Caiado isola ainda mais João Campos ao estreitar relação com evangélicos
Jogada de mestre do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) deu-se na semana passada, sem que a imprensa a examinasse com a devida atenção. Mendanha, com o apoio do empresário Sandro Mabel, opera, desde algum tempo, para conquistar o deputado federal João Campos para disputar mandato de senador na sua chapa. O parlamentar é um político sério e tem representatividade no meio evangélico.
Ronaldo Caiado poderia ter ficado assistindo, de camarote, a jogada de Mendanha e João Campos. Porém, se tivesse ficado parado, seria tudo — menos o político perspicaz e proativo que é.
No exato momento em que Mendanha espalhava que João Campos iria anunciar apoio à sua candidatura a governador, Ronaldo Caiado, no lugar de apenas reagir, agiu forte e racionalmente.
O encontro de Ronaldo Caiado com o presidente das Assembleias de Deus no Brasil, bispo Manoel Ferreira, e com mais de 100 pastores da Igreja Assembleia de Deus, em Goiânia, demonstrou que a força política do governador é impressionante. Há um detalhe a notar: Manoel Ferreira, ao elogiá-lo como um político e gestor honesto e eficiente, esclareceu que a admiração é antiga, ou seja, não tem a ver apenas com o fato de o líder do União Brasil ser governador e, portanto, ter poder. A admiração, frisou o respeitável bispo, tem a ver com a história positiva do político goiano.
Como se sabe, João Campos é um membro respeitável da Igreja Assembleia de Deus. Mas a ida do
bispo Manoel Ferreira e dos mais de 100 pastores da igreja ao Palácio das Esmeraldas mostra um apoio decidido a reeleição de Ronaldo Caiado. Mesmo que palavras não tenham sido ditas, com o máximo de clareza, o recado é preciso: a Assembleia de Deus (no todo, ou parte dela) aprecia João Campos, mas, em termos de eleições estaduais, está fazendo uma opção por Ronaldo Caiado.
Entretanto, ao anunciar que poderá compor com Mendanha — e, na verdade, o ex-prefeito é um plano “B”, pois o deputado quer compor é com Ronaldo Caiado —, João Campos, no lugar de se mostrar forte, revelou toda a sua fragilidade política.
A Igreja Universal, representada na política pelo prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, e pelo deputado Jeferson Rodrigues, mostrou-se decidida: vai apoiar a reeleição de Ronaldo Caiado. Se quiser ir para os braços de Mendanha, o Republicanos não vai colocar empecilho (João Campos estaria dizendo que o presidente nacional do partido, Marcos Pereira, fortemente ligado à Universal, vem a Goiás para apoiar sua aliança com Mendanha), mas não o acompanhará.
Rogério Cruz (Igreja Universal), Jefferson Rodrigues (Igreja Universal), Rafael Gouveia (Assembleia de Deus) e Rodney Miranda — os três últimos pré-candidatos a deputado federal — tomaram uma decisão: não acompanharão João Campos na sua possível aventura mendanhista, pois ficarão com Ronaldo Caiado.
O que João Campos levará para Mendanha, se realmente for acompanhá-lo? O seu nome, que é respeitável, e o tempo de televisão do Republicanos (que é bom). Mas o Fundo Eleitoral ficará basicamente para os candidatos a deputado federal e estadual do partido.
Talvez por ter um projeto pessoal, portanto não partidário — não está pensando nos candidatos a deputado do partido —, João Campos não percebe que está só, solamente só. Ou melhor, será acompanhado pelo fiel escudeiro Zé Antônio, ex-prefeito de Itumbiara, e mais
alguns aliados.
Ronaldo Caiado, pelo contrário, opera uma aliança encorpada e em expansão. Seu segredo é se manter atento aos fatos, procurando determiná-los, e não ser levado por eles. Entre agir e reagir, o governador fica com a ação. Por isso figura em primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto. (Com informações do Jornal Opção Online)