Vilmarzim completa 60 dias com gestão sem identidade e submissa a Mendanha
Novo prefeito de Aparecida não mostrou ainda a que veio e não conseguiu sequer nomear a sua mulher Sulnara Santana como secretária de Assistência Social
Da Redação
Prefeito de Aparecida desde 31 de março, quando o titular Gustavo Mendanha renunciou para se lançar à aventura de disputar o governo do Estado, o ex-vereador e ex-presidente da Câmara Vilmar Mariano ainda não “assumiu”. Quer dizer: ao alcançar a marca dos 60 dias ou 2 meses de mandato, Vilmarzim, como é conhecido, não colocou nenhuma marca própria para caracterizar a sua gestão, que segue sem identidade e mostra submissão a Mendanha, que continua dando as ordens que contam na prefeitura.
Antes da posse, dizia-se que o vice era político de personalidade e que não se prestaria ao papel de “pau mandado” de ninguém, no caso de se sentar na cadeira número um da Cidade Administrativa, sede do poder municipal aparecidense.
Não foi o que aconteceu. Até desafetos em cargos do secretariado o novo prefeito engoliu, como é o caso do secretário de Fazenda André Rosa: os dois sempre se desentenderam. Mantido na pasta, André Rosa não despacha com Vilmarzim e costuma passar todos os dias na casa de Mendanha, pela manhã, para prestar contas do fluxo de caixa da prefeitura.
Outro exemplo é o da ex-primeira-dama Mayara Mendanha, que foi imposta a Vilmar Mariano para permanecer na Secretaria de Assistência Social – ponto mais sensível de contato entre a gestão e a população. O posto, historicamente, sempre foi entregue pelos sucessivos prefeitos de Aparecida às suas primeiras-damas, mas a tradição foi quebrada: Sulnara Santana, mulher de Vilmarzim, não foi nomeada e não tem voz ativa nas poucas políticas sociais desenvolvidas sob o comando de Mayara.
É quase uma humilhação. Para piorar o que já está ruim, o próprio prefeito aceitou calado essas limitações para a sua autoridade, que acabam se refletindo no enfraquecimento da sua imagem e da sua presença no dia a dia administrativo da cidade. Lembrando que ele, Vilmarzim, será candidato à reeleição em 2024, a menos que resolva abrir mão, e para isso precisa construir uma simbologia de força e eficiência à testa dos interesses de Aparecida.
Por ora, não há nem uma pálida impressão nesse sentido. O que se sente é que as mãos invisíveis de Mendanha seguem manipulando todos os setores da prefeitura – o ex-prefeito é um fantasma que não desencarnou e impõe a sua vontade em todas as decisões, de importância ou não.
Secretários nada fazem sem receber uma espécie de “autorizo” final emitido por ele. Vilmarzim participa calado desse espetáculo desmoralizante para o seu mandato. Administração pública é showroom que exibe para a sociedade as suas realizações e enfatiza quem as fez. No caso de Aparecida, esse espaço está vazio. E, se tivesse uma mesa, o atual prefeito estaria escondido debaixo dela, não sentado, despachando – até nessa imagem figurativa quem aparece é Mendanha, que, depois de renunciar, chegou a usar a sala e a mesa do prefeito para audiências com empresários e reuniões com ex-auxiliares. Servil, Vilmar Mariano sentou-se atrás.