Política

PSDB encolhe e terá em 2022 apenas 4 senadores e 13 deputados federais

Partido diminuiu de tamanho também em Goiás, com a derrota de Marconi e a eleição de somente 3 parlamentares (1 para a Câmara e 2 para a Assembleia)

O guru do PSDB nacional Fernando Henrique Cardoso, aos 91 anos, anunciou apoio ao ex-presidente Lula no 2º turno

Sem conseguir eleger nenhum governador no 1º turno, o PSDB entrou em um violento processo de encolhimento como resultado do seu péssimo desempenho nas urnas do dia 2 de outubro. No Senado, de 8 cadeiras, o partido cairá para apenas 4 a partir do início de 2023. O número de deputados federais também teve uma redução expressiva: em 2018, o partido elegeu 29 parlamentares para a Câmara Federal. Em 2022, somente 13.

 

Nos Estados, em geral, o PSDB teve queda de 26% no número de deputados estaduais. A legenda elegeu 54 deputados para as Assembleias Legislativas pelo país este ano, enquanto, em 2018, foram 73. Isso se refletiu em Goiás, com a repetição do cenário já desanimador de 2018, com a conquista de somente uma cadeira na Câmara Federal.

 

Na Assembleia, no entanto, o número caiu de 6 para apenas 2. Um resultado modesto, enfim, para aquela que foi a sigla com mais parlamentares no Estado, em outros tempos. Para o futuro, pesa para o esvaziamento da legenda, em Goiás, a surpreendente derrota do ex-governador Marconi Perillo, maior nome do PSDB no Estado, para o Senado, depois de passar toda a campanha liderando as pesquisas com relativa folga. O eleito, como se sabe, foi Wilder Morais, do PL, que disparou na reta final.

 

Memes na internet substituem o tucano, ave símbolo da agremiação, por um periquito, mesmo assim todo machucado. É consenso que, agora, o PSDB terá de se refundar, porque ele precisa ser reconstruído. O partido saiu dessa eleição em esfrangalhado.

 

O impasse entre Lula e Bolsonaro levou também os tucanos a um racha. Parte da velha guarda tucana, formada por nomes como Tasso Jereissati e Aloysio Nunes, já anunciou apoio a Lula no 2º turno. Mas deputados federais da sigla, mais jovens, já vem se associando ao bolsonarismo.

 

O atual presidente do partido, Bruno Araújo, convocou uma reunião para decidir qual deve ser a posição no segundo turno. A tendência deve ser liberar os filiados a apoiarem quem quiser. É um contraste e tanto com a posição que o partido teve em 1989, quando o PSDB era chefiado por Franco Montoro e apoiou Lula no segundo turno contra o populista Fernando Collor.

 

Apesar do insucesso de última hora na disputa pelo Senado, Marconi tem liderança constituída e tem a oportunidade de se candidatar a prefeito de Goiânia

 

 Marconi pretende continuar na política e visa a prefeitura de Goiânia em 2024

 

Em política, que acompanha a história das eleições no Brasil sabe que, no bojo de uma derrota, sempre vem outra derrota. O último exemplo dessa máxima é o ex-governador Marconi Perillo, do PSDB, que perdeu para senador em 2018 e repetiu a dose agora em 2022.

 

Esse fenômeno aconteceu com uma das maiores lideranças estaduais de todos os tempos: Iris Rezende, que foi derrotado por Marconi em 1998 para o governo do Estado, e em seguida foi também atropelado para o Senado, em 2002, por Demóstenes Torres e Lúcia Vânia.

 

O ex-governador tucano poderia ter disputado mandato de deputado federal, como fez Aécio Neves em Minas Gerais, com sucesso, tanto em 2018 quanto em 2022. Aécio, nas duas ocasiões, liderava as pesquisas para o Senado, mas preferiu a segurança de um mandato na Câmara Federal, muito mais fácil de ser conquistado.

 

Marconi figurou em 1º lugar em todos os levantamentos realizados para averiguar a corrida pelo Senado, desde o momento em que lançou a sua candidatura. Nem mesmo às vésperas da eleição, conheceu outro resultado. O vencedor, Wilder Morais (PL) nunca apareceu na frente, a não ser no boletim oficial do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na noite do domingo, 2 de outubro.

 

“Como presidente do PSDB, certamente não deixarei de contribuir no debate de alto nível aqui no Estado, priorizando as ideias, o bom embate, mas sempre colocando minhas opiniões sobre os temas que mais importam para sociedade, de forma independente e focado no interesse público. Continuarei fazendo as críticas necessárias e apoiando aquilo que é correto”, escreveu o ex-governador em uma nota em que comentou o veredito das urnas.

 

Marconi disse estar tranquilo e feliz com a campanha que realizou. “Depois de ter enfrentado tantas injustiças, saio do processo de cabeça erguida na certeza de ter cumprido o meu dever com a Democracia, defendendo as liberdades, um país mais justo, menos desigual, um país de mais oportunidades para todos, principalmente para os mais pobres”.

 

E enfaticamente concluiu: “Mesmo não ganhando, vou continuar militando na política e trabalhando por Goiás, a exemplo do que fiz em toda a minha vida pública”. Isso aponta, segundo aliados, para um novo desafio: disputar a prefeitura de Goiânia em 2024, repetindo a trajetória de Iris. Após as duas derrotas que sofreu nas urnas, o velho cacique emedebista ressurgiu gloriosamente como candidato vitorioso a prefeito da capital em 2004, apenas a 2 anos de perder as eleições para o Senado.

 

Segundo amigos próximos, Marconi ainda não falou sobre o assunto. Mas, conforme algumas fontes, ele pode disputar na maior cidade do Estado, sim. O tucano tem o espírito forte e sempre ousou na sua vida pública. Na campanha para o Senado, a sua rejeição, outrora elevada, foi se reduzindo de pesquisa para pesquisa e no final estava na faixa de 15%, considerada absolutamente normal no caso de um político com uma longa carreira e muito conhecido do eleitorado.

 

Caso tivesse conquistado o mandato senatorial, Marconi e seu grupo político planejavam lançar o apresentador Matheus Ribeiro para prefeito de Goiânia. Esperava-se que Matheus tivesse sucesso nas eleições para deputado federal, mas a sua votação pífia foi um balde de água fria. Seu nome já teria sido riscado dos planos do tucanato.

 

Além de Marconi, uma alternativa do PSDB pode ser uma jogada radical no rumo da renovação, com o lançamento da vereadora Aava Santiago. Porém, como político experimentado que é, o ex-governador certamente fará pesquisas, quantitativas e, sobretudo, qualitativas, para saber a respeito de sua viabilidade eleitoral. É bem possível que um dos dois – Marconi ou Aava – venha a ser o candidato.

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