Política

Mendanha deve aumentar ataques a Marconi para sustentar o 2º lugar

Apoios de peso e carente de capilaridade nos municípios, campanha do ex-prefeito de Aparecida deve ser engolida pelo conhecimento e experiência do ex-governador tucano

Chapa com Gustavo e Marconi vira foco de articulação
Foto? Folha Z

Cloves Reges Maia

Depois do anúncio do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) de que vai concorrer ao governo de Goiás nas próximas eleições (por ora, essa é a posição do tucano), aumentou a preocupação no staff de campanha de Gustavo Mendanha, pré-candidato do Patriota. Ocupando o 2º lugar nas pesquisas de intenção de voto, bem distante do governador Ronaldo Caiado (UB), que tem praticamente o dobro dele, o ex-prefeito de Aparecida sofre com a falta de estrutura partidária que possa sustentar sua condição de protagonista da oposição goiana.

Com 18,6% das intenções de voto na última pesquisa Serpes/OPopular, Mendanha é um nome praticamente desconhecido no interior do Estado, o que obsta seu crescimento fora da região metropolitana de Goiânia. Nos bastidores, é senso comum a opinião de que Marconi deve assumir a condição de protagonista da oposição em Goiás, uma vez que, ainda que não conte com alianças de peso até o momento, é amplamente conhecido em todo o Estado, sobretudo porque governou Goiás por 4 mandatos e foi um dos principais nomes da política goiana nos últimos 20 anos.

Embora tenha a maior rejeição, os tucanos acreditam que Marconi não terá dificuldades para superar Mendanha e assumir o 2º lugar nas próximas pesquisas. Assim, aliados do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia dizem que o momento é de estabelecer estratégias no sentido de garantir visibilidade ao candidato e ao mesmo tempo apresentar propostas que possam desmontar o discurso tucano, já que, segundo os mendanhistas, a população já rechaçou Marconi Perillo nas últimas eleições.

“Marconi representa o retrocesso, e o Mendanha quer apresentar propostas de renovação. Até agora não houve o embate direto com os tucanos, mas isso terá que ser feito daqui até 2 de outubro”, defende um integrante do Patriota. A disputa pelo 2º lugar tem suas peculiaridades. “É como pisar em ovos. Eles não poderão ser nem tão complacentes ao ponto de permitir o avanço um do outro, nem tão duros nas críticas que possam inviabilizar um eventual apoio num possível 2º turno das eleições”, explicam.

Nesse interim, avaliam, Caiado, que já tem uma ampla vantagem – o governador aparece com 37,6% das intenções de voto na pesquisa -, será, obviamente, atacado pelos dois, mas também será beneficiado pela briga direta que os oposicionistas obrigatoriamente travarão entre si. “As críticas que Mendanha e Perillo se fizerem vão, de qualquer forma, validar o governo Caiado em muitos aspectos. A grande preocupação da oposição, e o que ela pretende evitar, é que a eleição termine já no 1º turno”, pontuam.

Dativos: ex-prefeito promete pagar dívida que governo Caiado já pagou

Com o anúncio de que o governo de Ronaldo Caiado liberou, no final de junho próximo passado, cerca de R$ 27 milhões para quitação dos valores devidos aos advogados dativos do Estado, governistas aproveitaram para alfinetar o pré-candidato do Patriota ao governo de Goiás, Gustavo Mendanha, que prometeu, durante uma entrevista a uma rádio da cidade de Rio Verde, que,

zerar os repasses aos dativos. Segundo aliados palacianos, Mendanha, mais uma vez, chega atrasado e mostra total desconhecimento das ações do atual governo.

“O Mendanha, talvez porque esteja mal assessorado, revela-se absolutamente desinformado sobre questões que se arrisca a emitir juízo de valor. Ele fez, literalmente, uma promessa que o Caiado já cumpriu”, diz um aliado do governador. “Se não for desinformação, é desonestidade política da parte dele”, completa a mesma fonte.

Os valores foram liberados no final de junho, via crédito suplementar, e serão usados para regularizar os repasses dos advogados dativos que ainda estejam em aberto. Pagamentos são feitos aos profissionais responsáveis pela assistência jurídica à população vulnerável e a liberação segue ordem cronológica gerada por sistema eletrônico. Têm prioridade os profissionais com mais de 60 anos e portadores de doenças graves. Desde o início da gestão, o governo Caiado já repassou mais de R$ 23 milhões a cerca de 7,5 advogados dativos de Goiás.

Caiado já repassou, desde fevereiro de 2019, segundo mês do primeiro ano da sua gestão, mais de R$ 23 milhões para cerca de 7,5 mil advogados dativos do Estado. Já naquele ano, apesar dos graves problemas de ordem financeira e de regularidade fiscal herdados da gestão passada, Caiado destinou R$ 6,2 milhões para 2.751 profissionais do direito. Essa quantia foi maior do que todo valor repassado em 2018. (C.R.M.)

Mesmo em fase de diálogo com o PT, Marconi admite que não vota em Lula

O pré-candidato do PSDB ao governo de Goiás, Marconi Perillo, sugeriu, em entrevista à Rádio Sucesso, que não votaria no candidato petista à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, caso se confirme um 2º turno entre o PT e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). A declaração de Perillo foi dada no último dia 20 de junho, antes, portanto, dele anunciar que seria candidato ao governo de Goiás, em busca do 5º mandato.

Durante o programa, o ex-governador foi perguntado, de forma muito direta, em quem o cidadão Marconi Perillo votaria numa eventual disputa entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu não vou me adiantar aqui… Assim, não é difícil, até porque todo mundo sabe dos embates que eu tive com o PT a vida inteira”, respondeu, sugerindo que o seu voto não seria no petista.

Depois de anunciar que vai concorrer ao governo de Goiás pela quinta vez, Marconi Perillo admitiu, no entanto, ter tido conversas com o PT com o intuito de fechar uma aliança em Goiás. As conversas, segundo aliados do tucano, foram mantidas, até o momento, a nível nacional. A presidente do PT em Goiás, Kátia Maria, deu a entender que o partido espera a manifestação de Marconi. “A bola não está comigo neste momento. Todos que falarem que apoiam Lula, nós vamos atrás”, disse a dirigente petista

Obviamente, as alianças partidárias são fundamentais para a consolidação dos projetos políticos dos partidos e candidatos, mas há ônus que os pré-candidatos assumem quando o pragmatismo soa como incoerência política. Em tempos de internet rápida, as declarações de Marconi Perillo, de repúdio ao PT, serão cobradas pelo eleitor no caso de eventual aliança PSDB/PT em Goiás. Como o próprio tucano afirmou, seus embates com o PT são de uma vida inteira.

Quando o ex-governador José Eliton trocou o PSDB pelo PSB para anunciar apoio à campanha presidencial da chapa Lula/Alckmin, Marconi Perillo foi incisivo: “PSDB e PT são como água e óleo, não se misturam”, descartando, à época, qual a aproximação entre os dois partidos”.

O Patriota de Gustavo Mendanha e o PL de Major Vitor Hugo descartam qualquer composição com o PSDB marconista, em razão do alto índice de rejeição do ex-governador junto ao eleitorado goiano. (C.R.M.)

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