Encurralado e isolado, Mendanha corre risco de um fiasco nas urnas
Ex-prefeito errou em doses cavalares, foi e continua arrogante e, a menos de 4 meses da eleição, não tem partido forte e sequer conseguiu montar a sua chapa
Da Redação
Uma coleção de erros, arrogância em excesso e passos equivocados praticamente enterraram a candidatura a governador do ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, a menos de quatro meses para a data das eleições. Fora a aceitação que tem em Aparecida, sua única base eleitoral, Mendanha não conseguiu mais nenhum trunfo.
Bateu nas portas de todos os partidos de expressão em Goiás, mas não foi aceito por nenhum, terminando por ser obrigado a se filiar ao nanico Patriota. Além disso, não conseguiu legendas de peso para integrar a sua coligação, que é formada por mais 4 agremiações nanicas, além do Patriota: DC, PSC, PMB e Brasil 35.
Em alguns momentos, Mendanha chegou a atrair 2 deputados federais – Magda Mofatto (PL) e Prof. Alcides (PL) – e 4 ou 5 estaduais para a sua candidatura, dentre esses últimos Paulo Cezar Martins (PL), Cláudio Meirelles (PL), Major Araújo (PL) e Humberto Teófilo (Patriota). De todos esses parlamentares, no momento o único que segue rasgadamente com o ex-prefeito é Humberto Teófilo.
Magda Mofatto perdeu o comando estadual do PL e vem flertando com o ex-governador Marconi Perillo. Prof. Alcides viu suas bases em Aparecida invadida por Magda e se aproximou do seu colega Major Vitor Hugo (PL), também candidato a governador. E Paulo Cezar, Meirelles e Major Araújo igualmente se engajaram com Vitor Hugo.
Há ainda o ex-governador Alcides Rodrigues, deputado federal pelo Patriota, cujo filho, João Alberto, é prefeito de Santa Helena, pelo mesmo partido do pai. Esses ficaram com Mendanha. O problema é que ambos são pouco ativos politicamente falando e em nada contribuem para a campanha do ex-prefeito.
Nesse cenário, a última esperança de Mendanha é conquistar o Republicanos, dirigido em Goiás pelo deputado federal João Campos – que não tem perfil majoritário, mas insiste em se lançar como postulante ao Senado, depois de ver a migração dos seus colégios eleitorais para a base de apoio de Jeferson Rodrigues, deputado estadual que agora é candidato à Câmara.
Aparentemente, Campos tem interesse em compor com Mendanha, ocupando a vaga senatorial na sua chapa e levando o
Republicanos para a coligação do ex-prefeito, porém enfrenta um desafio de difícil superação: ninguém mais no partido apoia Mendanha. Suas maiores lideranças, como o prefeito de Goiânia Rogério Cruz e os deputados Jeferson Rodrigues e Rafael Gouveia, preferem alinhamento com a reeleição do governador Ronaldo Caiado.
Outro fator de importância: o mundo evangélico em Goiás, principalmente a Igreja Universal, da qual o Republicanos é o braço político, está fechado com Caiado.
João Campos, portanto, está isolado na vontade de se vincular a Mendanha, se é que essa posição não é uma “chantagem” para pressionar o governador a defini-lo como candidato oficial ao Senado na chapa governista.
Mendanha, com tudo isso, está no mato sem cachorro. Agora, a cereja do bolo: nem o Republicanos, se se bandear para o lado do ex-prefeito, terá poderes para salvar a sua candidatura. Primeiro, porque a sua militância vai toda trabalhar para Caiado.
E depois porque os recursos dos fundos partidário e eleitoral a que a sigla tem direito serão destinados exclusivamente aos candidatos a deputado federal, prioridade da legenda para aumentar a sua fatia nesses fundos bilionários.
Finalmente, porque o tempo no horário gratuito de rádio e televisão, menos de um minuto, não será suficiente para garantir a Mendanha a exposição e a visibilidade necessária para se tornar conhecido.
PÚBLICO DAS LIVES DESAPARECEU
Quando estava na prefeitura de Aparecida, Gustavo Mendanha costumava fazer lives pela internet em que alcançava centenas e às vezes milhares de internautas. Mas acabou. Nesta terça, 7, a noite, Mendanha foi para o Instagram para falar ao vivo e não passou, no seu melhor momento, de apenas 359 curtidas e apenas 43 comentários – prova do esvaziamento do agora ex-prefeito, que passou o tempo repetindo abobrinhas como a promessa de “fazer para Goiás o que fizemos para Aparecida”.
Dizem as más línguas que, assim como eventos presenciais, quem turbinava a audiência e as plateias de Mendanha seriam os funcionários comissionados da prefeitura. E isso acabou com a renúncia ao mandato.