Falta de obras e realizações como prefeito é entrave para o marketing de Mendanha
Apesar de 5 anos e 3 meses no comando administrativo do 2º maior município do Estado, não foi criada uma marca para identificar a gestão
Da Redação
Um currículo administrativo pobre, apesar de registrar passagem pela prefeitura do 2º maior centro urbano do Estado, por 5 anos e 3 meses, é o maior entrave para o marketing da campanha de Gustavo Mendanha (Patriota) como candidato ao governo do Estado.
Mendanha caminha para enfrentar dois adversários que têm experiência de gestão e um volume de obras e programas na ficha pregressa: o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e, caso confirme que vai mesmo disputar o Palácio das Esmeraldas, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB).
Há ainda o ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica – PUC, Wolmir Amado, representante do PT. Ele exerceu o cargo por um longo tempo e também dispõe de um portfólio para apresentar, inclusive sendo responsável pela maior expansão física e pedagógica da 2ª universidade do Estado em tamanho e prestígio.
Além desses candidatos, está na disputa o Major Vitor Hugo (PL), que desenvolveu uma carreira brilhante como oficial do Exército Brasileiro, mas nunca exerceu cargos públicos em que pudesse mostrar algum tipo de capacidade gerencial – a não ser em postos de comando militar.
Assim, Mendanha terá como referência para comparações, em matéria de desempenho administrativo, apenas Caiado, Marconi e, de certa forma, Wolmir Amado. E o que ele terá para exibir? Resposta óbvia: o seu longo período como prefeito de Aparecida, onde administrou um orçamento cujos valores corrigidos, hoje, chegam a R$ 1,6 bilhão por ano.
Seria fácil se ele tivesse um saldo robusto de realizações. Por isso, o marqueteiro de Mendanha, o conhecido Jorcelino Braga, dono da Kanal Vídeo, terá de se virar para mostrar um balanço do que foi o governo do ex-prefeito – na verdade, uma gestão vazia, sem obras, sem programas sociais e sem o cumprimento das promessas de campanha, tudo isso ajudando a caracterizar uma ausência de marca ou identidade administrativa.
Sem obras, gestão ficou sem marcas para ser identificada
Gustavo Mendanha começou a governar Aparecida em 1º de janeiro de 2017. Ao renunciar ao cargo, 5 anos e quase 3 meses depois, não tinha uma obra de impacto para apresentar como saldo positivo da sua gestão para o município.
As obras que Mendanha apresenta como vitrine da sua administração não foram feitas por ele e sim pelo seu antecessor, Maguito Vilela, um dos prefeitos mais produtivos da história de Aparecida. Ele deixou a prefeitura sem um legado ou mesmo uma marca para identificar o período em que Aparecida ficou sob o seu comando.
Não foi à toa que Daniel Vilela, filho e herdeiro político de Maguito, além de candidato a vice na chapa da reeleição do governador Ronaldo Caiado, tem dito que o seu papel é mostrar para os aparecidenses que tudo o que foi feito de importante na cidade, de 15 anos para cá, não tem a participação de Mendanha.
“Na campanha que se aproxima, vamos mostrar que as obras impactantes para o desenvolvimento de Aparecida são de responsabilidade de Maguito e não dele, Mendanha”,
disse Daniel Vilela em entrevista à imprensa.
Vitrine da gestão do ex-prefeito, o Hospital Municipal de Aparecida foi construído e equipado pelo seu antecessor. Mendanha também não implantou também nenhuma das avenidas que prometeu, dentro da estratégia urbana dos eixos estruturantes iniciada por Maguito. Começou duas, mas não concluiu ambas. Sim, construiu um viaduto (na avenida São Paulo, batizado de Viaduto João Antônio Borges), mas sintomaticamente com recursos que foram destinados para Aparecida através de emendas orçamentárias de Daniel Vilela, quando era deputado federal.
Mendanha, em mais de cinco anos de gestão, não asfaltou inteiramente um único bairro. E não investiu na construção de um único CMEI, permitindo que o déficit de vagas da Educação Infantil, em Aparecida, chegasse a 33 mil vagas, conforme levantamento do Instituto Rui Barbosa.
Recorde: renunciou sem cumprir uma única das suas promessas de campanha
Tempo, ele teve de sobra: passou 5 anos e 3 meses no comando da prefeitura de Aparecida, porém não conseguiu cumprir nenhuma das promessas que fez – e inclusive arquivou em cartório, por exigência da legislação eleitoral – nas campanhas para os seus 1º e 2º mandatos.
Em ambas as ocasiões, 2016 e 2020, Mendanha entregou ao Tribunal Regional Eleitoral planos de governo resumidos – 9 ou 10 folhas, incluindo capa e contracapa – com uma relação dos seus projetos para Aparecida, caso eleito. Trata-se de uma exigência legal para o registro de candidaturas a cargos públicos que têm, exatamente, a finalidade de permitir ao eleitor exercer alguma fiscalização sobre quanto vale a palavra dos políticos. As promessas estão todas lá. Asfaltar todos os bairros de Aparecida e suas ruas habitadas, por exemplo. Não cumpriu.
Erigir um Hospital do Câncer. Não moveu uma palha. Implantar os Eixos Leste-Oeste. Não avançou, inaugurando apenas um, inacabado, às vésperas da sua renúncia. Criar um Banco de Alimentos. Não fez. Desenvolver um programa de realocação de mão-de-obra desempregada. Não cumpriu. E assim por diante.
Faltou empatia pelos pobres: município não tem programas sociais permanentes
É difícil acreditar, mas, em 5 anos e 3 meses ou quase 2 mil dias como prefeito, Gustavo Mendanha não implantou nem um único programa social em caráter permanente para socorrer os pobres de Aparecida. Isso em um município onde o CadÚnico da União, que registra as pessoas em situação de vulnerabilidade, já ultrapassou 51.500 inscrições. Ou seja: é elevado o número de moradores de Aparecida, em torno de 10% da sua população, que vive sob dificuldades, dentre as quais a falta de comida na mesa é a principal.
Essa situação vem de muito tempo atrás. Mas Mendanha, nos seus dois mandatos, nada fez para enfrentá-la, embora a tenha explorado politicamente. Nas promessas que alinhou nos seus planos de governos registrados na Justiça Eleitoral para a 1ª e a 2ª campanhas, Mendanha quase não fez menção a programas sociais, preferindo assumir compromissos na área de infraestrutura urbana. Porém, comprometeu-se a implantar um Banco de Alimentos, um programa de realocação de mão de obra para absorver trabalhadores demitidos.
Assim como não asfaltou todos os bairros e não concluiu os eixos estruturantes do sentido Leste-Oeste, Mendanha não moveu uma palha para transformar o Banco de Alimentos e o apoio aos desempregados em realidade. As promessas ficaram no papel.