Gripe e dengue sobrecarregam postos de saúde e preocupam setor produtivo de Aparecida
Afastamentos do trabalho chegam a quinze dias e ação conjunta pode contribuir para diminuir casos das doenças
Luciana Brites
Em Aparecida de Goiânia a volta de medidas mais severas, com o objetivo de conter o avanço do número de casos de Covid-19, está descartada, pelo menos por enquanto. Foi o que informou o secretário municipal de saúde, Alessandro Magalhães, durante reunião do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, realizada na última quinta-feira (26), por meio de videoconferência.
Participaram, além do secretário, o presidente da Associação Comercial e Industrial da região Leste de Aparecida (Acirlag), Maione Padeiro, o promotor de Justiça do Ministério Público de Goiás (MPGO) Reuder Cavalcante Motta, titular da 4ª Promotoria de Justiça de Aparecida de Goiânia e o coordenador do NDL (Núcleo de Dirigentes Lojistas) de Aparecida de Goiânia, Waldir Acioly.
Os empresários e comerciantes propuseram a reunião com a finalidade de esclarecer dúvidas sobre a situação da pandemia na cidade e seus possíveis desdobramentos. “Tivemos a flexibilização total, as comemorações do centenário da cidade e então os números de casos da doença voltaram a subir. Isso traz preocupação porque, se houver a volta de medidas restritivas mais duras, com o fechamento do comércio, o setor produtivo será muito prejudicado” resumiu o presidente da Acirlag, Maione Padeiro.
O secretário Alessandro Magalhães garantiu que apesar do crescimento do número de casos a situação está sob controle e que, apenas um paciente com Covid-19 está internado em UTI. Ele informou ainda que a cidade tinha registrado nas últimas 24 horas, 140 novos casos da doença que, somados aos 151 já em tratamento, totalizam 291 casos.
Os doentes estão com sintomas leves e se curando em casa e esse quadro, ainda segundo o secretário, é mérito da cobertura vacinal. 80,19% dos moradores com mais de 12 anos já estão com o esquema vacinal completo.
“Temos muitos afastamentos por causa dessas doenças”
Se a Covid-19 está sob controle, o mesmo não pode ser dito dos casos de gripe e dengue. A Secretaria Municipal de Saúde informa que já foram aplicadas 74 mil doses da vacina contra a Influenza e que a Campanha Nacional de Vacinação Contra o Sarampo e a Influenza segue até o dia 3 de junho.
A própria secretária admite, porém, que a procura pela vacinação está baixa e pede a população que procure um dos 39 postos disponíveis para se imunizar. Sábado, 28, inclusive, é o Dia D da vacinação em Aparecida.
A dengue atingiu este ano, até o momento, quase 13 mil moradores de Aparecida de Goiânia, de acordo com as informações do último boletim da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Cinco pessoas morreram por causa da doença e outras 14 mortes estão sendo investigadas.
Esse número expressivo de casos de dengue e gripe impacta diretamente no comércio e na rede pública de saúde. “Temos muitos afastamentos por causa dessas doenças. Nos casos graves, a pessoa pode ficar sem trabalhar por quinze dias ou até mais. Isso é um problema”, avisa o presidente da Acirlag, Maione Padeiro.
Outro problema apontado por ele é o atendimento nas unidades de saúde. Maione conta que são vários os relatos de comerciários que esperaram horas por atendimento. “E muitas vezes foram embora sem nem saber ao certo o que tinham. Foram pra casa sem saber se era dengue, Covid, gripe ou tudo junto”, denuncia.
Os comerciantes que integram o Comitê sugeriram ao secretário Alessandro que seja firmada uma parceria SMS e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SDU), para atuar de forma conjunta no combate ao mosquito Aedes Aegypt.
A SMS, através do trabalho dos ACEs (Agentes de Combate a Endemias), intensificaria as visitas nas casas para eliminar focos do mosquito e orientar a população; as unidades de saúde teriam um protocolo mais eficiente no atendimento de casos suspeitos e no tratamento dos casos confirmados de dengue; a SDU intensificaria as ações de limpeza urbana. Os empresários, por sua vez, incentivariam seus funcionários e colaboradores a tomarem as vacinas contra a gripe e a Covid-19.
“Está muito claro, já tem um tempo, que nós temos que ficar vigilantes, cada um com sua responsabilidade. Seja com o próprio quintal, com a própria empresa, com a vacinação. Cada um tem que fazer a sua parte, senão o pior vai voltar”, conclui o presidente da Acirlag.
O Comitê Municipal de Prevenção e Enfrentamento ao Coronavírus se reúne, virtualmente, toda semana para analisar a situação da saúde no município. Criado durante a pandemia de Covid-19, hoje também trata de assuntos relacionados a outras doenças.
Falta de pediatra na UPA Brasicon sobrecarrega outras unidades
Ainda durante a reunião, o setor produtivo denunciou ao secretário Alessandro Magalhães que a Unidade de Pronto Atendimento – UPA Brasicon está sem pediatra e isso tem sido um transtorno para mães e crianças. O secretário confirmou o problema e acrescentou que os pacientes estão sendo orientados a procurar as UPAs Geraldo Magela, no Parque Flamboyant, Buriti Sereno e CAIS Nova Era. Alessandro Magalhães adiantou que a SMS está preparando um novo credenciamento de médicos, enfermeiros e demais profissionais da área de saúde e que a falta de pediatra na UPA Brasicon deve ser solucionada em breve.