Moradores do Jardim Cristal, Rosa do Sul e Chácara Santa Luzia esperam pelas ‘mil’ promessas de asfalto
Diário de Aparecida conferiu a triste realidade de quem mora à beira das ruas pavimentadas
Por: Luciana Brites
Dezenas de moradores do Setor Chácara Santa Luzia, Setor Rosa dos Ventos e Jardim Cristal vivem pertinho do asfalto mas, ano após ano, continuam convivendo com a poeira, a lama e os buracos. É que nestes bairros, quase todas as ruas são asfaltadas, exceto algumas.
No Setor Chácara Santa Luzia, a Estrada B e as Ruas D e E são margeadas por mato seco e o asfalto é uma promessa antiga. Nem todas as casas têm calçadas ou muros e isso aumenta ainda mais a quantidade de poeira que entra nas residências. Os lotes vagos são usados indevidamente para queimar lixo e mato, o que piora a qualidade do ar, já bastante seco.
O que chama a atenção é que esses locais estão bem próximos de um condomínio classe média baixa, de sobrados geminados e prédios de seis andares, onde vive o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia e candidato ao governo do Estado – Gustavo Mendanha.
“Os caminhões de água estão passando no Rosa do Sul. Isso não resolve o problema”, diz Rodrigo Souza
Morando há 8 meses na Rua das Margaridas, no Setor Rosa do Sul, o empresário Ronan Ferreira se decepcionou quando saiu do apartamento próprio, em outro bairro de Aparecida. “Vim pra cá morar de aluguel para ficar mais próximo do trabalho. Antes de mudar, ouvi mil promessas de que o asfalto chegaria logo, em poucos meses. Além de não ter chegado, eu não acredito mais que venha tão cedo”. Outra decepção para ele foi a falta da rede de água e esgoto. “Aqui a gente ainda convive com cisterna e fossa. É uma coisa ultrapassada, que nem devia existir mais”. Desanimado, ele confessa que, pra ele, “votar nulo é normal” e que está só esperando o assédio de candidatos para dizer o que sente e pensa. “Se os políticos soubessem o quando isso deixa eles (sic) desacreditado, pensaria duas vezes antes de prometer o que não vai cumprir”.
Rodrigo Souza mora na Rua Girassol, também no Setor Rosa do Sul, há um ano e conta que a poeira está sendo amenizada com água de caminhões pipa, que passam na rua duas vezes ao dia. “Mas isso não é o ideal, isso não resolve o problema da gente. O que a gente precisa é do asfalto”, afirma.
Ele afirma que uma tia mora no bairro há dez anos e sabe dos problemas que ela enfrentou ao longo dos anos. “É menino perrengue, tossindo, tendo que fazer aerossol… é casa que não para limpa, é roupa que fica suja enquanto está secando no varal… todo mundo tem uma história pra contar de problema que a poeira traz, sem conta que no tempo de chuva também tem muita coisa que incomoda”, relata.
Rodrigo recorda que inúmeros candidatos a vereador estiveram no bairro no final de 2020 e todos, sem exceção, prometeram asfalto. “Os que não ganharam, tudo bem, não estão nem aí mas, e os que se elegeram? Tinham que dar uma satisfação pra gente. Daqui a pouco estão todos aqui, de novo”, prevê.
“Falam que não tem projeto e nem previsão. O que impede?” ingada, Carla Lemes
O Jardim Cristal é um bairro só que parecem ser dois, de tão diferentes que são. Um é totalmente asfaltado e o outro, onde estão as Ruas Camapuã, Bagé Azul e Júlia Castilho, tem só poeira solta no chão. A comerciante Carla Lemes está no setor há trinta anos e lembra quando tudo era igual. Hoje ela vive na parte asfaltada mas tem uma lanchonete na Rua Júlia Castilho, esquina com a Avenida Tangará, bem no ponto onde o asfalto termina.
Todos os dias ela escuta reclamações dos clientes, inclusive daqueles que não moram na poeira. É que bem ao lado fica um condomínio fechado de alto padrão, onde moram “pessoas influentes” de Aparecida de Goiânia. Ela prefere preservar os nomes dos clientes, mas fala das queixas que eles fazem.
“Eles contam que o vento leva a poeira vermelha pra dentro do condomínio e tudo fica sujo por lá. Reclamam que o asfalto, aqui, também resolveria o problema deles, lá. O vento não quer saber, tem poeira pra todo mundo”, conta aos risos.
Sorridente e muito simpática, não é difícil entender porque os moradores do Jardim Cristal e do condomínio fechado fazem do lanche da Carla um local de desabafo. Solidária, ela lembra que já morou em um lugar sem asfalto e faz questão de perguntar o que impede que o benefício chegue a todo o bairro.
“As informações são muito desencontradas. Antes, disseram que tinha que ser feita a rede de água e esgoto primeiro; agora, que já tem essa rede, falaram que não tem projeto e nem previsão; depois chega outro aqui e diz que só ano que vem… Ninguém sabe de nada certo!”
“Entregar marmita coberta de poeira é complicado”, lamenta, Simone Menezes
Simone Menezes é outra que também presencia o sofrimento dos moradores das Rua Camapuã, Bagé Azul e Júlia Castilho. Entregadora, ela atende toda a região e conta que vive algumas situações constrangedoras. “Entregar marmita coberta de poeira é complicado. A comida é feita com todo cuidado, sai do restaurante limpinha, arrumadinha, mas no instante que a gente tira da caixa (térmica) pra entregar pro cliente, um vento que dá, suja a tampa. A gente que trabalha com comida, a higiene é tudo”, explica.
Resposta da prefeitura
O Diário de Aparecida entrou em contato com a prefeitura, para saber os motivos pelos quais as ruas citadas na matéria ainda não foram asfaltadas e se há previsão de quando isso acontecerá. Até o fechamento desta edição não houve resposta específica, apenas informações genéricas, por meio de nota, de que “o programa Asfalto Para Todos levará o benefício para todas as ruas ainda não asfaltadas da cidade, já a partir do início de 2023”.