Candidaturas avulsas beneficiam reeleição de Caiado e evitam as possíveis insatisfações
TSE está prestes a autorizar que os partidos, independentes de estar ou não em uma coligação, possam lançar nomes próprios para disputar a vaga na Câmara Alta
Da Redação
A polêmica em torno das candidaturas avulsas ao Senado transformou-se no grande ponto de dúvida para a consolidação do cenário com que o eleitorado de Goiás se confrontará ao comparecer às urnas eletrônicas no próximo dia 2 de outubro. A expectativa inicial, de chapas formadas com candidatos a governador, a vice e a senador, desvaneceu-se com uma consulta formulada ao Tribunal Superior Eleitoral pelo deputado federal Delegado Waldir (União Brasil).
Ele fez um questionamento simples e direto: vale, para as eleições de 2022 o mesmo entendimento de 2010, quando foi permitido aos partidos fecharem coligação para governador e ao mesmo tempo lançarem candidaturas avulsas de senador?
O Tribunal ainda não respondeu, mas a sua área técnica já antecipou o entendimento de que, sim, as candidaturas avulsas ao Senado são legais para o pleito deste ano. Para a oposição, em Goiás, esse novo entendimento não faz diferença alguma. Candidatos a governador como o deputado federal Major Vitor Hugo (PL), ou já têm um nome definido para a vaga (nesse caso, o ex-senador Wilder Morais, também do PL), ou, situação do ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, enfrenta dificuldades para conseguir alguém para completar a chapa habilitando-se a disputar a corrida senatorial.
Por óbvio, o assunto interessa a quem tem a maior coligação de partidos – o governador Ronaldo Caiado, que já alinhou 10 legendas a favor da sua reeleição e caminha para acrescentar mais 6 siglas.
Sendo obrigado a escolher um único pretendente ao Senado para preencher a sua chapa, Caiado correria o risco de desagradar um ou outro partido da sua base ou mesmo lideranças de peso que estão ao seu lado.
O PP, por exemplo, apresentou o seu presidente estadual Alexandre Baldy para a senatória, na chapa de Caiado. O mesmo fez o Republicanos, que tem o deputado federal João Campos como interessado. Dentro do próprio União Brasil, também há pré-candidatos ao Senado, como o Delegado Waldir e o médico Zacharias Calil, ambos atualmente deputados federais.
Mais recentemente, entrou no páreo o presidente da Assembleia Lissauer Vieira, pelo PSD. E um que havia se afastado da base aliada, voltou: Luiz do Carmo, atual senador, do PSC. Cinco possibilidades, portanto. E o risco incontornável, para Caiado, quanto a escolher um e ganhar a insatisfação dos preteridos, prejudicando a campanha da reeleição e até entregando os contrariados à oposição.
Dentro desse quadro de pressão, as candidaturas avulsas caíram como um enorme alívio. Sendo instituídas, a partir da resposta do TSE à consulta de Delegado Waldir, o governador evitaria a definição de um único nome, deixando a chapa da reeleição apenas com o titular e o vice, enquanto os partidos aliados lançariam quem quisessem – com Caiado e Daniel Vilela dividindo o palanque não com um candidato oficial, mas com vários.
Todos os interessados – Baldy, Campos, Waldir, Zacharias e Lissauer – poderiam registrar e apresentar suas postulações, mantendo o apoio à reeleição do governador e praticamente transformando uma eleição majoritária em proporcional, ainda mais com os candidatos oposicionistas, o que levaria Goiás a ter mais nomes para o Senado do que ao próprio governo estadual.
Isso significa que, com uma pequena votação, entre 15 e 20% dos votos, qualquer candidato pode ser eleito – o que aumenta individualmente as chances e transforma o mecanismo em vias de autorização pela Justiça Eleitoral em conveniente para todos os pretendentes.
“Candidato a governador não deve dar pitaco em assuntos de partidos”
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), não pretende interferir nas decisões dos partidos relacionadas a candidaturas avulsas para o Senado. Apenas uma vaga estará em disputa nas eleições de 2 de outubro, por Estado.
Entre os nomes que têm interesse em disputar a eleição para o Senado na base governista estão: Luiz Carlos do Carmo (PSC), Alexandre Baldy (PP), Delegado Waldir (UB), João Campos (Republicanos), Zacharias Calil (UB) e Lissauer Vieira (PSD).
Sobre a legalidade da candidatura avulsa ao Senado, após consulta feita pelo deputado federal goiano Delegado Waldir Soares, a assessoria técnica do TSE já apresentou as condições em que poderá vigorar a candidatura avulsa. A decisão final será do plenário da Corte.
“Eu sou uma pessoa que cumpre e respeita a lei. De maneira alguma cabe a mim interferir na decisão partidária. O partido é soberano. Dentro daquilo que é aceito na legislação, é o partido que vai decidir se deve ou não lançar candidato. Não cabe ao candidato ao governo de maneira nenhuma dar pitaco dentro daquilo que é decisão da executiva de um partido. Se eles acham que devem lançar candidato, é uma posição. Se acham que devem convergir em uma candidatura, também acolherei essa decisão”, afirmou o governador Ronaldo Caiado, em entrevista coletiva à imprensa.