Política

Desafio dos concorrentes de oposição a Caiado é superar o desconhecimento

Major Vitor Hugo, Gustavo Mendanha e Wolmir Amado não são políticos estadualizados e vão enfrentar dificuldades para divulgar seus nomes em todo o território goiano

Da Redação 

O eleitorado do Estado de Goiás nunca escolheu um governador que não estivesse ligado a uma ampla base de partidos e forças sociais e políticas. Desde 1982, quando a redemocratização trouxe de volta as eleições diretas e consagrou Iris Rezende, os sucessivos ocupantes do Palácio das Esmeraldas sempre foram líderes de grande expressão, mesmo no caso de Maguito Vilela, em 1994, e Marconi Perillo, em 1998, jovens ainda, mas representantes de alianças partidárias consistentes.

Mais, as eleições sempre tiveram como postulantes mais cotados os nomes lançados pelas grandes coligações, em um contexto de significados relacionados com o momento histórico do Estado.

Foi assim, por exemplo, com a primeira vitória de Marconi Perillo, quando o eleitorado se manifestou a favor de uma ruptura dos anos de poder do MDB e da recorrência cansativa de um mesmo grupo político nos cargos governamentais, fenômeno que se repetiu com o próprio Marconi 20 anos depois, com quebra da sequência do mais do mesmo com a eleição de Ronaldo Caiado.

Para o pleito de outubro próximo, dentre os concorrentes já conhecidos, o de maior expressão política e de mais conhecimento é disparadamente o governador Ronaldo Caiado, que buscará a reeleição por uma aliança que deve chegar a todos os partidos de peso, com exceção do PL e do PT.

Os adversários de Caiado são todos iniciantes e de certa forma desconhecidos da maioria da população, entre eles o ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, que só tem o apoio de legendas nanicas, o deputado federal Vitor Hugo, que conta apenas com o PL, e o ex-reitor da PUC Wolmir Amado, que se apresenta pelo PT.

Para enfrentar a reeleição de Caiado, o desafio que se impõe para esses candidatos é conquistar visibilidade e adquirir identificação com causas coletivas que motivam o voto. Nenhum deles tem, pelo menos por enquanto, penetração social ou política em larga escala, a ponto de ameaçar a reeleição do atual do governador, conforme tem mostrados as pesquisas de credibilidade, entre as quais a última do instituto Serpes, que mostrou Caiado com 37,1% das intenções de voto, quase três vezes mais que Mendanha (13%) e léguas à frente de Vitor Hugo (2,6%) e Wolmir (0,4). Marconi Perillo foi incluído e ficou com 14%.

Esses números são fatais, ao indicar a fatura liquidada no 1º, com projeção de 54% dos votos válidos para Caiado, que tem a seu favor não apenas um, mas vários simbolismos. A rígida postura anticorrupção e uma biografia imaculada, com mais de 30 anos de vida pública, permanecem como os principais trunfos.

Há outros. Em 2019, o governador recebeu o Estado arrebentado. Hoje, depois de uma forte recuperação fiscal e uma drástica reorganização administrativa, a realidade é muito melhor – com o governo se dedicando a priorizar radicalmente áreas vitais para a sociedade como a Educação, a Segurança e a Saúde.

O ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot, que surpreendeu ao anunciar apoio à reeleição de Caiado, mesmo integrando o Patriotas a que Mendanha se filiou, resume bem a motivação coletiva que pode levar à reeleição do governador: “Vejo o governo de Caiado como produtivo, realizador e, por isso, entendo que ele deve ter a oportunidade de exercer o segundo mandato. Caiado é honesto, leal e companheiro, qualidades raras na história dos governadores de Goiás”, disse.

TEMPO NO HORÁRIO GRATUITO DO RÁDIO E TELEVISÃO SERÁ CRUCIAL

Reprodução

A campanha no rádio e na televisão, por conta do horário gratuito disponibilizado pela Justiça Eleitoral, é o principal instrumento de difusão do nome dos candidatos em um pleito majoritário, como também das suas ideias e propostas. A oposição, no entanto, entra em desvantagem nesse campo: o governador Ronaldo Caiado arrebanhou os grandes partidos para a sua coligação, com exceção do PL, e assim esvaziou a participação dos adversários no palanque eletrônico.

Ronaldo Caiado

Amplamente conhecido pela população, depois de mais de 30 anos de vida pública, é um candidato que sai em vantagem diante dos concorrentes – que são pouco conhecidos. Uma vantagem a mais para Caiado será a maior fatia do tempo de rádio e televisão no horário gratuito do TRE, graças ao número de partidos da sua coligação, quando poderá prestar contas do seu governo e apresentar em detalhes suas propostas para um novo mandato.

Major Vitor Hugo

Nunca teve residência fixa em Goiás, Estado pelo qual se elegeu deputado federal com uma campanha resumida ao Entorno de Brasília. Quase ninguém sabe quem é. Nasceu na Bahia, mas foi criado no Rio: o sotaque carioca atrapalha e muito a sua identificação com os goianos. Poderá chegar a 2 minutos no horário da propaganda gratuita no rádio e TV, graças ao PL, e assim tentar se tornar mais conhecido.

Gustavo Mendanha

Não conseguiu estadualizar o nome e ficou restrito aos limites de Aparecida, onde tem boa aceitação, e a parte da região metropolitana. Principal obstáculo para se tornar conhecido: como a sua coligação só tem partidos nanicos, não terá tempo suficiente na propaganda gratuita pelo rádio e televisão para adquirir visibilidade. A previsão é que disponha de apenas alguns segundos, quando poderá dizer o nome e o número, no máximo.

Wolmir Amado

Como candidato pela federação do PT com o PSB, caso não seja substituído por José Eliton, poderá chegar a mais de 3 minutos no horário gratuito no rádio e televisão – tempo razoável para vender a sua candidatura e se apresentar ao eleitorado, que, hoje, não tem a menor noção de quem ele é. Mas é provável que dê prioridade à promoção da candidatura de Lula, em detrimento da sua própria, conforme já anunciou.

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