Rogério Cruz vai enfrentar concorrência acirrada na busca da reeleição em Goiânia
Filiado ao Republicanos que se dividiu em apoios, mas junto ao União Brasil, resultou na vitṍria fragorosa de Caiado; em 2024, Cruz deverá atrair fortes adversários na corrida em suposta busca pela reeleição
O prefeito de Goiânia Rogério Cruz (Republicanos) vai enfrentar um cenário de concorrência acirrada se resolver tentar mais um mandato como titular da cadeira número um do Paço Municipal, no Park Lozandes.
Além de integrar um partido que se dividiu nas eleições estaduais deste ano, o Republicanos, com uma ala apoiando a reeleição do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e outra a candidatura do ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha (Patriota), Cruz sofreu uma derrota pessoal com o fracasso da sua mulher, Thelma Cruz, na tentativa de se eleger para a Assembleia Legislativa.
Thelma Cruz concorreu pelo Republicanos e só conseguiu 24.600 votos, mas o partido só fez legenda para 2 cadeiras no Legislativo Estadual: o pastor Quirino, com 31.500 sufrágios, e o vereador Clécio Alves, com 28.300. Para piorar as coisas, em Goiânia, maior colégio eleitoral do Estado, ela ficou em 3º lugar, mesmo tendo o marido como detentor do poder político e administrativo de mais influência na capital.
Tudo isso, agora, vai pesar nas possibilidades de sucesso do projeto político de Rogério Cruz para 2024, quando a sua fragilidade deverá atrair mais e mais fortes adversários na corrida pela prefeitura.
Desde já, são cogitados o eterno candidato Vanderlan Cardoso (PSD, por enquanto), que já sofreu 2 derrotas na briga pelo Paço Municipal; o senador eleito Wilder Morais (PL), mais votado em Goiânia, superando a casa dos 200 mil votos e à frente, por exemplo, do Delegado Waldir (União Brasil); o próprio Waldir, que já foi candidato em 2016; o Major Vitor Hugo, que perdeu a disputa pelo governo do Estado, mas tornou o seu nome conhecido; o deputado federal eleito Gustavo Gayer (PL), que concorreu em 2020 e ficou em 4º lugar; a apresentadora Silvye Alves (União Brasil), a mais votada em Goiânia e no Estado para a Câmara Federal; a deputada federal eleita Adriana Accorsi (PT), que já foi candidata a prefeita por 2 vezes e tem mostrado prestígio crescente entre os goianienses; e até mesmo o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), que perdeu a eleição senatorial e pode optar por tentar novamente uma ressurreição política lançando a sua candidatura na capital.
Esses são apenas alguns dos cotados. Outros poderão aparecer. E ainda a certeza de que, quanto mais fraco politicamente o prefeito se mostrar, mais estimulará o apetite pelo seu cargo, atraindo postulantes e tornando dificultosa e talvez até inviável a sua reeleição.
No plano administrativo, Rogério Cruz continua se debatendo com obras paralisadas e a sucessiva divulgação de casos polêmicos envolvendo os negócios da prefeitura. Ao completar 2 anos de gestão, no final deste ano, ele ainda não conseguiu imprimir uma marca ou identidade para o seu mandato e sequer logrou concluir as inúmeras obras inacabadas deixadas pelo seu antecessor Iris Rezende.
O secretariado municipal continua como uma fonte de problemas para o prefeito, que não conseguiu estabilizar a equipe desde que o fatídico rompimento com o MDB e com o presidente estadual do partido Daniel Vilela, no início de 2021, colocou na rua 14 dos seus auxiliares mais destacados e abriu uma ferida ainda hoje sem cicatrização no Paço Municipal.
A Câmara Municipal também tem sido um manancial de crises, como a que recentemente envolveu as vereadoras Lucíula do Recanto (PSD) e Aava Santiago (PSDB) em uma disputa por cargos comissionados que apequenou ambos os lados da contenda.
Caiado venceu cravando 43,6% dos votos na capital e influenciará no pleito municipal
Vitorioso em Goiânia, maior colégio eleitoral do Estado, onde alcançou mais de 43% dos votos, o governador Ronaldo Caiado deve ser o principal cabo eleitoral das eleições municipais de 2024 na capital.
Caiado quebrou uma tradição: candidatos da situação ao Palácio das Esmeraldas nunca são bem sufragados pelo eleitorado goianiense. Isso, no passado, atingiu com força nomes como Marconi Perillo e Iris Rezende.
O governador, no entanto, inverteu essa tradição e venceu com folga em Goiânia. Isso potencializa o seu capital político para interferir positivamente na corrida pelo Paço Municipal em 2024.
Além da própria biografia, o que turbinou a votação de Caiado em Goiânia foi o bom desempenho da sua administração na Segurança Pública, área especialmente sensível em uma região superpovoada como a metropolitana – onde houve uma redução drástica de todas as modalidades de crimes, a ponto de se reduzir substancialmente o preço dos seguros de veículos e até mesmo de pick-ups cabine dupla.
Há que se considerar também o impacto dos programas sociais, que atraíram para a reeleição do atual governador o apoio da base histórica de centro-esquerda, o que levou na prática a um fato inédito e inesperado: Caiado e Lula compartilharam votos, mesmo porque parte da centro-direita influenciada pelo bolsonarismo migrou para as candidaturas radicalóides de Gustavo Mendanha e Major Vitor Hugo.
Pelo sim, pelo não, o cenário eleitoral para a disputa pela prefeitura de Goiânia ainda está indefinido, pela distância no tempo até 2024, mas já aponta para tendências que devem se cristalizar daqui até lá. Uma delas, é claro, será a repercussão da liderança de Caiado, que caminha para fazer um 2º governo ainda melhor que o primeiro, dado que não perderá tempo com a arrumação da casa – uma vez que a estabilidade fiscal e a reorganização administrativa já foram concluídas.
Especula-se que o respaldo do governador, em Goiânia, irá para a reeleição de Rogério Cruz, que teve papel importante na campanha do atual governador ao antecipar a sua declaração de apoio a Caiado, independentemente da definição do Republicanos, seu partido, que acabou se dirigindo para a coligação de Gustavo Mendanha – porém, dividido, com seus mais expressivos filiados, entre eles o prefeito de Goiânia, engajados na campanha vitoriosa do União Brasil.
Outro motivo a favor do prefeito da capital, quanto a ter Caiado a seu lado em 2024, é a lealdade e fidelidade do governador, que gosta de repetir – e de fato é verdade – não trair, não menti, não abandonar os companheiros e não fazer política por baixo do pano. Esse será um trunfo para Rogério Cruz, mas a questão que se coloca é se será suficiente para garantir uma reeleição que, vista pelos fatos e informações de agora, enfrenta desafios pesados e será de difícil consecução.