Partidos vivem drama: faltam candidatas para preencher as chapas proporcionais
Partidos grandes, médios ou pequenos não conseguem mobilizar o público feminino para ocupar 30% vagas para a disputa à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa
Helton Lenine
A correria é intensa nos partidos políticos em Goiás diante da obrigação de preencher 30% de mulheres as chapas à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa nas eleições deste ano. Os dirigentes dos partidos confessam que não estão conseguindo o número mínimo de candidatas mulheres aos cargos proporcionais exigido pela legislação eleitoral. O não cumprimento da cota pode trazer prejuízos na hora de se pedir à Justiça o registro das chapas. A incerteza quanto a se firmar federação, em nível nacional, é outro complicador para a composição das chapas proporcionais nos Estados, admitem os presidentes de partidos. Tem dirigente falando em montar chapa com 50% de homens e 50% de mulheres, o que é raro no espectro político regional.
Para cumprir a cota de 30%, o partido que apresentar chapas completas deve ter pelo menos 6 candidatas a deputada federal e 13 a deputada estadual. Segundo o deputado federal Delegado Waldir, que tem trabalhado na montagem de chapa do União Brasil, presidido em Goiás pelo governador Ronaldo Caiado (UB), a sigla vai cumprir o requisito, mas avalia que ainda é precipitado afirmar se será possível ultrapassar o percentual mínimo.
“Hoje existe um complicador, porque temos muitos partidos e poucos candidatos”, avalia. Waldir, porém, afirma que o partido vai respeitar a lei e lembra que a sigla promove cursos de formação política para mulheres. Ele também destaca a filiação da ex-senadora Lúcia Vânia ao União Brasil, com evento marcado para esta sexta-feira (18). Pré-candidata a deputada federal, Lúcia deve ser uma das puxadoras de votos para a chapa.
Daniel Vilela, que preside o MDB em Goiás, diz que, hoje, o partido tem 80% do mínimo exigido de pré-candidatas mulheres para deputada estadual. “Para federal ainda não chegamos nesse nível, mas temos muitas conversas em andamento”, afirma. Ele prefere não adiantar nomes das possíveis candidatas a deputada federal porque, nas palavras do emedebista, “está todo mundo brigando a tapas pelas candidatas”.
Presidente estadual do Patriota, Jorcelino Braga diz que está trabalhando para cumprir a cota na eleição de 2022 há pelo menos dois anos. Ainda assim, ele afirma que vai ser difícil ultrapassar o porcentual mínimo. “Acho que é uma dificuldade histórica, mas a tendência natural é que isso vá melhorando com o tempo”, explica o líder partidário, que também prefere preservar ainda os nomes da sua chapa por conta da disputa com outras siglas.
Vilmar Rocha, que preside o PSD em Goiás, afirma que o partido não vai ter dificuldades para atingir a cota. Ele inclusive vislumbra que o Brasil possa caminhar para ter, no futuro, nos Legislativos uma paridade de gênero, com 50% de homens e 50% de mulheres. “Mas acho que vai ser devagar, como temos histórico de baixa participação de mulheres na política, às vezes a gente tem dificuldade de preencher a chapa. Com o tempo isso vai amadurecendo.”