Reeleição: bastidores do Paço Municipal apontam para desistência de Rogério Cruz
Prefeito foi encurralado por uma sucessão de crises, denúncias e falta de ação administrativa. Situação é de fragilidade pessoal e política
O Paço Municipal, no alto do Park Lozandes, é um prédio de instalações acanhado, mal mobiliado, repleto de divisórias improvisando salas minúsculas e gabinetes apertados. Um local de trabalho quase insalubre. E agora, para piorar, tomado por um clima negativo em torno do futuro do prefeito Rogério Cruz (Republicanos)
Prestes a completar dois anos de um mandato que caiu inopinadamente nas suas mãos (melhor dizendo: nas suas costas) com a morte do titular Maguito Vilela, tragicamente levado pela Covid-19, Cruz nunca conseguiu superar a desconfiança quanto ao seu preparo e capacidade para o cargo número um de Goiânia.
Desde os primeiros dias, crises se sucederam e se sucedem até hoje, interminavelmente. E denúncias de irregularidades administrativas se somam à falta de rumo da administração, que não dá conta sequer de recolher com eficiência o lixo das ruas da Capital – uma missão mínima para qualquer prefeitura.
Rogério Cruz, na verdade, não conseguiu domar as expectativas quanto ao seu desempenho e elas, frustradas a princípio, foram rapidamente para o lixo em definitivo com o passar do tempo, deixando no ar a suspeita de que está muito abaixo das necessidades de Goiânia quanto ao seu prefeito – ainda mais um que sucedeu a Iris Rezende, tido como o melhor de todos pelos cinco mandatos bem-sucedidos que exerceu.
Perto de chegar aos 24 meses sentado na cadeira número um do Paço, Rogério Cruz continua patinando em brigas improdutivas com vereadores, segue trocando semanalmente peças do seu secretariado e não sabe o que fazer com a gestão propriamente dita. Anunciou um plano pomposo de obras, batizado de “Goiânia Adiante”, que, um mês após, não tirou qualquer uma das iniciativas prometidas do papel nem deu sinais de que um dia irá fazê-lo.
Resultado: o noticiário político já especula abertamente sobre a inviabilidade de o prefeito disputar a reeleição, desistindo de enfrentar uma candidatura que se transformou, desde já, em uma aventura sem a menor condição de sucesso. Ou seja: Cruz estaria pensando em desistir de 2024, liberando aliados como o governador Ronaldo Caiado de um fardo pesado e espinhoso.
Essa cogitação cresceu com a derrota da primeira-dama Thelma Cruz na tentativa de buscar uma cadeira na Assembleia Legislativa, algo que prefeitos de cidades menores e menos importantes conseguem com facilidade. Um exemplo é a eleição de Vivian Naves, primeira-dama de Anápolis, que inclusive foi a mais votada na sua cidade para deputada estadual.
O fiasco de Thelma teve consequências: deixou o marido politicamente fragilizado em último grau e comprovou que ele, se enfrentar o desafio impossível da reeleição, será presa fácil para adversários poderosos como o senador Vanderlan Cardoso (PSD), o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), a deputada federal eleita Adriana Accorsi (PT) e Silvye Alves (União Brasil), nomes que estão avaliando concorrer à Prefeitura de Goiânia em 2024, dentre outros.
Sem nenhuma estratégia de sobrevivência em um cenário cada vez mais hostil, Rogério Cruz está com os dias contados ao assistir sem reação ao escoamento do seu mandato, candidato a passar à história como um dos piores que Goiânia já viu, mostrando que o recorde negativo de impopularidade do falecido Paulo Garcia pode ser batido.