Política

Vitor Hugo tem rejeição quase 3 vezes maior que as suas intenções de votos

Um campanha eleitoral acoplada ao nome do presidente Bolsonaro, é assim que o candidato à governador pelo PL acredita que tem possibilidades de vitória no 2º turno

Deputado federal Major Vitor Hugo, candidato do PL: desconhecido em Goiás, aposta na influência do amigo Bolsonaro, que até agora não funcionou

Considerado como um estranho no universo político, social e cultural de Goiás, o deputado federal Major Vitor Hugo (PL) mesmo assim decidiu se lançar à disputa pelo governo do Estado – e logo enfrentando o governador Ronaldo Caiado, cuja família tem mais de um século de trajetória na história goiana.

Vitor Hugo nasceu na Bahia e cresceu no Rio de Janeiro. Adquiriu um sotaque que transforma os esses em xis. Fez carreira como militar do Exército e acabou passando em um concurso na Câmara Federal. Deixou o Exército e começou a circular no Entorno de Brasília, onde sua mulher foi juíza em várias comarcas e hoje atua em Luziânia.

Para ajudar na campanha de Jair Bolsonaro, em 2018, candidatou-se a deputado federal pelo PSL, partido escolhido pelo futuro presidente. Bolsonaro estourou e Vitor Hugo foi junto, elegendo-se com pouco mais de 36 mil votos, na garupa do Delegado Waldir – como sempre, campeão de votos.

O Major e o presidente foram cadetes juntos na Academia Militar das Agulhas Negras. Nasceu daí uma amizade íntima e sólida. Que, aliás, está na raiz da candidatura a governador de Goiás: O Major acredita que as bênçãos do amigo e aliado Bolsonaro serão suficientes para vencer em 2 de outubro.

Em todos os seus programas no rádio e televisão, até agora, o Major exibiu imagens de Bolsonaro recomendando o seu nome. Em tudo o que fala e faz, o nome do presidente vem na frente. Se uma pesquisa séria como a do Data Folha dá Lula em 1º lugar e não o presidente, para Vitor Hugo não há dúvidas: é falsa.

Mas não é só com as pesquisas nacionais que ele briga. Aqui em Goiás, ele investiu contra o Serpes, o mais tradicional instituto e o de maior credibilidade do Estado. Chegou a entrar na Justiça, tentando proibir a veiculação da última, por volta do dia 25 de agosto, prevendo talvez que os pontos para a sua candidatura seriam os piores possíveis.

E foram. Pelo Serpes, Vitor Hugo tem uma mixaria de intenções de votos ou 3,7%, exatamente. Como notícia ruim não anda sozinha e logo é acompanhada por outra, o mesmo Serpes trouxe também o candidato do PL com uma rejeição de 10,4%, isto é, o Major tem quase 3 vezes mais rejeição que aceitação como postulante ao Palácio das Esmeraldas.

O xingatório contra o Serpes, na verdade, foi injusto. O instituto não é o único a mostrar que Vitor Hugo não tem votos em Goiás. Na mesma linha, seguiram o Ipec, ex-Ibope (4%); o Diagnóstico (5,9%) e o Voga (4,4%). Outros mostraram uma situação um pouco melhor, como o Real Time Big Data (10%); Paraná Pesquisas (9%); e o desconhecido Instituto Goiás (16,4%).

No quesito rejeição, todos, com exceção do Paraná Pesquisas, que não divulgou esse dado, foram cruéis com o Major. Segundo o Ipec, 13% refugam o seu nome. Para o Diagnóstico, são 13%. O Real Time vai ao ápice: aponta espetaculares 29% de rejeição para ele.

Resumo da ópera: Major Vitor tem, em média, uma recusa entre o eleitorado que supera, de longe, as suas intenções de votos. Isso é praticamente uma garantia para a sua “deseleição”, isto é, a derrota: o seu saldo é negativo. Até mesmo na região do Estado onde ele mais circulou e onde obteve a maioria dos seus votos para a Câmara Federal em 2018, ele patina em índices inexpressivos ou 5,5% de intenções de votos, empatando com o ex-prefeito Gustavo Mendanha (também 5,5%).

Enquanto isso, o governador Ronaldo Caiado é assumido por 55,5% do eleitorado dos municípios do Entorno. Vitor Hugo e Mendanha são ilustres desconhecidos por ali, o que levanta uma muralha para as pouquíssimas possibilidades dessas 2 candidaturas: nos 29 municípios ao redor de Brasília concentram-se 900 mil eleitores, compondo o 2º maior colégio eleitoral do Estado, atrás apenas da região metropolitana de Goiânia.

 

Intenções de Voto Rejeição

Serpes 3,7% 10,4%

Ipec 4,0% 13,0%

Voga 4,4% não divulgou

Diagnóstico 5,9% 13%

Paraná 9,0% não divulgou

Big Data 10,0% 29%

Goiás 16,4% não divulgou

 

Ao vir a Goiás durante a pandemia da Covid-19, Bolsonaro foi obrigado a usar máscara e ainda a desinfetar as mãos com gel aplicado por Caiado

 

 Em Goiás, campanha de ataques é estratégia que nunca deu certo

 

 

Se há um ponto comum em todas as avaliações de analistas e cientistas políticos sobre as eleições em Goiás é que a estratégia de atacar e agredir os adversários não dá nem nunca deu certo.

Desafiando esse entendimento, o candidato do PL Major Vitor Hugo resolveu dar uma guinada no discurso e passou a disparar uma verdadeira artilharia contra o governador Ronaldo Caiado.

Existem dificuldades para isso. Caiado é um político ficha limpa, com uma biografia imaculada. Além disso, sempre se caracterizou pela intransigência no combate à corrupção, seja como deputado federal, seja como senador da República, seja como governador do Estado.

Falar mal de Caiado não é fácil porque, de cara, não é possível recorrer aos principais atributos negativos que a população costuma atribuir aos políticos, qual seja o envolvimento com desvios de recursos públicos. Jamais houve qualquer acusação nesse sentido contra o governador.

Resta, os temas administrativos. E aí é questão de opinião. Fiel ao presidente Jair Bolsonaro, o Major acredita que o fechamento do comércio durante os momentos mais duros do combate a pandemia do novo coronavírus não foi necessário.

No entanto, grande parte da aprovação do governo Caiado, entre 50 e 67%, conforme as pesquisas, decorre justamente da sua conduta científica e responsável na época da luta contra a Covid 19, com medidas que reduziram as mortes de goianos e garantiram assistência hospitalar completa para os pacientes. Ele foi mais médico do que governador.

Os bolsonaristas foram e são contra tudo isso. Não à toa, o próprio presidente é chamado de “genocida” pelo desprezo que mostrou quando confrontado com as centenas de milhares de óbitos de brasileiros. Bolsonaro debochou ao imitar doentes sem ar, atrasou em 45 dias a compra de vacinas e deu mau exemplo em meio a aglomerações sem usar máscara.

Caiado fez o contrário de tudo isso. Não hesitou por um minuto na defesa da população durante a crise sanitária. E fez o possível para minimizar os prejuízos para a economia, tanto que Goiás já está inteiramente recuperado nessa área – mostrando fôlego ao crescer mais de 4% no 1º trimestre deste ano.

Ao investir contra esse patrimônio, ainda mais em se tratando de alguém que não é de Goiás, Major Vitor Hugo tende a aumentar ainda mais a sua rejeição e a estacionar, senão regredir, nas ralas intenções de voto que conquistou até agora.

 

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