Política

Por que Aparecida, mesmo sendo 2ª cidade mais populosa de Goiás, tem uma política provinciana

Município não tem dimensão estadual conforme o tamanho da sua população e a classificação do seu Produto Interno Bruto (PIB), que empata com o de Anápolis

Maguito Vilela foi prefeito de Aparecida por 2 mandatos e afastou a velha política do município, que voltou com Gustavo Mendanha (Foto: Reprodução Instagram)

Da Redação

É um caso raro: mesmo como o 2º centro urbano mais populoso do Estado e entre os 40 maiores do país, Aparecida segue padrões de corrutela para o seu ambiente político e nunca conseguiu gerar lideranças capazes de influenciar os rumos de Goiás.

Abundam municípios goianos muito menores, porém com peso político estadual relevante, gerando governadores, senadores e deputados estaduais e federais. Rio Verde e Itumbiara, por exemplo, com eleitorado que não chega à metade do aparecidense, sempre tiveram representação parlamentar e já deram origem a governantes.

O nome de Rio Verde, no momento, é levantado na Assembleia por 3 deputados. Um deles, Lissauer Vieira, é o presidente do Poder e vem sendo cogitado para se candidatar ao Senado. Já Aparecida, na atual Legislatura, não tinha nenhuma cadeira na Assembleia. No mês passado, assumiu o suplente Max Menezes, cujo mandato será de apenas 9 meses.

Por que Aparecida, com todo o seu potencial demográfico e econômico – aliás, superior a Rio Verde e Itumbiara em termos de PIB –, não consegue o mesmo desempenho. Há razões para isso e elas serão expostas a seguir. Não é à toa que o símbolo do município é a igrejinha matriz, que reporta ao passado e aos costumes de antigamente, mas não condiz com o potencial de uma cidade que ascendeu na economia e passou a ser uma das 3 maiores de Goiás, ao lado de Goiânia e Anápolis.

Na verdade, o município só alcançou destaque com Maguito Vilela, que chegou de fora para mudar o cenário político local e cumprir 2 mandatos. Maguito foi uma revolução, não só em termos de obras e por ter turbinado capacidade industrial de Aparecida implantando vários Polos Empresariais. Ele afastou também grande parte da velha política que influenciava as decisões da prefeitura e montou uma equipe de luminares, que contava até com ex-deputados federais e técnicos de projeção estadual.

Mas Maguito escolheu para a sua sucessão um vereador, Gustavo Mendanha, que trouxe de volta rapidamente tudo o que estava começando a deixar de existir em Aparecida. Em 5 anos e 3 meses, Mendanha tirou a prefeitura da lista de destinos privilegiados do governo federal, reduziu em mais de 50% os investimentos municipais, zerou a atração de empresas de grande porte e se limitou a concluir obras que encontrou em andamento.

Vem o pior, agora: a velha política voltou em peso. O secretariado foi recomposto com presidentes de partidos e ex-vereadores, além de indicados dos atuais. Um ou outro técnico, mesmo assim de pouca expressão. E, em pleno século 21, maioria esmagadora de homens: das exageradas 27 pastas, 26 foram entregues ao sexo masculino e apenas uma a uma mulher, ocupada pela primeira-dama Mayara Mendanha, ativista evangélica fervorosa.

A folha de pagamento foi inflada para atender a acordos políticos: indicados de vereadores e partidos, ex-vereadores, suplentes, uma quantidade absurda de pastores evangélicos e assim por diante. Politicamente, em Aparecida, não há acordos em torno de projetos e ideias, mas somente visando a distribuição de cargos na prefeitura para apaniguados.

Para aprofundar a falta de nível e qualidade, a maioria da classe política é iletrada. É raro achar alguém com curso superior. Ou então com formação em humanidades. O ex-prefeito Gustavo Mendanha, a propósito, tem diploma universitário, mas de professor de Educação Física. Outro problema é a falta de experiência estadual dos políticos aparecidenses. Raros, um ou outro, tiveram passagem por posições de destaque seja na vida privada seja na esfera pública além das fronteiras de Aparecida.

O próprio articulador político de Mendanha, que lançou candidatura a governador e, portanto, enfrenta um projeto de categoria territorial, é um “político” que nunca saiu do município e atende pelo folclórico apelido de “Tatá” Teixeira.

Foto igreja: Curta Mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo