Aumentar a votação de Bolsonaro em Goiás: desafio quase insuperável
Presidente colheu o melhor resultado da história das urnas no Estado, com 52,15% ou 1.920.203 votos, batendo recorde inclusive em Goiânia
O presidente Jair Bolsonaro ganhou a eleição do 1º turno em Goiás com uma ampla margem de folga sobre o seu concorrente direto Lula da Silva: foram 1.920.203 votos contra 1.454.723, uma vantagem de 465.480 sufrágios.
É muita coisa. Por isso, não será fácil aumentar essa distância no 2º turno, como pretendem o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e o senador eleito Wilder Morais (PL), que assumiram e estão coordenando de perto a campanha do presidente no Estado.
Outros políticos que anunciaram envolvimento na busca de votos para Bolsonaro derrotar Lula no 2º turno fizeram uma reunião e depois sumiram. Têm se movimentado timidamente, a exemplo do governadoriável derrotado Gustavo Mendanha (Patriota), dos deputados federais Prof. Alcides (PL) e Magda Mofatto (PL), do deputado federal eleito Gustavo Gayer (PL) e do deputado estadual Delegado Eduardo Prado (PL).
Mendanha viajou de férias, após participar de uma reunião mobilizatória pró-Bolsonaro em Aparecida. Gayer tem se limitado às redes sociais, as mesmas que, na eleição deste ano, têm mostrado muito menos eficácia do que exibiram em 2018.
Caiado e Wilder têm se desdobrado. Eles optaram por uma estratégia de convocação dos prefeitos para criar uma corrente a favor do presidente. Já promoveram uma série de reuniões em Goiânia, cada uma com um lote entre 40 e 50 gestores municipais.
Nessas reuniões, sempre no comitê de campanha de Bolsonaro em frente à nova sede da Assembleia Legislativa, é distribuído farto material de campanha e são passadas orientações sobre como desenvolver o proselitismo eleitoral em cada município na tentativa de aumentar a votação do presidente.
Embora com menor força, o PT e aliados também estão se virando. Reuniões foram feitas, com o partido lançando na frente de combate os deputados estaduais e federais que foram eleitos neste ano, quando a bancada petista aumentou para 3 parlamentares na Assembleia e para 2 na Câmara, número maior que o da Legislatura passada.
Nas ruas, não se identifica uma manifestação qualquer, por menor que seja, promovendo a candidatura de Lula. Em Goiânia, pelo menos, há uma inundação de veículos plotados ou portando adesivos da campanha de Bolsonaro, aliás repetindo o acontecido no 1º turno.
Na capital, o presidente venceu com quase 2 votos por um. Teve 445.615 votos contra 262.845 de Lula, um recorde histórico. Nenhum candidato a qualquer mandato eletivo teve jamais esse resultado em Goiânia. Nem Iris Rezende, que, em 2016, na sua última eleição para prefeito, ganhou no turno com 465.480 sufrágios.
Os bons – melhor dizendo, ótimos – números de Bolsonaro no 1º turno, em Goiás, acabam dificultando a ampliação da sua votação no 2º turno, devido aos picos alcançados. Não é fácil buscar mais eleitores em um cenário onde a grande maioria já acorreu para a reeleição do presidente, confirmando, aliás, a tese dos sociólogos e cientistas políticos de que o Estado é conservador -a partir mesmo da sua base econômica, que se sustenta no agronegócio. Tanto que, nos outros 2 Estados da região Centro-Oeste, também de economia rural, Bolsonaro obteve o mesmo índice que teve em Goiás ou mais um pouco (58,84% em Mato Grosso).
Estratégia de Caiado é corpo-a-corpo nos municípios, através dos prefeitos
Coordenador e líder maior da campanha do 2º turno do presidente Jair Bolsonaro em Goiás, o governador Ronaldo definiu como prioritária a estratégia de motivação e mobilização dos quase 240 prefeitos que o apoiaram no 1º turno. Mesmo com a elevada votação que Bolsonaro teve no Estado no dia 2 de outubro, Caiado acredita que é possível avançar e está se desdobrando em reuniões diárias com blocos de prefeitos – o caminho no qual aposta para aumentar a vantagem do presidente sobre o seu adversário Lula em 30 de outubro.
O governador está falando em grupo e individualmente com todos os prefeitos que o ajudaram a vencer no 1º turno, sempre acompanhado pelo senador eleito Wilder Morais. “Temos capacidade para alavancar ainda mais a vitória no 2º turno. Queremos ampliar a vitória para mostrar reconhecimento ao apoio que o presidente tem dado a governabilidade e dar continuidade às parcerias que temos junto ao governo federal: na Saúde, na Educação, na Segurança Pública, e nos Programas Sociais, fundamentais não só para o governo, mas para toda população mais carente do Estado”, explica Caiado.
Em um colégio eleitoral de 4,77 milhões de eleitores, quase 2 milhões já sufragaram Bolsonaro no 1º turno. Isso, segundo o governador, mostra que o povo goiano se posicionou a favor da reeleição do presidente: “Temos que olhar o que é melhor para o nosso Estado e esse é o sentimento da população de Goiás. Temos que nos curvar para o desejo da população”, acrescenta o governador.
Nesse cenário, Wilder Morais define o principal objetivo da campanha de Bolsonaro em Goiás, no 2º turno: angariar forças para que o presidente alcance os 3 milhões de votos em Goiás. Para isso, a aliança não está escolhendo partidos ou cargos e tem abertura para todos que possam trabalhar pelo objetivo comum.
“Estamos convocando todos os deputados, não só os do PL. E ganhando ou não, se estão na campanha do presidente, são muito bem-vindos para que a gente tenha no mínimo mais um milhão de votos para Bolsonaro em Goiás”.
400 mil votos de Tebet, Ciro, nulos e brancos estão disponíveis no Estado
O resultado das urnas do 1º turno em Goiás mostra uma disponibilidade de 400 mil votos a serem buscados pela campanha de Jair Bolsonaro e de Lula da Silva no 2º turno. Isso sem falar na abstenção de 21,73%, ou seja, quase um milhão de eleitores que não compareceram para votar, índice mais ou menos dentro da tradição histórica do Estado.
Os 400 mil votos disponíveis, em tese, são os que foram atribuídos a Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT) e a outros candidatos a presidente, além da somatória dos nulos e brancos. Simone Tebet e Ciro Gomes declararam apoio a Lula, a primeira com ênfase, o segundo meio que sem entusiasmo. Pesquisas, pelo Brasil afora, têm mostrado que seus eleitores estão se dividindo, no 2º turno, entre Bolsonaro e Lula