frente de empresas, as oportunidades para lideranças femininas ainda são muito baixas”.

No Brasil, segundo levantamento feito pela BR Rating, primeira agência de rating de governança corporativa do país, em uma pesquisa feita com 486 empresas — que empregam de 200 a 10 mil funcionários, sendo 59% de nacionais e 41% multinacionais —, apenas 16% das companhias têm mulheres em cargos de diretoria.

A baixa presença também fica evidente na comparação em quadros executivos: 42% das empresas contam apenas com homens em cargos executivos, enquanto 56% das companhias têm ambos ocupando essas vagas. Apenas 2% das empresas têm apenas mulheres em quadros executivos. Na média, o percentual feminino em cargos executivos é de 23%.

“Se analisarmos a proporção histórica, faz pouco tempo que algumas companhias começaram a criar programas de aceleração de lideranças femininas. É, sim, um pontapé inicial, mas para que haja equidade de fato, precisamos de conjuntura, isto é, um alinhamento entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil. Esse tripé precisa convergir sobre o mesmo tema e com os mesmos interesses”, acrescenta Fabiola.

O 8 de março, portanto, é um dia para reflexão a respeito de toda a desigualdade e a violência que as mulheres sofrem no Brasil e no mundo. “É um momento para combater o silenciamento que existe e que normaliza a desigualdade e as violências sofridas pelas mulheres, além de ser um momento para repensar atitudes e tentar construir uma sociedade sem desigualdade e preconceito de gênero”, complementa.

Fabiola iniciou sua trajetória na Ambev como vendedora e chegou até o cargo de Diretora de Gente e Gestão. Após 13 anos, ao acompanhar de perto o surgimento do Educbank, decidiu juntar forças para liderar a área de Operações e Pessoas do grupo.

Maternidade e mercado de trabalho: Fabiola é mãe e uma das cofundadoras do Educbank. Um estudo feito pela Rede Mulher Empreendedora mostrou que 75% das mulheres abrem uma empresa após a maternidade por ser a única maneira encontrada por elas para continuar trabalhando e tomando conta dos filhos.

Dados: De acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a presença das mulheres na direção das empresas cresceu tão pouco nas últimas duas décadas, que no ritmo atual levaria entre 100 e 200 anos para alcançar a igualdade de gênero nos altos cargos das companhias. A pesquisa comprovou que em 30% das empresas entrevistadas, não havia nenhuma mulher em sua direção e que em 65% das companhias, as mulheres representavam menos de 30% de todos os diretores. No Brasil a situação é pior, a pesquisa indicou que entre 5% e 10% das mulheres ocupam assentos nas direções.

Além disso, segundo o IBGE, as mulheres recebem 77% do salário dos homens e essa diferença é ainda mais elevada em cargos de liderança, como diretores e gerentes. Segundo o Relatório Global de Gênero do Fórum Econômico Mundial, no Brasil, 61,9% das mulheres e 80,1% dos homens compõem a força de trabalho, sendo que elas representam 39,4% dos cargos de gestão no país. Em pesquisa realizada pela Global Entrepreneurship Monitor 2020 em parceria com o Sebrae, dos 52 milhões de empreendedores no Brasil, 30 milhões (57,7%) são do sexo feminino. Ou seja, o levantamento indica que o Brasil é o sétimo país com mais empreendedoras no mundo.
Um levantamento feito pela Kantar e intitulado Índice de Diversidade de Gênero (IDG), aplicado em 18 países, constatou que apenas 10% das maiores empresas na Europa, com ações na Bolsa, têm postos de lideranças equiparados entre homens e mulheres. Pode-se dizer que os desafios são globais ou mais acentuados nos países em desenvolvimento?

De acordo com o estudo “Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas” – uma iniciativa do Instituto Ethos com o BID, lançada em 2016 –, a igualdade profissional entre homens e mulheres só será atingida em 80 anos (a partir da publicação), se tudo continuar nesse ritmo. Você acha que é possível reduzir essa janela de 8 décadas? O Dia Internacional da Mulher é comemorado foi oficializado pela Organização das Nações Unidas na década de 1970, a fim de simbolizar a luta histórica das mulheres que buscavam condições de vida equiparadas às dos homens.

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