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Toxoplasmose ocular pode levar a cegueira

A doença é uma das causas mais comuns de infecção ocular no Brasil

Uma pesquisa feita pelo Ibope em 2012, que foi encomendada por uma empresa de cuidados com a visão e que foi desenvolvida pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), apontou  que 34% da população brasileira adulta nunca foi ao oftalmologista. O número aponta não apenas o descuido  e a falta de acesso à saúde ocular, mas também o desconhecimento de uma grande parcela da população brasileira com doenças graves que podem até levar à cegueira.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS),  mostram que cerca de 50 milhões de brasileiros sofrem algum tipo de distúrbio da visão. Deste número, 60% dos casos são de cegueira e deficiência visual que  se fossem tratadas com antecedência, poderiam ter sido evitadas.

A  OMS aponta ainda que 75% dos casos de cegueira são evitáveis ou curáveis. Desta maneira, a cada quatro cegos, três poderiam não estar nessa situação.As principais causas de cegueira em adultos são a catarata, o glaucoma, a degeneração macular relacionada à idade e a retinopatia diabética.

Uma outra doença que pode levar à cegueira total ou parcial e, inclusive pode levar à morte, é a Toxoplasmose Ocular. A zoonose, inclusive, é pouco conhecida, por isso, seus sintomas muitas vezes não são relacionados ao impacto ou gravidade que podem causar no organismo.

A toxoplasmose ocular é uma doença que atinge a retina e que ela é uma das zoonoses, que são doenças transmitidas por animais, mais comuns no mundo. Ela é transmitida pelo parasita toxoplasma gondii, encontrado no intestino dos gatos e outros felinos. O parasita pode se hospedar em humanos e outros animais. 

A doença é uma das causas mais comuns de infecção ocular no Brasil. A maior parte dos contaminados  está na faixa etária dos 25 aos 45 anos. Uma das suas principais características é a  recorrência que pode  ocasionar redução visual severa.

Marina Coutinho tem 36 anos e é uma das brasileiras infectadas pela doença. Ela conta que a primeira vez que os sintomas surgiram ela tinha 12 anos de idade. “Foi muito difícil identificar. Na época fomos em vários médicos e obtivemos vários diagnósticos, entre eles descolamento de retina e possibilidade de câncer. Era um outro momento da saúde, quando se tinha menos equipamentos”, explicou.

Ela disse que após ser diagnosticada com a toxoplasmose, fez um tratamento com a medição e as manchas na visão, as dores nos olhos e na cabeça, que era os sintomas que ela sentia, sumiram em 10 dias. “As dores desapareceram em  24 horas, mas as manchas na visão demoraram mais”, contou. 

Ela recorda que 15 anos depois voltou a ter os mesmos sintomas e se assustou. Foi rapidamente ao médico e descobriu que a doença havia reativado. Fez um novo tratamento e, de novo, os sintomas sumiram. “E assim aconteceu por todas as 5 vezes que ela reativou. Porém, cada vez que ela aparece eu perco um pouco da visão do meu olho”, contou.

 O oftalmologista Fernando Pacheco Veríssimo explica que alimentos mal higienizados e carnes mal passadas são os principais meios de contaminação
O oftalmologista Fernando Pacheco Veríssimo explica que alimentos mal higienizados e carnes mal passadas são os principais meios de contaminação

O oftalmologista Fernando Pacheco Veríssimo, que atua em Goiânia e em Aparecida de Goiânia, explica que a toxoplasmose ocular é uma doença dos olhos provocada por um protozoário designado por “toxoplasma gondii”. A toxoplasmose também é conhecida como a “doença do gato” por ser, habitualmente, transmitida pelas fezes deste animal, sendo ele o hospedeiro definitivo. Os roedores, os pássaros, os animais domésticos e o homem são hospedeiros intermediários.

“A contaminação se dá por meio de alimentos que tiveram contato com as fezes do gato ou de carne mal passada de animais que tiveram contato com o protozoário. É por este motivo  que é muito importante que todos os alimentos sejam bem higienizados e que seja evitado o consumo de carne mal passada, explicou.

O médico apontou ainda que há uma outra forma de contaminação que é a chamada congênita. “Ela ocorre quando a gestante, que foi infectada pelo protozoário transmitido para o feto”, disse ao enfatizar que a toxoplasmose é uma doença infecciosa crônica que pode provocar danos em diversas partes do nosso organismo e não apenas nos olhos. 

“A toxoplasmose ocular provoca uma ou várias lesões, que são cicatrizes, que atrapalham a visão. Quanto maiores forem as lesões provocadas pela toxoplasmose mais comprometida estará a visão podendo até, em alguns casos, o paciente vir a ficar  cego,  se a lesão for na mácula”, explicou.

Ele contou ainda que, na toxoplasmose ocular os sintomas dependem da localização, do tamanho, do número das lesões e da intensidade. “A sua localização mais frequente é na retina. Em algumas fases da doença ela  pode inclusive ser assintomática. Mas os sintomas mais frequentes são:diminuição da visão ou visão turva;fotofobia, que é a sensibilidade à luz;dor ocular; corpos flutuantes na visão, que são as chamadas“moscas volantes”e as dismetamorfopsias, que são a alteração nas formas”, pontuou,

O médico disse ainda que  podem  surgir complicações como uma grave inflamação vítrea ou descolamento da retina, comprometimento dos nervos óticos (nevrite ótica ou papilite), retinites, neurorretinites, e pseudorretinites, pressão intraocular elevada (glaucoma), catarata e atrofia ótica.

Outros sintomas, como febre baixa, mal estar, amigdalite, inflamação dos gânglios, atrás das orelhas e da cabeça,  e lesões cerebrais podem também estar presentes.

Diagnóstico da toxoplasmose ocular

O médico explicou que o  diagnóstico da toxoplasmose ocular pode ser efetuado através da observação do fundo ocular (diagnóstico clínico) e de técnicas não invasivas que têm como base, na sua funcionalidade, os raios infravermelhos.

Segundo Fernando, o diagnóstico baseia-se, sobretudo, no achado de uma lesão na visão e que os exames complementares são essenciais na ajuda do diagnóstico da toxoplasmose ocular e possíveis lesões. 

Entre eles estão a angiofluoresceinografia, a indocianina verde (ICG), tomografia de coerência ótica (OCT) e a ultra-sonografia são exames utilizados para diagnosticar a toxoplasmose ocular, assim como o teste de imunofluorescência indireta o teste de imuno-enzimático para o IgG e IgN.

Toxoplasmose ocular tem cura?

A toxoplasmose ocular tem cura quando a doença é diagnosticada precocemente e é tratada de forma adequada. Em muitos casos, no entanto e apesar de se efetuarem os procedimentos médicos adequados, a toxoplasmose ocular pode voltar a manifestar-se e vai deixando sequelas na vista.

Desta forma, não se pode dizer que exista uma cura definitiva para lesões já existentes (quando a doença já provocou lesões oculares irreversíveis).

Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

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