Em 5 Estados, as investigações avançam sobre gastos de prefeituras com artistas
Da Redação
A polêmica sobre os gastos de prefeituras municipais com artistas sertanejos tomou conta do Brasil. Em pelo menos 5 Estados – Roraima, Bahia, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Rio Grande Norte –, os seus Ministérios Públicos instalaram inquéritos para apurar a farra milionária com recursos públicos que beneficia cantores celebridades como Gusttavo Lima.
Interessante é que nenhum dos municípios investigados nesses Estados chegou a investir valores tão elevados quanto Vilmar Mariano fez em Aparecida, logo após assumir, a pretexto de comemorar o Centenário de fundação do município: R$ 2.225 milhões.
Nunca ficou tão evidente como é o pagador de impostos que banca os cachês milionários de Gusttavo Lima, por exemplo, artista bolsonarista que lota shows em feiras agropecuárias em cidades do interior defendendo Deus, pátria, família e liberdade entre uma música e outra. Ele estava programado para se apresentar nas festividades do Centenário de Aparecida, mas cancelou na última hora, sendo substituído por Wesley Safadão.
Após Zé Neto afirmar que não dependia da Lei Rouanet e que seus cachês “quem paga é o povo”, para zombar de Anitta, uma série de investigações dos cachês que sertanejos e outros artistas ganham de prefeituras começou a ser feita por todo o país.
Hoje, 29 cidades pelo país têm shows investigados pelo Ministério Público. A maioria deles são de eventos de Gusttavo Lima, mas o Ministério Público também está na cola de shows de Xand Avião (outro que se apresentou em Aparecida, por R$ 300 mil, e ganhou o noticiário por declarar voto em Gustavo Mendanha para governador, apesar de não ser eleitor em Goiás) e Wesley Safadão.
Já houve avanços: os cachês pagos variam de município para município, indicando a hipótese de negociações extracontratos com intermediários. Além disso, quando determinados shows são contratados por entidades privadas, como associações que promovem feiras de agropecuária, os valores são bem menores. A dispensa ou inexigibilidade de licitação e de qualquer outro procedimento seletivo também está sendo questionada.
Como cortina de fumaça, nada é feito com transparência. A prefeitura de Aparecida coloca no portal apenas informações resumidas. Os contratos não são disponibilizados nem, muitas vezes, a origem dos recursos, que podem estar saindo de rubricas orçamentárias importantes como Educação ou Saúde.