Falta de proeminência estadual só foi superada (temporariamente) com Maguito na prefeitura
Quando escolheu o ex-deputado federal Daniel Vilela para ser o próximo candidato a vice-governador, em 2021, Ronaldo Caiado (União Brasil) fechou um ciclo político em Goiás: a união das oposições que enfrentaram o modelo endividador e suspeito de corrupção das gestões anteriores do PSDB. Representado por Daniel, o MDB é a legenda mais estável e longeva da história política do Estado.
A união com os remanescentes do Democratas foi natural. Antes de chegar até Daniel, Caiado se uniu ao então prefeito Iris Rezende, em 2014, político que simbolizava a experiência e conquistas do passado. Tratou com respeito Maguito Vilela e, por último, estreitou diálogo com Daniel, tendo em vista a confiança de que ele poderia dar continuidade ao projeto político iniciado com o DEM.
Caiado enxerga em Daniel o futuro da defesa de princípios como moralidade, compliance e responsabilidade fiscal em Goiás – necessários para o Estado não sofrer uma ruptura institucional junto aos credores, como a União, e retroceder a uma era que foi suspeita até de aliança com o “crime organizado”.
Ronaldo Caiado destaca a presença de Daniel Vilela em sua chapa majoritária como candidato a vice-governador: “Maguito Vilela deixou sucessor e vai continuar a política do Estado com a dignidade que merece, com esse jovem que será meu companheiro de chapa nas eleições deste ano para prosseguir com o trabalho em favor dos goianos”.
Agora, a sete meses das eleições, Daniel mostra sua personalidade: tem atuado com humildade junto aos antigos aliados do MDB que deixaram a legenda, busca ouvir o governador, conversa com prefeitos e articula o MDB regional e até nacional.
Ao fechar aliança com o MDB e chamar Daniel Vilela para a vaga de vice, por mais surpresa que tenha causado no meio político estadual, o governador Caiado acabou com a tradição de todos os governos anteriores ao seu, ao antecipar a definição da chapa pela qual concorrerá à reeleição, em 2022.
O costume adotado no passado, em Goiás, era o de “cozinhar em fogo brando” os pretendentes às vagas na chapa majoritária (governador, vice e Senado) até bem perto das convenções, quando já não havia mais tempo para que os excluídos ou preteridos pudessem articular alternativas e de certa forma criar obstáculos ou dificuldades para quem os excluiu.
Essa foi a prática das chamadas “raposas da política” (expressão usada por políticos sabidos e espertos que conseguem o que querem manipulando a articulação política), segundo o conhecido consultor de marketing institucional e político, Gaudêncio Torquato, que é também professor titular da USP.
Não há dúvidas, portanto: ao antecipar em meses o convite ao MDB para integrar a sua chapa, Caiado fez uso da mesma honestidade que marcou sua trajetória política iniciada em 1989, com a candidatura à presidência da República pelo antigo PSD.
Ou seja: o padrão ético de comportamento que fez dele membro de uma exclusiva e limitada galeria de políticos brasileiros cujos nomes não apareceram em momento algum “bailando” nos “salões” pelos quais desfilaram dezenas de escândalos de corrupção, surgidos nestes últimos 40 anos.