Profundo conhecedor da realidade de Aparecida, já que acompanhou de perto o pai Maguito Vilela em seus dois mandatos como prefeito da Cidade, o presidente do MDB estadual Daniel Vilela lançou um desafio: entrega as chaves do seu carro para quem apontar uma obra do ex-prefeito Gustavo Mendanha, que comandou o município por 5 anos e 3 meses, de 1º de janeiro de 2017 até a renúncia, em 31 de março último.
“Uma só”, ainda frisou Daniel. Ele estava discursando em um encontro dos partidos da base do governador Ronaldo Caiado, na sede do diretório estadual do União Brasil, em Goiânia, na semana passada, quando lançou o repto. Quase uma semana depois, ninguém respondeu, nem mesmo o maior interessado, ou seja, Mendanha.
Ele se calou. Mas não é de hoje que Daniel Vilela, a quem Mendanha chamava de “irmão” e prometia “lealdade, sempre”, critica o período de gestão do ex-prefeito. O filho e herdeiro político de Maguito já repetiu muitas vezes que a maioria das obras de importância para Aparecida foram feitas pelo seu pai, algumas por prefeitos anteriores, como Ademir Menezes e José Macedo. Não há nada que tenha sido pensado, projetado, executado ou iniciado no governo de Mendanha, garante.
Os 5 anos e 3 meses de governo de Mendanha equivalem quase 2 mil dias (exatamente 1.915 dias), tempo suficiente para todo tipo de realizações, mas o balanço é negativo, criando para o ex-prefeito que se lançou candidato a governador 2 problemas gravíssimos: além de 1) não ter obras de repercussão, 2) também não cumpriu as promessas de campanha que foram registradas na Justiça Eleitoral, nas campanhas para o 1º e o 2º mandatos.
O desafio lançado por Daniel Vilela, assim, não tem como ser respondido à altura. Ele não vai perder o carro cujas chaves balançou para o numeroso público presente no evento do União Brasil, mesmo porque, apesar da ampla divulgação, ninguém apareceu para apontar qualquer obra de Mendanha (“Uma só”,frisou Daniel Vilela) e reivindicar o valioso prêmio.
Na reta final da renúncia ao mandato, Mendanha escolheu entregar duas obras que foram lançadas, financiadas e começadas durante os dois mandatos de Maguito: o Eixo Leste-Oeste 4, ainda inconcluso, ligando a cidade ao campus da UFG, e o Anfiteatro Municipal. Ambos os projetos foram custeados por recursos federais (Caixa Econômica) também obtidos por Maguito.
EIXO LESTE-OESTE
Para concluir o Anfiteatro Municipal, Mendanha gastou os pouco mais de 5 anos que passou na prefeitura. Pior é o caso do Eixo Leste-Oeste 4: foi “inaugurado” inconcluso, com apenas uma pista, faltando complementos importantes como rede de drenagem, meio-fio, bueiros e valeta. O novo prefeito, Vilmar Mariano, ainda não mexeu em nada, apesar de ter incluído não só o Eixo Leste-Oeste na propaganda do Centenário, como também os demais (são 5) que estão paralisados, um com 20% das obras realizadas e os outros 3 na estaca zero, vendendo uma mentira para a população.
Taí a oportunidade, aparecidenses ou não: quem der uma volta pela cidade e encontrar uma obra (“Uma só”, lembrando) de Gustavo Mendanha, pensada, projetada, financiada e executada na gestão dele, é só ligar para Daniel Vilela e buscar as chaves do carro. Quem se habilita?
“Gustavo Mendanha vai ter de dizer o que foi de fato originário da cabeça dele, o que foi feito que tenha sido pensado, iniciado e executado na gestão dele em Aparecida”. (Daniel Vilela, presidente estadual do MDB)
Ex-prefeito também não cumpriu nenhuma promessa de campanha
Em seus dois mandatos, o então prefeito de Aparecida Maguito Vilela planejou, levantou os recursos, iniciou e concluiu, em sua maioria, 400 obras. Já Gustavo Mendanha, além de ter se limitado a concluir o que Maguito deixou em andamento, também não cumpriu as promessas que fez nas suas 1ª e 2ª campanhas – e foram poucas, conforme se pode verificar nos planos de governo, ambos com 9 páginas cada um, incluindo capa e contracapa, arquivados pelo ex-prefeito na Justiça Eleitoral.
O levantamento está com o filho e herdeiro de Maguito, Daniel Vilela, escolhido para ocupar a vaga de vice na chapa da reeleição do governador Ronaldo Caiado, depois do acordo entre o MDB e o DEM (hoje União Brasil).
“Entre as obras de Maguito que beneficiaram população aparecidense, temos um total acima de 400. Somente em infraestrutura, foram mais de 110 bairros pavimentados e a implantação dos Eixos Norte-Sul. Na Educação, foram 70 obras e na Saúde mais de 40, entre elas o maior hospital municipal de Goiás, o HMAP. Todas as regiões de Aparecida foram beneficiadas com alguma realização”, assegura Daniel Vilela.
Esse portfólio contrasta com o que veio depois de Maguito: em seu período de gestão, o sucessor Gustavo Mendanha não lançou nada de novo, limitando, em alguns casos e não em todos, a concluir ou dar prosseguimento a obras que recebeu projetadas e iniciadas da administração anterior. É por isso que o maior receio da campanha de Mendanha a governador é a cobrança pelo que ele fez em Aparecida. Por que a resposta é simples e objetiva: nada.
SEM ASFALTO
Mendanha prometeu pavimentar todos os bairros, mas ainda há entre 30 e 40 ainda na poeira e na lama. Apenas um viaduto (na avenida São Paulo) foi erigido, mesmo assim com recursos de uma emenda orçamentária do então deputado federal Daniel Vilela. Das 5 ou 6 avenidas dos eixos estruturantes Leste-Oeste, apenas a que dá acesso ao Campus da UFG foi adiantada, mas até o momento inconclusa, apesar de “inaugurada” por Mendanha na semana que antecedeu a sua renúncia.
Nas suas 1ª e 2ª campanhas, Mendanha prometeu construir um Hospital do Câncer em Aparecida, mas não existe sequer um terreno designado e nem foram preparados projetos – o hospital está na estaca zero. Também não levantou um único CMEI, apesar do déficit crônico de mais de 30 mil vagas, que é o número de crianças em Aparecida em idade de receber a Educação Infantil sem creches para frequentar, conforme o Instituto Rui Barbosa. De resto, não há nenhum programa social em vigor, em caráter permanente.
Matéria publicada no Jornal Diário de Aparecida impresso no dia 14 de junho de 2022
Foto: Reprodução