Política

Projeto de Mendanha começou com traição e, para prosseguir, depende de mais cizânia

Ex-prefeito de Aparecida foi desleal com Daniel Vilela e com a memória de Maguito e agora fomenta a divisão interna no Republicanos, para tentar sobreviver

Foto: Reprodução Instagram


Da Redação

A candidatura do ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha a governador começou com a traição a quem chamava de “irmão”, ou seja, ao presidente estadual do MDB Daniel Vilela – justamente quem articulou a sua candidatura à sucessão de Maguito em 2016, quando o seu pai Maguito Vilela, então prefeito de Aparecida, tinha preferência pelo lançamento do nome do seu secretário de Articulação Institucional, Euler Morais.

Quando viu que Daniel Vilela caminhava para uma aliança com o governador Ronaldo Caiado, sendo indicado para a vaga de vice na chapa da reeleição, Mendanha resolveu sair da sombra e renegar suas origens. Afastou-se de Daniel, passou a minimizar o papel de Maguito no desenvolvimento de Aparecida e tentou construir a sua própria candidatura a governador, que hoje encontra-se reduzida a uma frente de partidos nanicos.

O projeto político de Mendanha, portanto, teve origem em uma mácula: a traição. Ele, que se diz evangélico, não teve compromisso com a lealdade aos amigos e ao seu grupo político, repetindo, dizem em Aparecida, o comportamento de Judas em relação a Jesus Cristo – para usar a linguagem religiosa que ele e a esposa Mayara tanto veneram.

Sintomaticamente, todas as portas se fecharam para Mendanha. Nenhum partido político de grande porte aceitou receber a sua filiação. Ele foi obrigado a se abrigar no nanico Patriota, dirigido por uma figura complicada, Jorcelino Braga, que impôs sua vontade sobre a candidatura do ex-prefeito ao recusar uma salvadora e providencial aliança com o PSDB de Marconi Perillo, que daria recursos do fundo partidário a Mendanha e algum tempo no horário gratuito da propaganda eleitoral.

Não, disse Braga. “Marconi, não aceito, é meu inimigo pessoal”. E Mendanha aceitou calado, mesmo enxergando os óbvios prejuízos para a sua campanha, que hoje, restrita a partidos nanicos, não tem mais do que 7 a 15 segundos no horário do TRE no rádio e na televisão.

Mendanha, com isso, meteu-se em um buraco. Como só é conhecido em Aparecida, sendo ignorado no resto do Estado, depende radicalmente de ter acesso a uma fatia, ainda que pequena, da propaganda gratuita. Os partidos nanicos que o apoiam não dão a ele nem mesmo alguns segundos. São insignificantes.

Resta a possibilidade de conquistar alguma legenda de expressão, mas o problema é que – quase – todas estão comprometidas com a reeleição de Caiado. O que restou? Só a tentativa de pegar o Republicanos, espalhando a cizânia dentro do partido da Igreja Universal do Reino de Deus. Ocorre que lá, o presidente estadual é o deputado João Campos, que sonha ser candidato a senador.

Como a base governista, onde se situa a maioria esmagadora do partido, caminha para lançar candidaturas avulsas e não definir um nome oficial para a vaga senatorial, surgiu a possibilidade, para Mendanha, de capturar João Campos e o Republicanos. Isso, se ocorrer, vai rachar o partido em Goiás. Lideranças de expressão do Republicanos como o prefeito Rogério Cruz e os deputados estaduais Jeferson Rodrigues e Rafael Gouveia, rejeitam Mendanha e vão apoiar a reeleição de Caiado.

Mendanha, se receber o partido na marra na sua coligação, sob imposição do presidente João Campos, fica formalmente com a legenda e com a sua fatia do fundo eleitoral e do tempo de propaganda gratuita, mas não com a essência ou a unanimidade da legenda.

O ex-prefeito de Aparecida depende, portanto, da cizânia dentro do Republicanos. Isso adiciona mais elementos negativos para o seu projeto político, já contaminado na origem pela traição a Daniel Vilela e à memória de Maguito.

O que acontece é que se acumulam em torno de Mendanha fatores negativos que desqualificam as suas pretensões e o deixam claramente caracterizado como um político oportunista e sem compromisso com quem quer que seja, a não ser com as suas ambições.

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