Mayara senta-se na cadeira da primeira-dama Sulnara Santana, força a barra e não arreda o pé
A área de assistência social em um município com mais de 600 mil habitantes – e quase 15% desse contingente vivendo em condições de pobreza extrema – tem uma importância excepcional no contexto das Secretarias de uma prefeitura que arrecada e gasta quase R$ 2 bilhões de reais por ano.
É o caso de Aparecida. Mas, nos seus 5 anos e 3 meses de mandato, Gustavo Mendanha pouco avançou. Limitou-se a cuidar das instituições mantidas pela prefeitura que abrigam menores, idosos e outros desamparados, esquecendo-se da grande massa de pobres que vivem nos bairros mais afastados.
Mendanha designou sua própria mulher, Mayara, como titular da Secretaria de Assistência Social. E ela marcou sua presença na pasta fazendo muita festa, mas com uma falha grave: não implantou nem um único programa social em caráter permanentes, limitando-se a iniciativas esporádicas e emergenciais.
O cargo de secretária de Assistência Social, em Aparecida, sempre foi preenchido pela primeira-dama do momento, desde prefeitos como Norberto Teixeira, Ademir Menezes e Maguito Vilela. Mendanha seguiu a tradição, interrompida pela posse do vice Vilmar Mariano: aí, pela primeira vez, as coisas mudaram.
Vilmarzim não pôde nomear a sua esposa Sulnara Santana para a Secretaria de Assistência Social e preferiu manter Mayara Mendanha. Sulnara é uma mulher de convicções fortes e tem suas ideias sobre ajudar os segmentos despossuídos de Aparecida. Só que estava com as mãos amarradas.
Mayara Mendanha segue como responsável pelas políticas sociais em Aparecida. Quer dizer: responsável pela ausência dessas políticas. Para que se tenha uma ideia, na última semana de abril ela promoveu um evento para distribuir… ovos de Páscoa para as crianças acolhidas nas instituições da prefeitura. Não consultou Sulnara Santana, mas a convidou para participar da entrega dos mimos às crianças.
O CadÚnico do governo federal, que anota o nome e endereço das famílias carentes em cada município, aponta para mais de 50 mil registros em Aparecida. São pessoas vivendo precariamente, submetidas à chamada insegurança alimentar, que consiste em não saber hoje o que se terá na mesa amanhã.
Ou, em outras palavras, pessoas que passam fome.
Para elas, o casal evangélico Mendanha-Mayara não ofereceu nenhum porto seguro em seus 5 anos e 3 meses de poder, que se estendem agora, na área de assistência social, com a permanência da ex-primeira-dama no lugar que seria da atual.
Distribuir ovos de Páscoa é uma boa ação. Mas não substitui o necessário e indispensável fornecimento de cestas básicas, de maneira regular e continuada, às famílias que enfrentam o drama do prato vazio.
Sulnara Santana não pode fazer nada. Sua cadeira foi tomada por Mayara Mendanha, que não arreda o pé do lugar e mal dá satisfações dos seus atos e decisões na Secretaria de Assistência Social. A atual primeira-dama, com isso, é forçada a um papel decorativo ou de ajudante da ex. Ou de convidada especial em seus eventos. Não está certo.
O que ocorre na prefeitura de Aparecida, onde um prefeito fantasma é quem resolve tudo e o verdadeiro permanece escondido debaixo da mesa, é pura distorção, em se tratando de uma administração que deveria ser séria, autêntica e voltada para atender as demandas da população.