30 dos 41 deputados estaduais por Goiás disputam a reeleição
Na bancada federal, dos 17 parlamentares, 13 querem ser reconduzidos aos cargos às eleições de 2 de outubro. Cenário é de poucas novidades
Entre os 41 deputados estaduais goianos, 30 vão buscar a reeleição. Além disso, outros nove registraram candidatura para deputado federal. Com isso, apenas dois parlamentares – o presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PSD), e Tião Caroço (UB) – estarão oficialmente fora do pleito deste ano. O levantamento foi feito pelo jornal O Popular.
Já na Câmara dos Deputados, dos 17 nomes de Goiás, 13 vão disputar a reeleição. Vitor Hugo (PL) fica de fora da disputa pelo Legislativo porque é candidato ao governo de Goiás. Delegado Waldir (UB) e João Campos (Republicanos) são candidatos ao Senado – o primeiro na base de Ronaldo Caiado (UB) e o segundo na oposição, com Gustavo Mendanha (Patriota).
José Mário Schreiner (MDB) decidiu não disputar a reeleição. Esta é a primeira eleição para deputado estadual e federal sem a possibilidade de coligações proporcionais. Cientistas políticos consultados pela reportagem avaliam que o cenário deve ser de pouca mudança de nomes no Legislativo.
Em 2018, 28 parlamentares buscaram ser reconduzidos às suas cadeiras na Assembleia Legislativa de Goiás e 20 tiveram sucesso. As outras 21 vagas foram ocupadas por novatos. O PSDB – partido derrotado na disputa ao governo e ao Senado naquele ano – ficou com a maior bancada, cinco deputados. Com o passar dos anos e movimentações políticas, o cenário mudou. Atualmente, o União Brasil (partido comandado por Caiado, que surgiu em fevereiro de 2022 a partir da fusão entre DEM e PSL) tem a maior bancada, com nove parlamentares.
Apesar de estarem fora das candidaturas registradas, Lissauer e Tião Caroço estão diretamente envolvidos na eleição. Ao longo do último ano, o pessedista já foi cotado e articulou por diferentes projetos, como Câmara dos Deputados, Senado e vice na chapa governista.
Lissauer Vieira chegou a anunciar sua pré-candidatura ao Senado e foi defensor de nome único na base. Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que confirmou a possibilidade de candidaturas isoladas, o cenário com diferentes nomes no grupo se consolidou.
Lissauer recuou e foi escolhido pelo governador para ser coordenador-geral de sua campanha. No grupo governista, permaneceram na disputa ao Senado Alexandre Baldy (PP), Vilmar Rocha (PSD) e Delegado Waldir (UB).
Já Tião Caroço declarou que vai apoiar Caiado para o governo e Marconi Perillo (PSDB) ao Senado, dois nomes que estão em lados opostos da política goiana atualmente. Na Assembleia, Tião Caroço faz parte da base de Caiado, mas antes pertencia ao tucanato. Questionado sobre por qual motivo decidiu não ser candidato, o parlamentar disse que atua nesta área desde os 14 anos de idade e “vai indo, você cansa de fazer política”.
Na disputa federal, José Mário Schreiner anunciou desistência em junho, mas postagens em suas redes sociais demonstram que ele está em plena campanha por Marussa Boldrin (MDB), vereadora em Rio Verde e apresentada como nome que representa entidades do agro em Goiás.
Na época do recuo, o Giro mostrou que José Mário é vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e deve assumir o comando da entidade em breve.
Cenário eleitoral no Estado é de pouca ou nenhuma renovação, diz especialista
O cenário de busca por reeleição reflete a dificuldade de renovação política e não é uma novidade da eleição de 2022. A avaliação é do cientista político e professor Pedro Célio Alves Borges, que também destaca que o quadro reflete o fechamento dos comandos partidários e a natureza elitizada do Legislativo. “É difícil ter renovação porque os candidatos dominam as máquinas partidárias e já entram na disputa com mais condições que os adversários”, afirmou ao jornal O Popular.
O professor e cientista político Guilherme Carvalho também acredita que o cenário aponta para pouca renovação nas casas legislativas. Guilherme avalia que ainda não foi possível perceber nomes na eleição que demonstrem ameaça aos atuais mandatários. “A chance de reeleição é ampla”, diz.
O professor explica que o fim das coligações proporcionais colabora para o fortalecimento de grandes partidos e os candidatos que entenderam essa ideia e fizeram movimento nesse sentido durante a janela partidária podem ser favorecidos. “Na Assembleia, a competição tende a fortalecer quem já tem mandato ou quem migrou de forma inteligente e ajudou a formar chapas competitivas”, diz.
O quadro em Goiás é reflexo de um comportamento nacional. Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo mostrou que a disputa deste ano tem número recorde de deputados candidatos à reeleição, com 446 nomes (dados do TSE até a tarde da última terça-feira, 16).
Segundo especialista, em geral, a população do Brasil possui uma certa desconfiança da política tradicional por causa das falhas nesse cenário, como corrupção e negociatas. “Isso gera o afastamento da população, tanto em votar quanto a se candidatar”, opinou Célio Borges.
Ele também destaca a dificuldade dos jovens em ingressar na política. “Muitos partidos têm sistemas diferenciados, condições e experiência muitas vezes acima do que eles geralmente possuem”, ressaltou.
Na visão dele, a falta de representatividade de candidatos jovens na disputa das eleições faz com que alguns estudantes não optem por exercer o voto facultativo. “O jovem ainda não se sente representado, junto com outras minorias da sociedade, e sabe que isso precisa ser corrigido, mesmo que seja preciso recriar uma nova estrutura”, ressaltou.
Para o especialista e cientista político, em alguns discursos eleitorais até aparecem propostas voltadas para o público jovem, porém, no decorrer do mandato dos que vencem, não é possível ver mudanças. “Nas eleições anteriores, muito se escutou e pouco se fez”, explicou. O especialista salientou que, dessa forma, os jovens se afastam das urnas. “Perdemos, assim, gerações de brasileiros que poderiam estar prestando um bom serviço para o País”, considerou.
Segundo Pedro Célio, o fator custo é um dos maiores empecilhos para que o jovem consiga ingressar na política e gerar representatividade. “Quanto mais o cidadão estiver envolvido no mundo político, maiores são as chances do Brasil ser um país melhor no futuro”, completou.