Cidades

Combate à depressão e suicídio entre crianças e adolescentes é tema de audiência pública na Câmara de Goiânia

Evento foi acompanhado por jovens aprendizes que trabalham na Casa

O evento foi acompanhado por integrantes do projeto Jovem Aprendiz que trabalham na
Casa. Foto: Marcelo do Vale

O vereador Isaías Ribeiro (Republicanos) promoveu, na última quarta-feira (5), audiência pública
para discutir sobre conscientização para prevenção de depressão na infância e adolescência e de
suicídio. O evento, realizado no Plenário da Câmara, foi acompanhado por vários integrantes do
projeto Jovem Aprendiz que trabalham na Casa.
“A depressão não escolhe sexo, idade ou classe social. Essa doença, além de prejudicar o
crescimento social e cognitivo da criança e do adolescente, afeta também relações familiares. O
diagnóstico tardio pode trazer consequências irreparáveis, principalmente naqueles que promovem
automutilação e tentativa de suicídio”, explicou Isaías. De acordo com dados do Ministério da Saúde,
o suicídio é a segunda maior causa de mortes entre adolescentes e jovens brasileiros de 15 a 29
anos.
“É urgente que sejam criadas políticas públicas que levem informações às pessoas para que
consigam identificar e buscar tratamento para depressão no menor tempo possível, buscando
reduzir e evitar consequências mais graves por meio do tratamento precoce da doença”, defendeu.
O vereador lembrou que foi autor de projeto de lei (PL 10.685/2021), sancionado pelo prefeito
Rogério Cruz (Republicanos), em outubro do ano passado, que instituiu no Calendário Oficial de
Eventos do Município a campanha permanente de combate ao suicídio, à automutilação e à
depressão de crianças e adolescentes.
Em depoimento dado pela neuropedagoga Daniele Assis, que também é escritora e autora do livro
“Como sou (in)útil”, ela contou que teve depressão algumas vezes durante a vida, mas não buscou
tratamento porque não sabia exatamente o problema que tinha. Dessa forma, não procurou nem
recebeu qualquer orientação. “Meu quadro foi se agravando até desenvolver depressão grave, que é
persistente, ou seja, dura mais de dois anos. Cheguei ao ponto de perder meu poder cognitivo por
seis meses, afetando assim minha capacidade de atenção, memória, raciocínio e diálogo. Nesse
ponto, fui atendida por profissionais e comecei o tratamento da depressão, o que foi muito

positivo.” Com a recuperação, Daniele fez faculdade de Jornalismo e, durante o curso, teve a ideia
de relatar tudo que passou em um livro.
Ela elencou os principais sintomas de depressão que devem acender alerta em pais e responsáveis
de crianças e adolescentes:

 

PRINCIPAIS SINTOMAS DE DEPRESSÃO QUE DEVEM ACENDER ALERTA EM PAIS E RESPONSÁVEIS

– desesperança, tristeza, pesar;
– dificuldade cognitiva (atenção, concentração, memorização, raciocínio);
– angústia, medo, pensamento acelerado, ansiedade;
– pessimismo obsessivo, choro fácil;
– impotência, incapacidade;
– isolamento, apatia;
– baixa autoestima;
– perda de interesse em atividade;
– mudanças no apetite e no sono;
– queixas de dores físicas, sensibilidade com luz ou sons;
– ideia de suicídio ou pensamento de tragédia ou morte;
– sensação frequente de cansaço ou perda de energia;
– irritabilidade, agressividade.

 Em pontos estratégicos da cidade será distribuídos canais de contato para busca de ajuda

A depressão, se não tratada, pode levar a fatores de risco como uso excessivo de álcool, consumo de
drogas, automutilação e ideação suicida. Já o tratamento exige equipe multidisciplinar composta por
clínico geral, psiquiatra, neuropediatra ou neurologista, psicólogo, psicopedagogo e preparador
físico, explicou Daniele.

O coordenador do projeto Help, Augusto Albuquerque, falou sobre a ação de distribuir cartas com
mensagens motivacionais em pontos estratégicos da cidade, como viadutos, praças e parques.
Nelas, também está o contato de WhatsApp para que aqueles em aflição busquem ajuda e sejam aconselhados. Outra ação do grupo é a realização de palestras em escolas. “O tema é ‘Batalha de Pensamentos’, porque entendemos que são pensamentos negativos que levam jovens a sofrer com ansiedade e depressão. Nós ensinamos na palestra que esses pensamentos surgem para todos, mas quando nos deixamos ser dominados por eles, vêm tristeza profunda, crises de ansiedade e automutilação, na tentativa de aliviar a dor na alma”, disse Augusto. Ele acrescentou que, ao final das palestras, jovens são aconselhados individualmente.

“Há tratamento”

O grupo Depressão Tem Cura (DTC) promove ações semelhantes ao Help em sinaleiros, shoppings e
parques, com objetivo de disseminar informações acerca da depressão e de tratamento. Também
possui atendimento telefônico, atendimento domiciliar e presencial em pontos de apoio localizados
em todo o estado. “Há pessoas que pensam que não há tratamento, não há cura, mas é preciso
mostrar para quem precisa que é possível se livrar da ansiedade e da depressão. No caso das
crianças e dos jovens, se eles não forem tratados, serão adultos traumatizados que terão problemas
nos relacionamentos e na vida em geral, gerando famílias e uma sociedade totalmente
desestruturadas”, afirmou o coordenador do grupo, Luan Felipe Oliveira Souza.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo