Tuberculose não está erradicada e vacinação é a melhor forma de prevenção
A tuberculose pode ser prevenida em crianças com a vacina BCG ofertada gratuitamente pelo SUS e que deve ser aplicada ao nascer, ou, no máximo, até os 4 anos de idade
Março é o mês do Dia Mundial de Combate à Tuberculose. A doença é infecciosa e contagiosa. Ela é causada por uma bactéria (Mycobacterium tuberculosis) transmitida de um doente com tuberculose pulmonar por exalação de aerossóis oriundos da tosse, fala ou espirro, com maior risco de propagação em ambientes fechados, escuros e pouco ventilados.
No Brasil, em 2021, foram notificados 68.271 casos novos de tuberculose. O número o que equivale a um coeficiente de incidência de 32,0 casos por 100 mil habitantes. Em 2020, o Brasil, junto com outros 15 países, foi responsável por 93% da redução das notificações da doença no mundo.
Porém, isso não quer dizer que a doença está controlada. Dados da Organização Mundial de Saúde mostram que o Brasil é um dos países com maior caso de incidência da doença no mundo. Segundo levantamento divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de mortes pela tuberculose subiu 20% entre 2019 e 2020, saltando de 1,2 milhão para 1,5 milhão de casos.
No mesmo período, o levantamento mostra que o número de pessoas que sofrem de tuberculose e não foram diagnosticadas e notificadas subiu 29%, passando de 2,9 milhões para 4,1 milhões de pessoas. Em 2020, o Brasil registrou 66.819 novos casos de tuberculose e ficou entre os 22 países com maior incidência da tuberculose no mundo, segundo a OMS. Atualmente, a tuberculose segue sendo uma das doenças infecciosas mais mortais do mundo, com aproximadamente 30 mil casos e 4,5 mil mortes registradas todos os dias.
Dados da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás mostram que nos anos de 2019, 2020 e 2021, foram registrados, respectivamente, 960, 925 e 900 novos casos de tuberculose em Goiás. O estado é o que tem o menor número de incidência dia doença em todo o Brasil. Em Aparecida de Goiânia foram registrados 240 casos em 2019, 190 em 2020 e 181 em 2021.
A tuberculose pode ser prevenida em crianças com a vacina BCG ofertada gratuitamente pelo SUS e que deve ser aplicada ao nascer, ou, no máximo, até os 4 anos de idade. O imunizante protege os pequeninos contra as formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a meníngea.
Para todas as idades, a prevenção consiste em evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados, não utilizar objetos de pessoas contaminadas e manter as janelas e portas abertas para a circulação de ar. Os sintomas que fazem que o alerta para a doença se acenda são: tosse, febre baixa (geralmente à tarde), falta de ar, perda de peso, cansaço excessivo, prostração, suor noturno, falta de apetite e rouquidão.
Em Aparecida de Goiânia, campanhas de mobilização reforçam explicações sobre a doença em toda a cidade. Profissionais estão sendo capacitados, alertando e conscientizando a sociedade, ampliando a identificação de pessoas com sintomas, principalmente com tosse há mais de três semanas, e desconstruindo preconceitos sobre a doença, que é prevenível e tem tratamento gratuito no Sistema Único de Saúde (SUS).
As atividades são promovidas pela Superintendência de Vigilância em Saúde e incluem, ao longo de todo o mês, ações educativas com foco no diagnóstico precoce e no acesso ao tratamento com palestras e distribuição de folders e cartazes informativos na rede da Secretaria e a intensificação da busca por sintomáticos respiratórios. Dois “Dias D” também serão realizados: Em 23 de março no Corpo da Guarda do Complexo Prisional e no dia 24 simultaneamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), nas de Pronto Atendimento (UPAS’s Flamboyant, Brasicon e Buriti Sereno) e nos Cais Colina Azul e Nova Era.
Para o secretário de Saúde Alessandro Magalhães, o combate à tuberculose tem que ser permanente e constantemente aperfeiçoado. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a tuberculose está entre as dez maiores causas de morte no mundo e por isso, em Aparecida, trabalhamos com foco na prevenção, até mesmo realizando a busca ativa dos sintomáticos. Também somos criteriosos com o tratamento e o acompanhamento dos pacientes com a doença”.
Dias D contra a tuberculose
“No dia 23, durante o período matutino, a partir das 9h, nossa equipe estará no Corpo da Guarda do Complexo Prisional prestando orientações e tirando dúvidas quanto à forma de contágio e tratamento da doença, além de capacitar os profissionais locais sobre o acolhimento aos pacientes e a importância do diagnóstico em tempo oportuno. Já no dia 24, nas salas de espera das UBS’s, UPAS’s e CAIS da cidade, nosso pessoal entregará material educativo para a população e explicará os fluxos para atendimento aos casos suspeitos e confirmados de tuberculose em Aparecida”, informa a superintendente de Vigilância em Saúde Daniela Fabiana Ribeiro.
A coordenadora do Programa de Tuberculose e Hanseníase, Kátia Sena da Costa, destaca que no Estado de Goiás foram registrados, nos anos de 2019, 2020 e 2021, respectivamente, 960, 925 e 900 novos casos de tuberculose. “Esses números apontam um decréscimo nos casos em Goiás, mas essa redução pode ser devido às restrições impostas pela pandemia da covid-19 que impactou nos diagnósticos. O mesmo ocorreu em Aparecida, que registrou 240 casos em 2019, 190 em 2020 e 181 em 2021. Incentivamos os diagnósticos precoces para iniciar os tratamentos o quanto antes e reduzir complicações. Trabalhamos para contribuir para a meta global da OMS que é a de reduzir em 95% o número de mortes por tuberculose B e em 90% a incidência até 2035. ”
Reconhecimento nacional
No último 20 de janeiro, um projeto de profissionais da SMS foi selecionado para fazer parte de uma publicação nacional do Ministério da Saúde (MS) sobre experiências exitosas no enfrentamento da tuberculose no Brasil. No total, 15 trabalhos de todo o País foram selecionados, sendo que Aparecida foi o único município goiano contemplado e será o representante da Região Centro-Oeste na iniciativa.
A premiação foi promovida pelo Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde (DCCI/SVS) do MS para mapear iniciativas inovadoras e replicáveis desenvolvidas por serviços de saúde, principalmente coordenações estaduais e municipais de tuberculose, organizações da sociedade civil (OSC) e instituições de pesquisa.
O projeto selecionado, “Superando as barreiras na avaliação dos contatos de pacientes com tuberculose, uma atividade da Vigilância Epidemiológica de Aparecida de Goiânia”, foi produzido pelas enfermeiras Josiane Rodrigues Borges, Nathalia Athaides Ramos e Patrícia Maria de Oliveira com a colaboração de Kátia Sena da Costa, Naianny Fogaça de Souza e Daniela Fabiana Ribeiro. O trabalho é um relato de experiências e estratégias inovadoras na busca por contatos de pacientes ativos no tratamento de tuberculose.