Política

Caiado: “O foco será governar bem. Presidência vem depois”

Governador diz que só dá um passo a cada vez – na vida e na política – e que está dedicado desde que foi reeleito, em 2 de outubro, a montar um governo voltado para atender as pessoas, principalmente as mais carentes

Foto do governador Ronaldo Caiado durante entrevista ao Jornal Opção, no Palácio das Esmeraldas: prioridade será atender os segmentos vulneráveis da população goiana

Por: Helton Lenine

 

 

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) já fez projeções sobre as medidas que serão executadas em seu 2º mandato, agora que foi reeleito em 2 de outubro no 1º turno. Caiado se refere às matérias enviadas à Assembleia Legislativa – como a proposta de criação da Região Metropolitana de Goiás no Entorno do Distrito Federal – e tem na Educação uma de suas metas mais ousadas: quer

fazer o ensino no Estado “passar para outro nível” após seus 8 anos de gestão.  Para isso e para tudo, tem um trunfo que conseguiu com muita luta e articulação: a entrada no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que vai aliviar o peso da dívida com o governo federal e abre espaço para investimentos necessários, com “musculatura” do próprio caixa.

 

Em longa entrevista concedida ao Jornal Opção, no Palácio das Esmeraldas, o governador explica os motivos para apoiar Jair Bolsonaro (PL) no 2º turno das eleições presidenciais, afirma que quer reduzir a desigualdade de desenvolvimento das diversas regiões do Estado e admite que ainda sonha voltar a disputar a cadeira do Palácio do Planalto – para tanto, espera ares favoráveis em 2026. Um orgulho fica estampado no rosto: o de ter devolvido a autoestima aos goianos. E dá um exemplo: “O dono de uma casa de carnes me disse que recebia 11 revólveres na cara por ano e hoje não tem mais isso. É gratificante”.

 

Sobre a relação de Goiás com o próximo presidente da República, a partir de janeiro de 2023, Caiado diz que a parceria vai se dar no ponto de vista administrativo. “Independentemente de quem for eleito, o presidente da República terá de reconhecer Goiás como Estado e eu como governador. Lembrando, ainda, que ofertamos aos cofres públicos da União muito mais do que retornam para nós. Como tal, vou sempre fazer valer esse peso de Goiás nas decisões políticas, até porque venho de seis mandatos no Congresso, com ligações sólidas por lá. Além de tudo isso, hoje temos um partido forte. Não se governa apenas com a Presidência”, ressaltou.

 

Ronaldo Caiado não descarta disputar a presidência da República pela segunda vez: “Nunca deixei de sonhar, nunca neguei isso. Mas, sempre depois que dei meu primeiro passo – como disse meu velho pai, totalmente errado e fora de hora, sem nenhum fio de cabelo branco –, pelo menos aprendi e fui gradualmente caminhando.

 

Vamos agora para o segundo mandato, que é nosso objetivo. Depois vemos essa discussão. Mas, é sim uma discussão que me encanta”. Caiado lembra que, quando foi buscar a aliança do União Brasil com o MDB de Daniel Vilela, tinha o objetivo de buscar abrir espaço para as novas lideranças políticas de Goiás. “Daniel já tem um DNA favorável, Maguito [Vilela, ex-governador de 1995 a 1998] sempre foi um homem muito humilde, aberto a construir fortes alianças.

 

A partir daí, vem também uma cultura que acho que deve ser continuada em Goiás. Não adianta um

esforço monumental para depois passar por um processo de desmonte da máquina pública que você mesmo organizou, transformando os órgãos em capitanias hereditárias, com cada um tomando conta de alguma coisa, do Detran, da Saúde, da Educação, da Saneago, aquela coisa promíscua, em que é cada um por si. Isso frustra qualquer um.

 

Questionado se irá realmente se desincompatibilizar do cargo em 2026 para concorrer a Senado ou à

Presidência, permitindo a ascensão de Daniel Vilela ao governo de Goiás, Caiado respondeu: “Vou trabalhar fortemente pelo meu governo, antes de tudo. Eu já passei pelo Senado e vou avaliar a situação. Agora, se dentro do processo político-eleitoral de 2026 for visto que eu e meu partido tivermos essas condições para uma disputa nacional, isso obviamente se coloca”.

“Na pandemia, agi como médico comprometido com a vida e como governante”, lembra o governador Ronaldo Caiado

 

 “Diálogo com os deputados estaduais será permanente”

 

Indagado sobre qual será a sua posição na eleição, em 1º de fevereiro de 2023, para a presidência da Assembleia Legislativa, o governador Ronaldo Caiado, em sua entrevista ao Jornal Opção, afirmou que terá comportamento democrático, respeitando a independência da Casa. “É uma posição das mais tranquilas, já que eu tinha 10 deputados aliados quando cheguei ao governo; agora, temos 29 na base. Então, tranquilamente, daí sairá um candidato a presidente”.

 

O governador falou sobre as dificuldades vividas em Goiás durante o período da pandemia da Covid-19: “Busquei todos os que podiam nos ajudar, inclusive de todos os Poderes, também da Universidade Federal de Goiás (UFG). Passamos a ter ações conjuntas. Goiás mostrou sua receptividade no caso dos brasileiros que estavam em Wuhan [cidade chinesa em que surgiu o primeiro foco de casos de Covid-19]. Disse à Casa Militar da Presidência da República, quando fui procurado, que jamais deixaria de repatriar os brasileiros. Minha cidade, Anápolis acolheu essas pessoas. Foi um gesto de solidariedade que mostrava que estávamos à disposição”.

 

Caiado lembrou que as dificuldades da pandemia trouxeram momentos delicados aos goianos. “Cada um queria ser médico, parecendo época de Copa do Mundo, em que o Brasil tem 220 milhões de técnicos. Na pandemia, vimos essas distorções também. É muito comum ouvir dizer “ah, mas o Caiado foi muito duro”. Pois eu digo: não só fui muito duro como assumi essa posição. Eu, como governador e médico, tinha diante de mim um vírus que não se sabia quase nada, nem aqui nem no exterior. Quando eu falava com meus colegas que já estavam vivendo aquela situação, ninguém sabia que protocolo seguir exatamente.”

 

E prosseguiu Caiado: “Havia somente três cidades com leitos de UTI públicos: Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia. Municípios em um raio de 50 quilômetros, enquanto Goiás tinha toda essa população espalhada por 246 municípios. Contaminação se dá por mobilidade. Se não se promove o isolamento social de forma mais dura, a disseminação do vírus é em uma curva exponencial. Era preciso segurar no começo. E, se você olhar nossa subida na curva, em 2020, foi em agosto, mais tarde, comparando a todos os Estados – a pandemia começou em fevereiro no Brasil, e nosso decreto estadual foi em 13 de março. Quando chegou agosto, eu já tinha feito convênio com prefeituras, tinha transformado centros cirúrgicos em UTIs, tinha pulverizado ações em outros municípios, já tinha estadualizado o hospital de Itumbiara e o de Luziânia. Crescemos a rede em parceria com as prefeituras e assumindo alguns hospitais, transformando salas de centros cirúrgicos e salas vermelhas [de pré-urgência] em leitos de UTI. Com essas ações tivemos capacidade para receber pacientes”.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo