Mendanha tenta uma mulher na vice para evitar críticas de “machismo” na prefeitura
Em 27 secretarias, prefeito tem 25 homens; além disso, em 5 anos e 3 meses de governo nunca implantou programas ou políticas afirmativas para o público feminino
Da Redação
O prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha (sem partido)não está empenhado apenas da busca desesperada por um partido político para sustentar a sua candidatura ao governo do Estado, mas busca também, com a mesma ansiedade, uma mulher para figurar na vaga de vice na sua chapa.
Além de tentar uma diferenciação, o objetivo de Mendanha é se antecipar a possíveis críticas ao “machismo” da sua gestão em Aparecida: em um secretariado de 27 pastas, apenas duas são ocupadas por mulheres (a primeira-dama Mayara Mendanha, titular da Assistência Social, e a advogada Bruna Lomazzi na Fiscalização e Controle).
Desde que assumiu o 2º mandato, em janeiro de 2021, Mendanha só reuniu a sua equipe uma única vez, logo no início, e depois não mais o fez. Uma das razões é evitar fotos constrangedoras, como as que se espalharam após a 1ª reunião, mostrando um paredão de homens em que Mayara é a única mulher presente (Bruna Lomazzi foi nomeada bem depois).
As imagens foram exploradas nas redes sociais como prova cabal do “machismo” de Mendanha, que também, nos seus cinco anos e três meses de governo, não implantou programas ou políticas afirmativas em defesa das mulheres aparecidenses.
No Dia Internacional da Mulher, a cada ano, ele e sua esposa Mayara se limitam a mencionar protocolarmente a data nos seus perfis sociais.
Em Goiânia, em 14 meses de mandato, o prefeito Rogério Cruz colocou em andamento quase uma dezena de projetos e iniciativas a favor dos direitos da mulher.
Nesta semana (o mês de março é mundialmente dedicado às mulheres), Cruz mandou colocar cartazes em todos os ônibus da região metropolitana, dentro de uma campanha publicitária alusiva à proteção do público feminino.
Em Aparecida, isso não existe. Para prevenir críticas sobre a formação “machista” do seu secretariado e sobre a omissão quanto aos direitos das mulheres, Mendanha foi aconselhado a usar a vaga de vice para passar a impressão de que está perfilado e antenado com uma das mais importantes causas contemporâneas do mundo.
No entanto, se não consegue encontrar sequer um partido político para se filiar, muito menos o prefeito achou até agora uma mulher para aceitar o desafio de se enfrentar ao seu lado as eleições de outubro próximo.
Mesmo porque a escolha do vice sempre depende de arranjos partidários, nos quais Mendanha patina.
Quem Mendanha procurou? A lista tem cinco nomes: Luana Baldy, casada com o ex-ministro e atual presidente do Progressistas em Goiás Alexandre Baldy; Vivian Naves, primeira-dama de Anápolis ao lado do marido, o prefeito Roberto Naves; Ana Paula Rezende, filha do falecido ex-prefeito de Goiânia e ex- governador Iris Rezende; Izaura Cardoso, mulher do senador Vanderlan Cardoso; e Lêda Borges, deputada estadual pelo PSDB, que se lançou candidata a deputada federal pelo mesmo partido.
A proposta de Mendanha só está sendo considerada pelas duas últimas. Por ficar óbvio, quanto a Luana Baldy e Vivian Naves, que só se estava buscando envolver os respectivos maridos na campanha do prefeito, a conversa não prosperou.
Já Ana Paula Rezende tem vínculos fortes com a história do seu pai no MDB e, embora educadamente, refutou publicamente a ideia. Com Izaura Cardoso e Leda Borges pode até dar jogo.
Vanderlan intensificou seus contatos com Mendanha e até o levou para conversar com o presidente nacional do PSD Gilberto Kassab, atropelando o presidente estadual do partido Vilmar Rocha.
E não é de hoje que o casal Cardoso avalia o lançamento de Izaura na cena política. Ela já foi cogitada como candidata a deputada estadual ou a prefeita de Senador Canedo.
E com um detalhe: é filiada ao PSC, o que permitiria a sua candidatura sem complicar a filiação de Vanderlan, por enquanto no PSD.
A outra alternativa é Lêda Borges, que, nesse caso, significaria uma aliança entre Mendanha e o PSDB do governador Marconi Perillo e representaria os tucanos na chapa. Mas essa aliança ainda não saiu.
Sobre a lembrança do seu nome, Lêda deu declarações dizendo que está à disposição do partido “para cumprir as missões necessárias”, sinalizando que está possivelmente disposta a aceitar a aventura.