Heloá e Valentina vão para casa quase dois meses depois da cirurgia
Gêmeas siamesas continuam tratamento em casa sob os cuidados dos pais
Depois de cinquenta e um dias internadas no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (HECAD) em Goiânia, após a cirugia de separação de corpos, as gêmeas siamesas, Heloá e Valentina, foram para casa na sexta-feira,3. Depois da alta, as irmãs agora continuarão o tratamento em casa na companhia dos pais Waldirene e Fernando e a irmã mais velha, Kayla.
De acordo com o médico cirurgião-pediátrico Zacharias Calil, as condições da liberação das crianças se deram pelo sucesso do pós-operatório e avançada melhora clínica de ambas. A partir desse momento, as irmãs vão fazer o tratamento ambulatorial, voltando ao consultório semanalmente para trocar os curativos.“A evolução está muito favorável e foi providenciado pela equipe do Hecad um curativo em gel de fácil manuseio para que os próprios pais pudessem fazer a troca em casa. Não tem necessidade mais de permanecerem internadas”, afirma Zacharias Calil.
Segundo o médico, mais de 200 profissionais, dentre médicos, enfermeiros, técnicos e outros, estiveram envolvidos nos cuidados com as meninas desde a cirurgia e durante o tempo em que permaneceram no hospital. “Preciso parabenizar sobretudo a equipe da UTI pediátrica que se dedicou com muito comprometimento na etapa do pós-operatório. Um período inclusive de muitas complicações para a Valentina, porém, com uma evolução tão surpreendente quanto da irmã Heloá”, ressalta o cirurgião.
Para a mãe das meninas, Waldirene do Prado, o momento é de recomeço com novos desafios, novas roupas, novos brinquedos em um novo mundo. Ela ressalta que de agora em diante Heloá e Valentina viverão o extraordinário de ser criança, como poder brincar e correr com a irmã Kayla.
“A sensação é de gratidão porque agora estamos indo para casa. Agradeço ao dr. Zacharias e toda essa equipe que tanto cuidou das meninas. Estou levando as duas para casa”, diz Waldirene emocionada.
Fernando de Oliveira é o pai das gêmeas e só pensa em ver as filhas correndo pela casa e junto à irmã mais velha, que, segundo ele, chegou a dizer que os pais não voltariam para casa mais.
A preocupação com Valentina
Segundo o médico Zacharias Calil, durante o pós-operatório, foi Valentina quem mais exigiu atenção da equipe da UTI pediátrica. O médico explica que o quadro neurológico da pequena indicava uma emergência médica preocupante.
“O pediatra da UTI me informou que a Valentina tinha um mal epilético com chances mínimas de recuperação. Foi logo que ela começou a drenar muito volume pela sonda, indicando um problema no intestino. A nossa preocupação naquele momento era levar novamente a Valentina para o centro cirúrgico. Mas ela foi muito forte e hoje está aqui”, diz.
Para Zacharias Calil, a Valentina é um milagre resultante da aliança entre a medicina e a fé, uma vez que chegou a pensar que a menina não sobreviveria. Ao narrar como se deu a recuperação da menina, Zacharias se emociona e diz que foi profundamente tocado pela experiência.
“Na noite anterior ao despertar do coma, Valentina abriu os olhos, olhou para cima e para o canto do quarto e acenou com a mão. Seu estado ainda era crítico. No dia seguinte, bem cedo, ela estava acordada perguntando à mãe onde estava. Sua recuperação foi da noite para o dia”, relembra o médico.